Ex-diretora de Esportes é encontrada morta em Muzambinho

Publicado em 28/03/2013 e atualizado em 28/03/2013 - cidade - Da Redação

O falecimento da jovem Marcela Correa de Souza tomou de surpresa e causou grande pesar na comunidade de Muzambinho na manhã do sábado, 23/03. O corpo da ex-diretora de esportes da administração passada foi encontrado na zona rural da cidade, às margens da Rodovia MG-446.

Segundo a Polícia Militar, ela estava pendurada em uma árvore com uma corda no pescoço. De acordo com o delegado de Muzambinho, Dr. Adnan Cassiano Grava, antes de ser encontrada morta, Marcela estava com algumas amigas em uma casa noturna em Guaxupé.


A Polícia Civil trabalha na elucidação do caso. O corpo da vítima foi encaminhado para o IML de São Sebastião do Paraíso e o laudo da necrópsia confirmou que ela morreu por asfixia. As testemunhas do caso foram ouvidas na delegacia durante a semana (veja nota oficial abaixo).

 

O sepultamento da jovem aconteceu na manhã do domingo, 24/03, no cemitério de Muzambinho num clima de grande emoção e sentimento de pesar.

JOVEM SERIA HOMENAGEADA

O Poder Legislativo local realiza, anualmente, solenidade denominada “Mulheres Trabalhadoras”. Marcela seria uma das homenageadas exatamente no sábado 23/03. A sessão solene foi adiada para 06 de abril, mas nossa reportagem teve acesso ao currículo da jovem. Confira na íntegra:

“Marcela Corrêa de Sousa nasceu e foi criada em Muzambinho. Filha de Antonio Correa de Sousa e Irani de Sousa e neta do saudoso Zé Leriano. Sempre residiu em Muzambinho. De família humilde, esforçada, determinada e confiante, Marcela era funcionaria da Prefeitura Municipal de Muzambinho desde 2003. Formada em Técnico de Enfermagem, graduada e pós graduada em Educação Física.

Apesar de nunca ter residido na zona rural, sua história é marcada pelos seus trabalhos realizados nas comunidades rurais. No ano de 2004, no seu primeiro ano de Faculdade na ESEFM, jogando nas equipes Futebol Feminino da Zona rural de Muzambinho, Marcela implantou o Projeto de Ginástica para mulheres “AGITA ZONA RURAL”. No início, foi só uma forma de fazer com que as atletas do futebol feminino praticassem atividade física durante a semana para melhorarem o desempenho dentro de campo nos finais de semana. Mas a notícia foi se espalhando e a procura dos bairros rurais tomou tamanha proporção que não havia mais horários para atender todos os pedidos. Então, os objetivos do projeto passaram a ser: oferecer às mulheres da zona rural a oportunidade de praticarem atividade física nos seus próprios bairros, perto de suas casas sem precisarem se deslocar até a cidade; valorizar a população rural feminina do município; oferecer aos bairros rurais o lazer e o entretenimento entre meninas, mulheres e senhoras.

Marcela, muito querida por suas alunas, sem medir esforços, enfrentado as dificuldades de se deslocar até a roça, e realizando as aulas nas comunidades rurais, proporcionou o privilégio para essas mulheres durante nove anos. Os bairros que tiveram a honra de fazer parte desse projeto foram: Alves, Macaúbas, Cachoeira do Pinhal, Barra Bonita, Palmeia, Cachoeira do Cambuí, Ribeirãozinho, São Domingos (Nivaldo Sandy), Mocambo, Morro Preto, Guatapará, Limeirinha, Fazenda São José, Campestre e Patrimônio.

Marcela era professora no Projeto Pró-Saúde, uma parceria com o Instituto Federal e a Prefeitura de Muzambinho, com atividade física para atender mulheres, idosos e pacientes dos PSF’S. Projeto este de grande sucesso. Com a sua marca no esporte, Marcela se tornou um exemplo de “Mulher Trabalhadora” Muzambinhense.

DELEGADO RELATA INVESTIGAÇÃO

É do conhecimento de todos que na madrugada do último sábado, 23/03/2013, MARCELA CORREA DE SOUSA, 29 anos, faleceu em circunstancias, no mínimo, intrigantes. O corpo da conhecida jovem foi encontrado suspenso por uma corda, fina, de cor branca, que lhe envolvia o pescoço e, infelizmente, serviu para ceifar sua vida.

Também é cediço que pouco antes, MARCELA havia se envolvido num acidente automobilístico que, já apuramos, foi deliberadamente provocado. Seu veículo, VW/Gol, vermelho, acabou batendo no carro VW/Voyage, dirigido por RODEVALDO APARECIDO COSTA. Os dois, em verdade, já vinham discutindo desde mais cedo. Ambos estavam na vizinha cidade de Guaxupé/MG e lá protagonizaram episódio envolvendo a polícia. MARCELA e RODEVALDO discutiram de maneira ferrenha, mas, segundo informações testemunhais, não chegaram às vias de fato.

MARCELA voltou para Muzambinho/MG junto de uma amiga, L. A. R., porém, não ficou satisfeita com aquela conversa áspera com RODEVALDO, por isso, por iniciativa própria, telefonou para este homem. Por volta das 04hs, marcaram encontro no trevo principal de Muzambinho/MG. Antes, porém, MARCELA entrou na cidade, pensava em deixar sua amiga L. A. R. em casa. Estava abalada, havia consumido álcool, e no afã, revelou à acompanhante aquela corda, fina e branca, que trazia debaixo do banco do carro. Segundo essa testemunha, MARCELA teria dito, exibindo a corda, que “em dois segundos ia resolver tudo aquilo”, insinuando o iminente suicídio. A amiga assustada, obviamente, com aquela revelação sinistra, não quis sair do carro e ambas voltaram ao trevo, onde RODEVALDO já estava à espera.

