Onde achar juros baixos

Publicado em 30/03/2015 - especial - Redação

Onde achar juros baixos

Brasília – Está claro que 2015 será difícil para quem deseja obter empréstimos e financiamentos. Os bancos comerciais projetam um conservadorismo maior na aprovação do crédito ao longo do ano, consolidando uma nova fase nessa relação com os clientes. Com os juros em ciclo de alta, acabou de vez a fase do dinheiro farto e barato no mercado. É nesse contexto que o sistema de cooperativas se apresenta como alternativa para quem, diante da crise econômica, precisará de uma mãozinha para fechar as contas e concluir compromissos.

O técnico agropecuário José Brandi, de 57 anos, associou-se ao Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) em 2000 e, desde então, diz não ter do que se queixar. Quem apresentou a modalidade a ele foi um amigo, que o indicou para se tornar cooperado. Nesses 15 anos, Brandi fez vários empréstimos com taxas de juros consideradas competitivas. Além disso, adquiriu uma casa pelo consórcio de imóveis, contratou plano de previdência privada, investiu em poupança e em título de renda fixa de longo prazo, opção equivalente ao Certificado de Depósito Bancário (CDB).

Na tentativa de conquistar uma fatia maior do mercado, as cooperativas de crédito se modernizaram nos últimos anos e passaram a ter um leque de produtos muito semelhante ao das instituições financeiras tradicionais. E qualquer pessoa pode participar delas. Não é preciso, obrigatoriamente, pertencer a um grupo específico de profissionais ou manter uma atividade agropecuária, por exemplo. Muitas empresas não fazem mais restrição ao perfil do cooperado.

Lucro O primeiro passo para se associar a uma cooperativa é encontrar o ponto de atendimento mais próximo. Os principais sistemas de crédito têm sites bastante informativos que podem ajudar nesse sentido. Ao contrário dos bancos comerciais, as instituições dessa modalidade não visam ao lucro, o que explica, em grande parte, a diferença que mais interessa aos cooperados: as taxas de juros cobradas pelas cooperativas costumam ser bem menores.

“Como o objetivo da instituição não é obter lucro, todo esforço é feito para que as taxas oferecidas nos empréstimos cubram apenas os custos e, assim, sejam mais baixas. Se ao final do exercício houver lucro ou algum tipo de sobra, como chamamos, o montante é redistribuído entre os associados”, explica Henrique Castilhano Vilares, presidente do Sicoob, entidade que reúne 502 cooperativas e mais de 3 milhões de cooperados.

O professor de finanças da Fundação Getulio Vargas em São Paulo (FGV-SP) Fabio Gallo reforça que mesmo com taxas de crédito mais baixas que a média do mercado, as cooperativas conseguem distribuir lucro para os associados no fim do ano.

Somente em 2013, o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi), por exemplo, registrou lucro de R$ 2,8 bilhões, segundo o presidente da entidade Marcio Port. O relacionamento com o cliente é um dos valores mais levados a sério no cooperativismo, sublinha ele. “O esforço é para que o tratamento seja o mais personalizado possível. Conhecemos os cooperados e vice-versa: isso reduz riscos”, diz. Como o cooperado também é considerado dono do negócio, pontua o presidente da Unicred, Leo Trombka, “o calote é muito mais difícil”. “No país, não chega a 2%”, exemplifica.

As cooperativas contam com a cobertura do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), que funciona nos mesmos moldes do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para os bancos. Cobre até R$ 250 mil de depósitos que o cliente tem com a instituição. “O sistema é extremamente seguro, com controle muito grande”, assegura Trombka.

Por: Celia Perrone, para Estado de Minas