Publicado em 30/09/2020 - esportes - Da Redação
Diante das
mudanças ocorridas na gestão do futebol feminino, faremos uma linha do tempo
para análise das apostas que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) assumiu
nos últimos dez anos, que abriram as portas da instituição para as mulheres
atuarem em diferentes funções.
Em 2013, a CBF
abriu as portas para Emily Lima, que foi a primeira mulher a assumir a Seleção
de base Sub – 17. Em 2016, a treinadora assumiu a Seleção principal de
futebol feminino, na época, com 36 anos de idade e uma carreira consolidada
dentro e fora das quatro linhas, trazendo uma vasta experiência conduzindo
diversos clubes brasileiros como Juventus, portuguesa e o campeoníssimo, São
José.
Em setembro de
2017, Emily foi demitida pelo pelo presidente da CBF, Marco Polo del Nero, após
algumas derrotas no Torneio das Nações, em julho, nos Estados Unidos. Com sua
saída o técnico Vadão conduziu a seleção feminina por dois anos, sendo demitido
após a Copa do Mundo de 2019, na França.
Ainda em 2019 a
CBF apostou em mais uma mulher no comando da Seleção Principal de futebol
feminino e dessa vez o investimento é estrangeiro: Pia Sundhage. A treinadora
de 59 anos traz no currículo cinco anos de experiência no fortíssimo futebol
norte-americano e mais cinco anos no organizado futebol sueco e, durante esse
período, a treinadora possui um Bicampeonato Olímpico com a Seleção Americana
(2008 e 2012), uma medalha de Prata com a Seleção Suéca em 2016 e ainda, foi
vice-campeã do Mundial em 2011. A CBF também apostou em Beatriz Vaz como
assistente técnica. Bia, como é conhecida no meio futebolistico, era a única
mulher a fazer parte da comissão técnica do Vadão e tem grande experiência como
jogadora no futebol internacional e nacional.
Falando em
contratação de mulheres nas comissões, a CBF aposta mais uma vez em 2019, em
uma comissão formada apenas por figuras femininas. Simone Jatobá é a
comandante, Lindsay Camila é a assistente técnica e a veterana de seleção
brasileira Marisa Wahlbrink, popularmente conhecida como Maravilha, é a
treinadora de goleiras. Os currículos somados seriam muitas páginas de
experiência internacional e nacional e para resumir, são mais de 60 anos de
experiência na modalidade.
As contratações
para as seleções femininas continuaram em 2019. Ousando, a CBF contrata para a
Seleção de base Sub-20, o treinador Jonas Urias, um profissional com grande
experiência nas equipes do futebol feminino brasileiro e a auxiliar técnica,
Jéssica Lima que foi uma jogadora com enorme experiência no futebol feminino
brasileiro, ao mesmo tempo em que atuava como treinadora de categorias de base
nos clubes onde atuava.
As novidades
não param por aí, no dia 02/09/2020, a CBF realizou duas surpreendentes
contrações para a modalidade: Aline Pelegrine para treinadora e Duda
Luizelle, a nova coordenadora de Seleções Femininas. Duas veteranas da
modalidade que já atuavam com gestoras nas Federações Gaúcha e Paulista. Aline
Pelegrine é ex-jogadora e capitã da Seleção Brasileira e Duda, ex jogadora e
gestora, tem o compromisso de comandar os bastidores das Seleções.
Junto a essa importante
notícia, o então presidente da entidade Rogério Cabloco anunciou que as
seleções masculinas e femininas terão a partir de 2020, a mesma “diária”
(quantia paga em dinheiro a cada atleta pelos dias em que passam representando
o país) para os homens e mulheres, além da igualdade de premiações nos Jogos
Olimpícos para os (as) atletas e comissão técnica. Já na Copa do Mundo, a
seleção masculina continuará recebendo valores superiores, devido a
proporcionalidade que a FIFA designa na competição para cada gênero. Segundo
Caboclo, “jogadoras recebem
diária igual aos homens. Aquilo que elas ganharem por premiação em Olimpíadas
será o mesmo que homens. Copa do Mundo será igual proporcionalmente ao que a
Fifa oferece. Não há mais diferença de gênero. CBF está tratando de forma
equânime homens e mulheres”. Essas notícias pegaram a todos os
“amantes” do futebol feminino de supresa, pois é a primeira vez na história que
a entidade iguala a premiação para as Seleções.
Falando em
figuras femininas no comando das equipes no campeonato brasileiro da Série A1 e
A2, o site de notícias GloboEsporte.com de 2019, realizou um levantamento de
mulheres atuantes nas comissões técnicas e foi possível encontrar nove
treinadoras e mais 104 mulheres que atuaram e atuam nas mais diversas funções,
um percentual de 30% dos integrantes que atuam direta e indiretamente nas
equipes.
Como ex-atleta
da Seleção Brasileira, pesquisadora e professora, tenho acompanhado nos últimos
20 anos uma grande evolução nesta modalidade no Brasil. Posso destacar os
seguintes pontos positivos:
No entanto
alguns pontos necessitam melhorar na modalidade:
Mesmo com
tantos pontos de evolução citados nessa linha do tempo, podemos concluir que no
Brasil o futebol feminino ainda não é considerado um esporte promissor e que os
gestores e investidores, ainda em muitos casos, consideram a categoria feminina
apenas como “produto pouco rentável”. Ao contrário do que acontece em países
mais desenvolvidos como Estados Unidos e alguns países da Europa, onde a
modalidade é vista com um produto que “vende”.
A esperança dos
fãs e torcedores do futebol feminino, é que nos próximos artigos sobre a
evolução na modalidade, sejam ainda mais gloriosos, extensos e significativos
para meninas e mulheres que desejam praticar futebol no Brasil.
Autora: Marina Toscano Aggio de Pontes é ex-atleta da Seleção Brasileira de Futebol e professora do curso de Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.