MATADOURO DE MUZAMBINHO: Executivo concede prazo e evita interdição

Publicado em 21/05/2014 - cidade - Da Redação

Na última semana, o município viveu um grande impasse e muita polêmica com a possibilidade de interdição por tempo indeterminado do Matadouro Municipal. Isto porque o SIM - Serviço de Inspeção Municipal de Muzambinho, divulgou comunicado à empresa responsável e açougueiros informando a possível interdição a partir do dia 22 de maio, alegando o estado precário de funcionamento do local que estaria colocando em risco a saúde dos consumidores e bem estar dos animais.

Com a interdição estaria “suspenso” o abate e transporte no matadouro por determinação da veterinária Sônia Maria Bueno. Já o veterinário Vanius Dipe alegou que a interdição ocorreria para garantir a saúde publica. A interdição se daria até que todas as irregularidades fossem sanadas. Com isso, os açougueiros de aproximadamente trinta estabelecimentos não poderiam realizar nem o transporte e nem o abate.

De acordo com os veterinários do SIM, a decisão foi tomada após terem conhecimento de inúmeras irregularidades sanitárias, além de ausência de documentos, como o Registro no órgão Oficial de Inspeção e a autorização de funcionamento por parte do órgão ambiental competente, entre outros. O estabelecimento estaria funcionado na clandestinidade, onde os animais abatidos entram sem documentos sanitários e que comprovem a origem animal.

O SIM orientou ainda que as carnes a serem comercializadas no município deveriam ser adquiridas de estabelecimentos devidamente registrados em órgãos oficiais de inspeção Federal ou Estadual.

OUTRO LADO - A reportagem manteve contato com o empresário João Eduardo Machado, administrador e responsável pelo Matadouro Municipal em Muzambinho. A liderança confirmou a existência de algumas irregularidades, mas garantiu que todas elas poderiam ser sanadas sem o transtorno gerado pela interdição temporária. Informou ainda era abatida uma média semanal de 50 a 60 animais, entendendo que a interdição poderá gerar sérios problemas. Entre eles, acredita que o abate clandestino deverá aumentar em torno de 50% no município, sendo esta uma situação que gera riscos para a saúde pública local. Além disso, prevê que os consumidores poderão ser penalizados com o aumento do preço da carne nos açougues devido à consequente elevação dos custos de abate e transporte em outros centros, além da ação de atravessadores. Por fim, teme que a interdição por tempo indeterminado poderá ocasionar o fechamento definitivo do matadouro, sendo uma perda irreparável para o município.

GRANDE REPERCUSSÃO - Além das dúvidas geradas na comunidade, o fato também foi tema de intenso debate na reunião da Câmara desta semana. O ex-prefeito Marco Regis, que construiu o matadouro na década de 1990, fez uso da tribuna do Legislativo e destacou a necessidade de uma ação efetiva por parte das autoridades locais. Diversos vereadores manifestaram preocupação com o caso, principalmente alegando falta de comunicação sobre o fato e necessidade de diálogo, possibilidade de aumento no abate clandestino, prejuízos gerais para os consumidores e risco de fechamento definitivo do matadouro.

IMPASSE SUPERADO - Na tarde do dia 20 de maio, cerca de 30 açougueiros foram mobilizados e procuraram o prefeito Ivan de Freitas na busca de uma alternativa que pudesse evitar a interdição do matadouro. A reunião aconteceu sob clima tenso na sede da prefeitura. No final, o Executivo concedeu um prazo de 60 dias para que as irregularidades apontadas pelo SIM sejam sanadas.

O diretor da Folha, Vagner Alves acompanhou o encontro e ouviu os esclarecimentos do prefeito Ivan de Freitas (PSDC), que inicialmente destacou a importância do debate democrático. Entende que foi um conflito respeitoso e de troca de ideias. O prefeito explicou que, como cidadão e chefe do Executivo, não poderia permitir que os abates fossem feitos em condições precárias. Porém, esteve aberto para ouvir os esclarecimentos pelo responsável pelo matadouro e açougueiros da cidade. Desta forma, estará mantendo entendimentos com os profissionais do SIM para que o prazo estabelecido seja concedido para as obras necessárias no local. Principalmente, buscando medidas que atendam os critérios de saúde pública, comercialização e meio ambiente. Portanto, não existe temor em retroagir no processo, visto que a medida visa exatamente progredir nesta questão.

Durante o encontro, os açougueiros colocaram as dificuldades que seriam enfrentadas pelo setor na busca de frigoríficos. Também houve um alerta sobre a possibilidade do aumento no abate clandestino no município, sendo esta uma situação bastante prejudicial à população. O prefeito aceitou os argumentos, defendendo uma administração participativa. Porém, alertou que o prazo concedido deve ser obedecido com a tomada das providências necessárias. “É preciso que o matadouro seja melhorado para o bem da população”, alertou.

Os empresários (açougueiros) João Paulo, Fábio Machado e Aislan serão os representantes do setor, responsáveis por acompanhar a tomada de providências dentro do prazo estabelecido. Estarão fazendo o elo de ligação entre a prefeitura e o responsável pelo matadouro. Ivan de Freitas lembra que é obrigado a obedecer as leis. Com isso, alertou que as medidas devem ser efetivamente tomadas. Caso contrário, visando o interesse da comunidade, não hesitará em autorizar a interdição do local. “O importante não é fechar ou abrir, mas buscar a solução ideal”, finalizou.

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