Curtas & Secas do Editor - Edição 1012

Publicado em 05/11/2010 - editorial - Editor

Não ao terceiro turno
Parcela minoritária e barulhenta de derrotados nas urnas reagiu ao resultado da disputa pela Presidência da República como se fosse passível de desmerecimento, contestação e enfrentamento a decisão majoritária de tornar Dilma Rousseff a sucessora do presidente Lula. Essa parcela reagiu, enfim, como quem inaugura ou pretende inaugurar uma espécie de terceiro turno imprevisto pela legislação, indesejado pela população, insultuoso ao eleitorado e improdutivo para o país. A ideia de iniciar um terceiro turno se evidencia na edição do dia 01/11 dos principais diários impressos do país. Começa na informação de que, antes mesmo de começar, o Governo Dilma já vive sua primeira crise causada pela presença explícita ou pela sombra ameaçadora de Lula, que seria candidato à Presidência em 2014. O terceiro turno se insinua também entre o receio de que Lula interfira no governo, tutelando Dilma, e o medo de que não faça isso e deixe o caminho livre para a hegemonia da esquerda do PT. É deflagrado também, o terceiro turno, no pavor provocado pela maioria de praticamente três quintos no Congresso, que poderia dar a Dilma força suficiente para legislar conforme bem quisesse.
O segmento da mídia que orienta os partidos de oposição participa da tentativa de inaugurar o terceiro turno com o mesmo método jornalístico adotado desde o primeiro semestre do ano passado: textos, comentários, notas e artigos que depreciam Dilma tentando reduzí-la a uma figura influenciável e manipulável. Desmereceram a candidata, agora desmerecem a presidente eleita e, desde já, seu futuro governo.
A motivação da imprensa aliada aos partidos de oposição antecede a ideia de golpe. Os grandes jornais acreditam representar o pedaço do Brasil que rejeitou Dilma.
Dilma foi eleita pelo Brasil setentrional. A oposição é o Brasil meridional. É verdade que Dilma fez muito mais votos na parte Sul do que Serra obteve na parte Norte. Mas ela perdeu entre os ‘sulistas ou ‘confederados’, que formam o Brasil da mídia. O Brasil de Dilma é o Brasil sem mídia. E o terceiro turno é, a par de um desejo de facções partidárias oposicionistas, uma tentativa da imprensa mais poderosa do Brasil meridional de expulsar para o Brasil setentrional a candidata e futura presidente dos pobres, dos excluídos, dos desvalidos, dos discriminados, dos trabalhadores, da classe operária.
Até aqui, Dilma mostrou que é muito maior do que se dizia dela no início da campanha. Mostrou que é capaz de traduzir perfeitamente a ideia da eficiência e da continuidade de um projeto bem sucedido e aprovado. Venceu a campanha eleitoral mais sórdida, repugnante e infame da história republicana. Venceu uma oposição torpe e uma imprensa indecente. E, no primeiro discurso de presidente eleita, estendeu a mão aos adversários propondo trabalho e união pelo país.
A deflagração do terceiro turno para o período 2011/2014 equivale ao anúncio de, no mínimo, mais de 1.400 dias de campanha e de confronto. Com certeza, não é o que quer e muito menos é de que precisa o povo do Brasil.

150 mil motivos pra se eleger...
O candidato a deputado estadual nas eleições deste ano, Emídio Madeira, de Nova Resende divulgou mais de  150 mil motivos que poderiam ter-lhe dado a vitória na disputa, 150.728,63 pra ser mais exato. Esse é o número em reais declarado pelo candidato ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em sua prestação de contas final. 

Bom senso com as piadinhas...
A divulgação mesmo que preliminar do censo demográfico 2010 no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deverá apimentar ainda mais as piadinhas entre algumas cidades do interior, que de forma saudável disputam entre si qual é a melhor. O censo mostra que a diferença de moradores de Areado para Alterosa é de apenas seis, 13.716 contra 13.710.

209 pode virar mais de 1 milhão...
O censo populacional pode e será muito comemorado em cidades que com o acréscimo no número de habitantes, deverão subir no índice do Fundo de Participação dos Municípios  (FPM), recebendo, consequentemente, mais verba federal. Em Monte Belo, o crescimento foi de 209 pessoas, isso deverá render aos cofres públicos mais de um milhão de reais. A população estimada em 2009 pelo IBGE era de 12.852 e o resultado (preliminar) do recenseamento deste ano é 13.061.

Por outro lado...
Mesmo com o acréscimo de 209 pessoas na cidade de Monte Belo e o total de 13.061 habitantes, a situação deve ser vista com atenção, já que segundo o IBGE, os números deste ano, ainda estão abaixo, quando comparados ao último censo, realizado há dez anos. Em 2000, o total era de 13.142, uma perda de 81 moradores em relação a 2010.  
Mais “UM” que seja...
O censo demográfico parece ter sido dominado pela política. A ânsia dos prefeitos em conseguir verbas federais tem causado, cada vez mais, questionamentos em torno dos dados divulgados pelo IBGE. Os políticos procuram a Justiça para tentar derrubar os números fruto das pesquisas do instituto e tentar ganhar “mais UM” habitante que seja

Guaxupé reclama...
A cidade de Guaxupé é uma das tantas no Brasil, que já pretende entrar com uma ação no Judiciário contra o IBGE, pois os líderes do município alegam que a população corresponde a mais de 50 mil, e não a 48.390 como foi indicado pelo instituto. Pode ser que a população fosse mesmo de 50 mil pessoas, mas daí a culpar o IBGE de “homicídio” é demais.

Fez barba, cabelo, bigode e paletó...
Em Muzambinho, as eleições renderam prestígio ao prefeito municipal Sérgio Esquilo (PSDB), que declarou ter feito barba, cabelo, bigode e paletó. As palavras vieram em tom de comemoração, já que seus candidatos nas disputas deste ano se deram bem. Além dos eleitos Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS) (senadores), Antonio Anastasia (PSDB) (governador) e Carlos Eduardo Mosconi (PSDB) (deputado estadual), agora o presidenciável José Serra venceu em segundo turno na cidade muzambinhense, já que havia perdido no primeiro turno.

Surpresa em Nova Resende
Conhecida por ser dominada por líderes do PT, a cidade de Nova Resende apontou dados alarmantes essa semana... Vitória de José Serra (PSDB),   com 4.392 mil votos contra 4.254 da PETISTA Dilma Rousseff, diferença de 138 votos para o tucano.