Mais Carnaval x Mais Saúde

Mesmo sabendo da grave crise política nacional que envolve credibilidade, economia, água, energia elétrica, segurança pública, mais uma vez presenciamos a Prefeitura expor a população local, autorizando em MUZAMBINHO a grande festa particular nos dias do feriado nacional do carnaval. Deve ser difícil para o prefeito, que sabemos ser um homem de bem, mudar o rumo dos acontecimentos “QUE MOVIMENTAM, DIZEM, A ECONOMIA DA CIDADE”. Qual a razão deste licenciamento? A cidade para por muitos dias. Mais gente na cidade implica em maiores investimentos, maiores riscos de violência, maiores gastos com o dinheiro público. A FOLHA REGIONAL noticia que entram 15 milhões de reais no comércio. Será essa, a possível justificativa? Até hoje ninguém apresentou contas destes valores! Muito menos para onde eles teriam ido. O diretor da Rádio do Povo disse em entrevista ao jornal que “a festa é a maior fonte de renda para a cidade, depois do café, e, diante disso, a cidade está se adaptando à festa.” O que ele disse, em parte já está acontecendo: É nítida à modificação de costumes. Resta-nos como cidadãos perguntarmos: é isso que queremos? Não seria mais interessante festas adequadas às condições da cidade. Ou restritas a locais próprios. As grandes festas no espaço público alteram os costumes e acabam agredindo o patrimônio cultural da comunidade. Esses valores não podem ser desprezados nem trocados e nem vendidos! MUZAMBINHO nem RIO DE JANEIRO suportam dobrar a população das cidades de uma hora pra outra. Aqui, irresponsavelmente, não querem calcular de maneira proporcional ao tamanho da cidade, o que significa a agressão socioambiental por trazerem para a cidade 20.000 mil convidados. Seria relativamente ao carnaval carioca chegarem lá cinco milhões de pessoas (SERIA INSUSTENTÁVEL e obviamente proibido) Vejam um pouco da transformação social em MUZAMBINHO: Há tempos receber bem, fazia parte dos nossos costumes, agora fica temeroso... Muita coisa mudou EM RELAÇÃO AO QUE ACONTECE AQUI NO PERÍODO DE CARNAVAL: o samba praticamente morreu, acabaram com a originalidade cultural, o povo não está alegre, a cidade sobrecarregada, suja, barulhenta e perigosa por conta da super população descompromissada com a comunidade. Interessante que não é a prefeitura que convida. Os convidados são da festa particular! Porém, é ela que paga a conta! O dinheiro gasto com os preparativos é dela, e faz falta para quem o necessita na SAÚDE! Do ponto de vista ético isto é correto? Lembram do tamanho do palco? Qual é a justificativa daquela ostentação? Terminado o carnaval, aos fins de semana, os modelos de comportamentos aprendidos das festas anteriores e reforçados pela festa recente se propagam pela cidade deseducada! Mesmo na quaresma carros com sons muito acima do permitido param pelos bares com músicas pornográficas e eletrônicas sem ninguém para lhes chamar atenção. Alguns extrapolam os alvarás, permanecendo assim na ilegalidade até altas horas sem o mínimo de respeito com a vizinhança. Vejam a que nível chegou: Em 2014, durante os dias de carnaval, uma senhora depois de pedir por diversas vezes para abaixarem o som dos carros próximos a sua casa, não atendida, desprezada e humilhada pelos “turistas”, esfaqueou 14 pneus! Só depois desta “violência” seus filhos conseguiram dormir. Os carros foram embora; com ajuda do borracheiro. O que seria mais importante neste momento para a comunidade: CONTINUAR A GASTAR COM FESTAS PARA ALGUNS OU COM SAÚDE PARA TODOS?
VOCÊ DECIDE, COM SUA PARTICIPAÇÃO! NAS TRÊS ÚLTIMAS ADMINISTRAÇÕES MAIS DE SEIS MILHÕES DE REAIS FORAM GASTOS COM FESTAS, UMA QUANTIA QUE PODERIA TER FEITO UMA DIFERENÇA ENORME NA SAÚDE: para o hospital, no pronto socorro, nos voluntários do combate ao câncer, no centro odontológico, etc.
OBS: SE OPTAREM POR MAIS SAÚDE, AS FESTAS NÃO ACABARÃO. SIMPLESMENTE NÃO CONTARÃO MAIS COM O DINHEIRO E COM O ESPAÇO PÚBLICO. ABRIRIA ASSIM NOVAS OPORTUNIDADES PARA O SETOR PRIVADO COMO É O CASO DOS “VERMES & CIA” QUE JÁ POSSUEM LOCAL PRÓPRIO. DESTA MANEIRA, A QUESTÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA MELHORARIA MUITO PARA A CIDADE, POIS A TERCEIRIZAÇÃO DESTE SETOR COMUM PARA A FESTA PARTICULAR, LIBERARIA A POLÍCIA MILITAR PARA SUAS LEGÍTIMAS FUNÇÕES SOCIAIS NO MUNICÍPIO (PROTEGER POPULAÇÃO). NO ESPAÇO PÚBLICO ACONTECERIAM APENAS AS COMEMORAÇÕES CULTURAIS, RELIGIOSAS OU CÍVICAS ORGANIZADAS SOB A RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DA PREFEITURA. ACABARIAM ASSIM OS ABUSOS QUE TEMOS PRESENCIADO ULTIMANETE DURANTE ESSAS OCASIÕES.

Por: Carlos Prado Coimbra é odontólogo, ex-vereador e ex-Secretário Municipal de Meio Ambiente de Muzambinho