
A interdição do matadouro pela administração municipal de Muzambinho gerou muita polêmica e transtornos para empresários, açougueiros e comunidade de uma forma geral. A medida foi motivada pela falta de condições de higiene e descumprimentos de normas ambientais. Depois de muitos impasses, surgiu a possibilidade do IFSULDEMINAS Câmpus Muzambinho assumir o matadouro, sendo que a administração também demonstrou disponibilidade. Nesta semana, a transferência foi confirmada pela veterinária Sônia Bueno Rondinelli (representante do SIM - Serviço de Inspeção Municipal), que vem acompanhando de perto todo este processo.
INTERDIÇÃO NECESSÁRIA - Inicialmente, a profissional concordou que a interdição do matadouro gerou muitas dúvidas e transtornos. Os próprios açougueiros foram prejudicados, sendo obrigados a levar os animais para abate em Poços de Caldas e Poço Fundo. A distância gerou um maior custo, impossibilitando também um controle real dos animais abatidos. Porém, ressalta que a interdição do matadouro era a medida necessária naquele momento. Isto porque o matadouro, na época, não estava oferecendo as condições adequadas mínimas para manter a qualidade da carne oferecida à população. Além disso, as reformas exigidas não foram promovidas até o momento.
NAS MÃOS DO IFSULDEMINAS - Por iniciativa de açougueiros da cidade, a ideia de transferir o matadouro para o Câmpus Muzambinho foi viabilizada junto à prefeitura. Tanto o prefeito Ivan de Freitas, quanto o diretor Luiz Carlos Machado Rodrigues, consideraram esta viabilidade. Sônia informa que o processo está em andamento de forma bastante positiva. Uma visita já aconteceu no matadouro, com a presença do diretor Luiz Carlos, além de dois veterinários do Instituto, José Maria Montanari (Secretário Municipal de Agricultura), técnica de alimentos do SIM, veterinária Sônia Bueno Rondinelli e Marco Antônio Ferreira (Emater). No local, o diretor Luiz Carlos foi informado das reais condições, mudanças necessárias e viabilidade. Entre as medidas apresentadas, destaque para as reformas necessárias para melhorar as condições físicas do prédio e projeto de tratamento dos resíduos. No mesmo momento, o diretor manifestou que o Instituto tem as condições para promover as ações necessárias. Com isso, manteve contato imediato com o prefeito Ivan de Freitas, definindo que as reformas serão iniciadas a partir da primeira semana de janeiro de 2015. A princípio, o Instituto entraria como parceiro da prefeitura. Depois, seguindo os trâmites legais, o matadouro seria transferido para o Instituto.
QUESTÃO AMBIENTAL - A observância das normas ambientais, através de um projeto de tratamento do esgoto e resíduos, foi considerada a maior dificuldade para a manutenção do matadouro pelo município. Isto por questões técnicas e financeiras. Sônia relata que parte dos resíduos sólidos era retirada e destinada para uma indústria específica em Leme/SP. Ao mesmo tempo, os resíduos como gordura, sangue e água de limpeza do local, eram jogados diretamente no rio. Porém, a tecnologia atual oferece tratamentos adequados (químicos e aeróbicos) que evitam represas abertas, sendo que o Instituto já observou esta situação e tem projeto em andamento. Segundo a veterinária, o primeiro passo para a reabertura do matadouro não se refere às instalações físicas, mas justamente ao tratamento dos resíduos. Mesmo com a construção da Estação de Tratamento do Esgoto (ETE) em andamento em área próxima, os resíduos do matadouro devem ser tratados em pelo menos 80%. Um dos projetos do Instituto é aproveitar parte dos resíduos sólidos para a produção do biocombustível, gerando a energia necessária para o matadouro.
VISÃO TÉCNICA POSITIVA - Sônia Rondinelli considerou a parceria entre prefeitura e Instituto bastante positiva para o município. Isto porque haverá geração de mais empregos, tratamento e aproveitamentos dos resíduos, com consequente despoluição do rio e geração de energia. Portanto, a profissional observa muitos benefícios. Até porque o Instituto pretende ampliar o atendimento para municípios da região que não contam com matadouro. Num raio de 40 km, oito municípios não contam com este serviço e levam os animais para abate até uma distância de 70 km. Outro objetivo do Instituto é implantar dois ou três turnos de funcionamento do matadouro, ampliando o atendimento, a geração de empregos e inúmeros benefícios.
REFORMA E AMPLIAÇÃO - A veterinária ainda revelou que o Instituto pretende promover a reforma necessária no matadouro, além da ampliação das instalações para possibilitar o atendimento regional. Vale ressaltar que o matadouro permanecerá no mesmo local. A expectativa é que as obras sejam iniciadas em janeiro, primeiramente com a limpeza da parte externa. O funcionamento efetivo deverá ser iniciado num prazo entre quatro e seis meses.
CRÉDITOS DA CONQUISTA - Sônia Rondinelli foi direta ao revelar que a ideia surgiu através de um grupo de açougueiros. O empresário Fábio Machado manteve contato com o veterinário Délcio Bueno, que por sua vez informou e recebeu sinal positivo por parte do diretor Prof. Luiz Carlos. Por sua vez, Sônia relata que manteve contato com o Secretário José Maria Montanari, que informou ao prefeito Ivan de Freitas. Com o aval da administração municipal, surgiram os contatos iniciais e posteriores que viabilizaram a parceira.