Viu-se outra briga, com xingamentos e troca de acusações. MARCELA se enfureceu ainda mais, pois, segundo amigas próximas, tinha verdadeira obsessão por tal homem. Aturdida, foi embora levando a amiga, deixando RODEVALDO ainda no trevo, procurando as chaves de sua casa, que teria, simplesmente, desaparecido na discussão acalorada.

Diferente do que fazia, deixou a amiga (L.A.R.) longe de casa, à pé. Deu meia volta e acelerou em direção a saída da cidade. Certamente, não se contentou com aquela derradeira discussão.

MARCELA correu até encontrar RODEVALDO se dirigindo a Nova Resende, local de sua morada. Ultrapassou seu veículo e numa manobra arriscada, simplesmente, cortou a trajetória do VW/Voyage. A colisão foi inevitável. Os veículos sofreram avarias ínfimas, em que pese o carro de RODEVALDO não poder mais sair do local, pois, a roda dianteira direita se entortou. MARCELA propositadamente parou seu veículo mais adiante, aproximadamente duzentos metros, próximo a uma estrada de terra batida, à esquerda de quem vai a Nova Resende. E ali os dois veículos permaneceram com seus motoristas, até que usuários da via chegassem em socorro. E assim foi. Diversas pessoas passaram e constataram esse panorama.

Importante destacar que todas testemunhas, sem exceção, foram unanimes em dizer que MARCELA não estava machucada, não reclamava de RODEVALDO, não aparentava estar com medo e, principalmente, estava extremamente triste, melancólica e sombria.

Algumas dessas testemunhas viram a famigerada corda, fina e branca, no banco de trás do carro de Marcela, inclusive, houve indagações a respeito, sendo que a jovem explicou que aquilo era de seu irmão.

Por volta das 06hs, MARCELA, simplesmente, tomou uma atitude inesperada. Embrenhou-se com seu automóvel naquela estrada de terra batida. Chegaram outras testemunhas, três delas, aliás, fundamentais, pois, foram atrás da jovem. Chamaram seu nome, até que MARCELA saiu em meio a vegetação. A semi escuridão da aurora atrapalhou a visão daquelas três testemunhas, mas não impediu que constatassem que MARCELA não aparentava ferimentos, nem estava assustada, nervosa ou, principalmente, reclamava de alguém, algum assassino à espreita.

MARCELA não queria voltar ao local do acidente, justificando que seu veículo estava com a documentação atrasada. Porém, foi convencida. Todos, então, voltaram à rodovia. RODEVALDO, por sua vez, sequer saiu de dentro de seu carro. Não queria, pelas circunstancias, conversar com MARCELA.

Não demorou para que MARCELA pedisse a uma das testemunhas (L.M.N.) que a levasse de volta àquela estrada de terra batida, pois, havia deixado sua chave por lá. Assim foi feito. Esse jovem acompanhou MARCELA até o local afastado. Pensava em ajudá-la e assim se pôs a procurar a chave. MARCELA, por sua vez, disse que procuraria num outro local. Passados cinco minutos tal jovem teria ouvido sons parecidos com gemidos, entretanto, não deu importância e continuou a procurar.

Por volta das 06hs e 15min, o veículo-guincho chegou para levar o carro de RODEVALDO, quando, então, telefonaram para aquele acompanhante de MARCELA para voltarem. O rapaz, agora, procurava não só a chave, mas também MARCELA, que não respondia a seus chamados.

Não demorou para esse jovem ver a cena bizarra. MARCELA estava suspensa pela corda, presa a arvore, num clássico quadro de suicídio. Voltou correndo, desesperado, chorando e contou aquilo que havia acabado de ver. Todos, então, inclusive RODEVALDO, foram ao socorro de MARCELA que, infelizmente, já estava sem vida, repita-se, com ferimentos no pescoço típicos de suicídio.

Esse é o panorama que pelo menos sete testemunhas relataram. A corda, infelizmente, já se encontrava no carro de MARCELA e seu prévio desejo suicida veio à tona por suas amigas.

As investigações ainda prosseguem. Aguardamos os laudos periciais, contudo, até o momento o SUICÍDIO é a hipótese mais plausível e consonante com absolutamente todas as provas já produzidas até aqui.

Importante ressaltar que nenhuma linha de investigação foi ou será descartada, inclusive, a do suposto homicídio. Porém, as provas, todas aliás, indicam, lamentavelmente, a tragédia provocada pela própria vítima.

Repita-se, as investigações ainda não findaram. Novas testemunhas serão ouvidas, laudos periciais, inclusive, do próprio telefone celular de MARCELA, estão sendo produzidos, e qualquer testemunho ainda faltante, será tomado e avaliado com todo critério que o caso merece.

Pedimos a colaboração de qualquer do povo que tenha informações relevantes ao completo esclarecimento desse caso que chocou toda região.

Por fim, ao ensejo, externamos nossa solidariedade e votos de pêsames à enlutada família.

ADNAN CASIANO GRAVA - Delegado de Polícia