Nova competição criada pelos clubes vai da autonomia à controvérsia

Após rodadas e rodadas de polêmica nos bastidores, ciumeiras e complôs, correrias e atropelos, ânsia dos dirigentes e pouco caso da CBF, começa, na próxima quarta-feira – salvo algum capítulo extra de última hora –, a Primeira Liga, competição formada por 12 clubes do eixo Sul-Minas-Rio. Idealizada por uma liga independente dos desmandos da confederação nacional, o torneio entra para o apertado calendário do futebol de modo experimental, mas no intuito de fixar uma bandeira inovadora no país.

Não há a chancela CBF – que alega descumprimento de datas, desrespeito ao período de pré-temporada, entre outros itens. Assim, os clubes dão as cartas. Tabela, arbitragem, tribunal desportivo, direitos de transmissão e cotas de patrocínio são gerenciados pelas próprias agremiações. Apoiando-se em leis brasileiras, as 15 entidades de prática desportiva fundadoras entendem ter autonomia quanto à organização e ao funcionamento, sem qualquer ingerência ou interferência estatal e federativa.

Diferentemente da Copa Sul-Minas, competição-origem disputada entre os anos 2000 e 2002, a Primeira Liga – chamada assim em alusão à Premier League inglesa – nasce com a participação dos cariocas Flamengo e Fluminense, críticos e dissidentes da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), a única das quatro federações estaduais envolvidas que é veementemente contra o torneio.

De Minas, Atlético, Cruzeiro e América. Do Rio Grande do Sul, Internacional e Grêmio. De Santa Cataria, Figueirense, Avaí e Criciúma. Do Paraná, Atlético-PR e Coritiba. Encaixada em apenas cinco datas no primeiro semestre deste ano, a competição, por ser enxuta, obrigou os dirigentes a estabelecerem o critério do Ranking Nacional de Clubes de 2016 da CBF para a escolha dos times, deixando de fora outros três fundadores da liga: Paraná, Chapecoense e Avaí neste primeiro momento.

Regras. A fórmula é simples. As 12 equipes foram divididas em três grupos de quatro times, que jogam entre si em turno único. Classificam-se para a segunda fase o primeiro colocado de cada chave e o melhor segundo colocado na soma geral.

A semifinal e a final serão disputadas em partida única na casa das equipes de melhor campanha. A decisão acontece no dia 31 de março. Não há qualquer premiação esportiva para o campeão, ao contrário da Copa Verde e da Copa do Nordeste, que dão ao vencedor o direito de disputar a Copa Sul-Americana.

Como forma de negociar e atender os seus desejos, a CBF até cogita dar uma vaga na Libertadores em 2017, desde que os entendimentos avancem e a competição não exista em 2016.

Em capítulos...
10/set. Fundada, liga tem Gilvan como presidente e Alexandre Kalil como o diretor executivo.
27/out. CBF impõe regras para chancelar liga.
17/dez. Após deixar a liga, Cruzeiro volta à entidade.
19/dez. Kalil deixa a liga e alega ser vítima de complô.
16/jan. CBF não autoriza a liga e ameaça levar caso à Fifa. Clubes peitam.

FONTE: O TEMPO