
Muzambinho está prestes a conquistar um patrimônio de grande importância financeira e histórica. A atual administração municipal está propondo a desapropriação do prédio da antiga Coomam - Cooperativa Mineira Agropecuária de Muzambinho, que está em processo de liquidação judicial. 
Porém, a iniciativa está encontrando resistência na Câmara de Vereadores. A crítica se refere ao valor sugerido de R$ 200 mil. 
 
Alguns consideram este valor irrisório e entendem que os cooperados serão novamente prejudicados. Por várias vezes, os vereadores da base governista tentaram explicar que tudo faz parte do “ponta pé” inicial de todo o processo de desapropriação. Ou seja, o Executivo poderia ter sugerido R$ 1,00 ou R$ 1 milhão que nenhuma diferença faria. Isto porque o valor final poderá ser questionado e será fixado mediante avaliação de uma comissão formada pelo Judiciário. Portanto, o aspecto legal garante que ninguém será enganado por acordos nos “porões” da prefeitura. A própria legislação exige que tudo seja feito com total transparência. Além disso, para isto os vereadores são pagos. Fiscalizar as ações é mais que uma missão nos dias atuais. Se tornou uma obrigação legal. Mas a fiscalização, implacável e direcionada, deve ocorrer ao seu tempo, com sabedoria, coerência e seriedade. Querer “atropelar” os trâmites legais chega a ser ridículo, numa demonstração de desconhecimento das leis e das próprias funções. Fica o alerta para que os vereadores se preocupem também, a seu tempo, com os demais imóveis da Coomam. Aliás, muitos deles alugados para armazéns de café. São também patrimônios valiosos e não vejo qualquer questionamento quanto ao seu uso por outras empresas.
É grave e irresponsável dizer que os produtores serão lesados com a desapropriação do prédio. Todos sabem que a liquidação, na sua fase extrajudicial, pagou os credores trabalhistas. Ou seja, os direitos dos funcionários da cooperativa. A partir de então, os pagamentos seguem uma “fila” de credores, sendo que os cooperados estão no seu fim. Na frente, na expectativa de receber algum recurso, estão a União, o Estado, o município, o INSS e os bancos particulares. Se isto ocorrer, o que é praticamente impossível, somente então restará “algum” para os cooperados e empresas comerciais credoras. Falando com a seriedade que o assunto merece diante de tantas dores já causadas, alguém acredita que os cooperados poderão receber alguma coisa no final da fila?
Diante de toda esta situação de incertezas, é preciso abrir os olhos e enxergar com clareza uma possibilidade que ainda pode beneficiar o município. Desapropriar o prédio da cooperativa, seria legalmente “furar” a fila, mas sem passar à frente dos cooperados, e recuperar um pouco do prejuízo. O prédio faz parte da história do município através da estrada de ferro Mogiana. É um patrimônio que merece ser recuperado e preservado. Se for destinado para outras mãos (União ou Estado) ficará fechado, abandonado, criando ratos e baratas, fazendo cair as suas estruturas e deixando cair no esquecimento. Isto até que algum governante municipal reivindique a sua propriedade e passe por todo o processo burocrático que o país cultua. Mais fácil é correr na frente e evitar os transtornos futuros. Mais inteligente é agir com sabedoria e garantir lugar na frente da fila. Mais coerente é brigar sozinho agora do que depois com a União e o Estado. Mais sério é pensar na coletividade que será beneficiada.
Deste o governo anterior, entendendo a missão de responsabilidade social deste jornal, tenho alertado os governantes para a possibilidade de desapropriação do prédio da Coomam. Toquei no assunto com o Juiz da Comarca, que sinalizou de forma favorável. Sugeri ao ex-prefeito Marco Regis, na presença de sua assessoria. A idéia foi tornada pública através do programa “Edição de Sábado”, pela Rádio do Povo AM. 
E ao longo dos últimos anos este jornal publicou todas as informações referentes ao fatídico Caso Coomam. Revelou todos os processos, procedimentos e nomes. E sofreu represárias por isso. Mas, numa ação de responsabilidade e interesse público, defendeu bravamente a comunidade muzambinhese.
E novamente age desta forma. Como editor deste jornal, com a experiência de quase 20 anos observando as administrações públicas de Muzambinho e região, entendo que não é possível admitir revanchismo, partidarismo ou interesse político na questão de desapropriação do prédio da Coomam.
Renovo aqui o respeito que sempre dediquei os membros do poder Legislativo, mas clamo para que o assunto seja tratado com a seriedade e desprendimento necessários. O assunto é tão sério e importante para comunidade que certamente o Executivo está aberto para todos os esclarecimentos solicitados. Este é o momento de buscar a união, o entendimento e a coerência para que Muzambinho alcance esta conquista. E o poder Judiciário está alerta e pronto para atuar com legalidade tão questionada por alguns vereadores. Assim acontece a democracia. Primeiro, através da busca pelo diálogo e entendimento. Se não é possível, chega a segunda fase do questionamento jurídico.
Finalizando, observo que o investimento feito pela administração em educação supera todas as questiúnculas e dúvidas. Hoje, são mais de 300 crianças assistidas. O prédio da Coomam, que chegou a ser motivo de dor, hoje é de alívio e boas perspectiva de futuro. Após ouvir a última reunião da Câmara, notei que um vereador se colocou contrário ao fechamento de escola e queima de livros. Outro manifestou o desejo de abertura de escolas nos bairros rurais. Esta é a atitude que o povo espera de seus líderes. Ou seja, de desenvolvimento e não de incertezas ou atrasos nos processos. A educação é a mola propulsora do crescimento profissional e humano. Mais que isto, como a história já provou, é a alavanca da recuperação de países arrasados. 
Muito se falou que Muzambinho ficou arrasada com o Caso Coomam. Acredito que muito já foi feito e a recuperação já aconteceu. Mas entendo também que esta mais uma oportunidade de contribuir para a sua “reconstrução”. E é preciso que todos se habilitem a ajudar. Sem rancores ou disputas, deixando que as conquistas sejam alcançadas com mais agilidade.
Dar aos mãos é um ato de humanidade. Mais que isto, uma demonstração de humildade, desprendimento e amor ao próximo.