Santa Casa de Muzambinho é destaque regional

Publicado em 25/01/2015 - cidade - Da Redação

A crise financeira enfrentada pelos hospitais, suas consequências e ações necessárias para reverter o quadro. Este foi o tema principal de entrevista com o profissional Luiz Carlos Dias (“Banha”), diretor administrativo da Santa Casa de Muzambinho. A liderança relatou a situação do hospital local, preparativos para atendimento durante o carnaval e destacou a importância do plano Irmão Amigo.

Conforme informações, as Santas Casas e hospitais filantrópicos de todo o Brasil somam uma dívida em torno de R$ 17 bilhões. O valor se refere a débitos com funcionários, fornecedores, bancos e órgãos públicos. Luiz Carlos explicou que a dívida vem alongando, principalmente, pela defasagem da tabela SUS – Sistema Único de Saúde, que não é reajustada desde 1999. Para se ter uma ideia sobre um procedimento considerado de urgência, no caso uma cirurgia de apêndice, o valor pago pelo SUS gira em torno de R$ 420,00. Deste total, os profissionais recebem apenas R$ 179,00. Porém, dependendo da gravidade de cada caso, o paciente permanece internato até por dez dias, sendo que o hospital não recebe nenhum acréscimo. “O principal motivo da crise é a defasagem da tabela SUS”, confirmou. Sem um reajuste urgente, acredita que os hospitais não irão conseguir sobreviver com os recursos atuais. Também revelou problemas com o atraso pagamento por parte da Secretária de Estado e Ministério da Saúde. Em muitos casos, mesmo com o repasse pelo Ministério, a Secretaria de Estado está retendo os recursos, em desobediência aos contratos de prestação de serviços com os hospitais.

SANTA CASA DE MUZAMBINHO NÃO TEM DÍVIDAS - Há dois anos atuando como administrador da entidade, Luiz Carlos informou que em 2013 foi possível conquistar maiores recursos junto ao SUS através de uma portaria específica. Com isso, o hospital conseguiu sair do vermelho, fazendo um caixa bastante positivo. Através de um trabalho sério e criterioso, também foi possível fazer um investimento da ordem de R$ 450 mil. As melhorias ocorrem nas instalações, móveis e quartos, além da compra de equipamentos. Porém, o hospital ficou sem receber no mês de outubro, o que ocorreu somente com uma parte dos recursos no final de dezembro. Mesmo assim, mediante planejamento e economia, a diretoria conseguiu manter o funcionamento. Caso não ocorra o pagamento em janeiro, a entidade poderá novamente entrar no vermelho. “A Santa Casa está bem administrada e estamos mantendo o controle”, garantiu. Todas as despesas estão pagas, com exceção apenas de uma parcela do gerador (R$ 75 mil), o que deverá ocorrer no início de fevereiro. Portanto, hoje a Santa Casa de Muzambinho não deve nada, considerando a área tributária, fornecedores, bancos ou funcionalismo.

REALIDADE DO PRONTO SOCORRO - Segundo Luiz Carlos, o primeiro atendimento é de responsabilidade do município. Como a maioria das prefeituras não tem condições de organizar este serviço, acaba “comprando” este serviço junto aos hospitais. Este é o caso de Muzambinho através do pronto socorro da Santa Casa. Para o administrador, a prefeitura repassa os recursos para o pagamento de médicos, enfermeiros, exames e medicamentos. Ou seja, “paga” pela prestação deste serviço. No mês de dezembro, por exemplo, houve o pagamento de R$ 160 mil. O administrador explicou que R$ 70.400,00 se destinou ao pagamento do atendimento médico plantonista 24 horas no pronto socorro. Além disso, o valor de R$ 50 mil se destinou ao pagamento de médico de sobre aviso em seis especialidades (cirurgião geral, obstetrícia, pediatria, clínico geral, ortopedista e anestesista). E ainda: R$ 14.600,00 para a compra de medicamentos e pagamento de servidores; R$ 12 mil atendimento às gestantes a partir do sétimo mês; R$ 7 mil para o médico cirurgião (80 consultas e 10 cirurgias/mês). Hoje, 82% dos problemas da população são solucionados dentro do próprio município. Neste contexto, o administrador destacou a sensibilidade do prefeito e Secretário de Saúde pelos investimentos que tornam possível esta realidade.

ATENDIMENTO REFORÇADO NO CARNAVAL - O pronto socorro atende, em média, 100 pacientes por dia. A situação é ainda mais complexa durante os dias de carnaval, quando a cidade de Muzambinho praticamente dobra a sua população. Luiz Carlos afirmou que o planejamento objetiva o atendimento diário através de dois médicos para suprir a demanda. Até porque, além do maior volume de pessoas, o período também registra mais acidentes diversos. Entendimentos estão sendo mantidos com a prefeitura, visto que o custo com médicos seria de R$ 32 mil para a ampliação do serviço durante o carnaval. “Estamos nos organizando e não ficará sem atendimento”, garantiu.

PLANO IRMÃO AMIGO É FUNDAMENTAL - O administrador foi direto ao afirmou que o plano oferece sustentabilidade para a Santa Casa. Sem esta alternativa, acredita que a entidade já teria fechado suas portas há muito tempo. Hoje, todas as dependências ocupadas por pacientes oferecem o conforto necessário, como TV e refeição para os acompanhantes. Esta melhoria atende, inclusive, os pacientes do SUS numa ação que proporciona igualdade no atendimento para todas as classes sociais.