Guaxupé e Jacuí entre os 334 municípios com denominação animal

Publicado em 17/08/2017 - especial - Da Redação

Guaxupé e Jacuí entre os 334 municípios com denominação animal

O nome de um município revela dados históricos, socioculturais e políticos. É uma imagem a ser preservada. O Brasil possui centenas de denominações indígenas em seus 5.570 municípios e 9.750 distritos, gerando associações ambientais com água, plantas, terra e animais.
Na microrregião do sul e sudoeste mineiros, Guaxupé e Jacuí estão entre os 334 municípios brasileiros com denominação animal, na raiz da palavra. O nome poderia ser substituído, como aconteceu com diversas administrações municipais ao longo da história. Minas Gerais registra três mudanças: Lima Duarte substituiu Nossa Senhora das Dores do Rio do Peixe; Mar de Espanha era Nossa Senhora das Mercês do Cágado; Paraisópolis já se chamou Formiguinhas e São José das Formiguinhas.
Após a Constituição de 1988, a descentralização federal deu autonomia para criação, incorporação, junção e desmembramento de administrações municipais. Nas décadas de 1990 e 2010 foram fundadas 1.079 cidades. Destas, 43 adotaram referência animal, que se somaram às 291 nomenclaturas anteriores, a maioria criada entre a Constituinte de 1946 e 1964. Em 18 anos, houve fundação de 2.535 unidades federativas.
Atualmente, uma diversidade de bichos mantém representação nas municipalidades, enquanto denominações indígenas passam por uma extinção gradual. “A toponímia da (família) língua tupi define nomes pelo som do lugar”, informa a doutora em Educação Marta Catunda, no livro O Canto de Céu e de Mata Fechada. “Na pré-história brasileira, centenas de municípios já nasceram exterminando nomes indígenas”, acrescenta a pesquisadora. “O interesse pela exploração econômica sempre esteve à frente. Apagar essas denominações consistia em exterminar a cultura para dominar. Nos anos 70, o desmembramento do maior município do mundo, Chapada dos Guimarães, desfez um imenso território Bororo, Umutina e Kayapó”.
Denominações animais em municípios são simbólicas e não estão vinculadas, oficialmente, à preservação do meio ambiente. No entanto, um município com raiz ambiental na denominação tem um motivo a mais para assumir compromissos sustentáveis.

334, por enquanto
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, ainda não dispõe de um relatório sobre a quantidade de nomes indígenas nos municípios e distritos brasileiros, nem de denominações animais. Mas foi a partir de dados deste Instituto, de sites oficiais de municípios, Wikipédia, Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e outras fontes, que uma pesquisa jornalística chegou a 334 municípios com nomes de animais. Os bichos predominantes são os pássaros.
Minas Gerais é o terceiro estado brasileiro com maior quantidade de municípios dessa natureza. São 28 cidades entre as 853 administrações no estado. Depois da Constituição de 1988, houve acréscimo de três “ municípios animais”: Lontra(1993), Periquito e Sem-Peixe (1995). O sul e sudoeste mineiros têm dois representantes, ambos com etimologia indígena. Guaxupé é caminho das abelhas e nome de um tipo de abelha selvagem, sem ferrão. Jacuí é rio dos jacus, ave que foi abundante na região.
As 28 cidades mineiras, com denominação animal, são: Aiuruoca. Araguari. Araponga. Carneirinho. Formiga. Guaxupé. Guiricema. Gurinhatã. Iapu. Inhapim. Inhaúma. Itanhandu. Jacuí. Jacutinga. Lagoa dos Patos. Morro da Garça. Mutum. Lontra. Papagaios. Patos de Minas. Pavão. Perdigão. Perdizes. Periquito. Pirapora. Rio Pomba. Santa Rita de Jacutinga. São Miguel da Anta. Sem-Peixe.

Sílvio Reis, jornalista