
Já foram iniciadas as obras de restauração da antiga Casa da Cerveja, que está tendo o patrocínio do Fundo Estadual de Cultura, do BDMG e da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, através do Edital FEC 01/2008.
O Fundo Estadual de Cultura representa um importante instrumento de fomento e democratização do acesso a bens e serviços culturais, recebendo projetos de política pública de todo o estado de Minas Gerais.
O Instituto Histórico e Cultural de Arceburgo, tem como objetivos principais, com esta restauração, preservar a história de Arceburgo, preservar e proteger o patrimônio histórico e cultural e abrigar o acervo artístico-cultural do sodalício.
A realização desta restauração se deve, também, ao grande amigo do Instituto Histórico e Cultural de Arceburgo, Dr. Thiago Varejão Fontoura, que arcou com a contrapartida do proponente, no caso o I.H.C.A.. A Prefeitura Municipal de Arceburgo, na pessoa do Prefeito Antônio Roberto da Costa, vem desde o início dando grande apoio, para que este objetivo fosse alcançado.
A obra está sendo acompanhada pela Arquiteta e Urbanista Maria Leocádia Peres Moraes, que elaborou o projeto arquitetônico, e a mão-de-obra está sob a responsabilidade de Cláudio Santos Mariano e Alexandro Aparecido da Silva.
A “Casa da Cerveja de Arceburgo”, imóvel de interesse histórico e arquitetônico, localizado, com frente para a Rua Coronel Cândido de Souza Dias, número 309 (antigo número 22), esquina com a Travessa 21 de Abril, localizado na sede do Município de Arceburgo, Estado de Minas Gerais, trata-se de uma construção térrea, erguida por volta de 1.911, pelo imigrante italiano Antônio Gosso, em terreno adquirido do Coronel Cândido de Souza Dias, acha-se edificada sobre parte do “Córrego do Cresciúma” e desde a sua construção destinou-se a ser a primeira fábrica de Cerveja da cidade, que além da fábrica, mantinha também uma taverna, onde os tropeiros e os primeiros habitantes de Arceburgo, se divertiam naqueles tempos. A “Casa da Cerveja”, estava construída pouco abaixo do “Hotel dos Viajantes”, do imigrante italiano David Longo, que foi historicamente o núcleo fundador de Arceburgo, originariamente São João da Fortaleza.
Segundo relatos orais de antigos moradores, o frontispício da “Casa da Cerveja”, foi confeccionado por um escultor de origem italiana, que a tradição chamou como Ricardo, que de passagem por aqui, deixou a marca de sua arte, nesse imóvel, através de terras, barro e cimento, objetos cozidos e criou a alegoria que lembra num ecletismo a Arte Romana Antiga, o Renascimento Italiano e o Colonial Brasileiro, e a qual ele denominou como se lê: “Al Vero Lido de Venezia”, traduzindo: “O Verdadeiro Cassino de Veneza”, já que águas passam por debaixo do imóvel, parodiando Veneza, na Itália, e no imóvel era mantido jogos de azar.
A cerveja fabricada era de alta fermentação e não tinha grande durabilidade (de 10 a 15 dias) e na falta de congeladores para esfriá-la, usava-se o leito do “Córrego Cresciúma”, que passa por debaixo do imóvel de uma maneira interessante: colocava-se areia em montes, enterravam-se a garrafa e molhava a areia por cima, desse modo, a cerveja era servida fria. Fabricava-se também um refrigerante de nome “Gazoza”, que era engarrafado em vasilhame importado muito interessante: era fechado por uma bolinha de vidro. Um outro tipo de refrigerante fabricado era de nome “Vita”, muito apreciado naqueles tempos e tinha o aspecto da “Coca-Cola”.
Antônio Gosso, manteve seu estabelecimento de 1.911 a 1.926, nesse ano transferiu sua residência para a cidade de São Paulo e vendeu o imóvel para o imigrante italiano Francisco Menossi e sua esposa Dona Natalina Bassani e a fábrica de cerveja, foi adquirida pelo imigrante italiano José Guidorizzi, o Beppe Cervejeiro, que a anexou a sua já montada fábrica.
De 1.926 a 1.955, Francisco Menossi residiu no imóvel com sua família e nas dependências onde estava instalada a “Casa da Cerveja”, ele montou sua alfaiataria.
Em 1.955, Dona Natalina Bassani, já viúva de Francisco Menossi, vendeu o imóvel a Francisco Borgheti e sua esposa Dona Anna Melatti, e esta família aí residiu até 2.007.
Na década de 1.960, foi a “Birreria”, palco do filme nacional “O Cabeleira”, da Prodifilmes Ltda, do Diretor Nelson Teixeira Mendes. Este filme cujas principais cenas foram rodadas neste município, teve como atores: Marlene França; Hélio Souto; Milton Ribeiro; Francisco Egídio; Ruth de Souza; Diva Vaz Lobo e Alfredo Scarlati, entre outros.
A “Casa da Cerveja de Arceburgo”, desde a sua construção, tratou-se de um bem “sui generis”, sempre chamando a atenção de moradores, turistas e transeuntes, que param para admirá-la, fotografá-la, sendo motivo de várias obras artísticas espalhadas em acervos particulares e salões de artes de várias regiões do país.
Isso foi uma das causas que despertou o interesse do empresário Doutor Thiago Varejão Fontoura, que preocupado em preservar o patrimônio histórico de Arceburgo, pagou com seus próprios recursos, a indenização de desapropriação que a Prefeitura Municipal de Arceburgo, moveu em virtude de desapropriação feita a espólio de Francisco Borgheti, em 2.007.
Pela Lei Municipal Número 1.456/2.007, de 22 de Outubro de 2.007, sancionada pelo Prefeito Municipal, Antônio Roberto da Costa, foi a “Casa da Cerveja”, considerada Patrimônio Histórico do Município de Arceburgo.