Publicado em 07/03/2016 - esportes - Da Redação
Sim, o momento no Allianz Parque é de Fernando Prass.
O velho e bom goleiro gaúcho que vem emocionando um pouco como São Marcos e o Divino Ademir.
Perdão, pelo exagero.
E pela imensa alegria localizada de uma pequena cidade do Sul de Minas Gerais que conheço desde 1951.
Sim, estou falando de minha Muzambinho, a terra-mãe do zagueiro Thiago Martins.
“Muzambinho, terra de gente feliz forjada na ponta do giz”, cravou um poeta da terra em homenagem também a minha saudosa tia-mãe, professora Antonia Carlos Fernandes.
E ali, como em todo canto do Brasil, nasceram também craques da bola como Corote, Vanderlei do Racine, Laudimiro Brinquinho, Fominha, Zé Maria, Márcio Luiz, Pininho, Amir do Banco, Mirtinho Chupa Dedo, Cavadeira, Norinho Capeta, Lado e Ivan Surdão, este tio do grande ator Alexandre Nero da Rede Globo.
Jogavam demais, mas nunca saíram de lá.
Por ingenuidade, simploriedade, medo da cidade grande, receio de deixar a família, a namorada e o emprego no banco, na loja ou na Escola Agrotécnica.
Eu nunca joguei nada, mas vi de perto estes gênios que deixavam boquiabertos torcedores de alambrados, muros, barrancos e árvores de Muzambinho, Monte Belo, Guaxupé, Areado, Alfenas, Machado, Guaranésia, Juruaia, Nova Rezende, Cabo Verde, Botelhos e de tantas outras bucólicas cidades daquela região.
É que, craques, eram requisitados como “enxerto” pelos times do Sul de Minas quando tinham que enfrentar a Caldense, Olaria, Comercial e até Botafogo, Vasco, Fla e Flu, em pré-temporada em Poços de Caldas.
Lá, comecei no rádio esportivo em 1968 e já os entrevistava pela saudosa Rádio Continental.
O tempo passou e desde 1972 em São Paulo entrevistei “todo mundo” no rádio e na TV.
Não escapou um!
Foram milhares de entrevistas.
Mas uma coisa não tinha conseguido: entrevistar um jogador de Muzambinho como atleta de time grande!
E não é que... ufaaaaa... pintou depois de 44 anos de São Paulo o Thiago Martins no Verdão?
Jamais o vi e falamos outro dia por telefone pela Rádio Bandeirantes.
Hoje titular do Verdão, Thiago viveu só cinco dias na cidadezinha mineira de sua mãe, mas foi criado em Muzambinho e forjado no “Campão” de minha terra.
Ele é filho do Denão, sobrinho do Dogrão, neto de Dona Conceição Rímoli e do Seo Afonso da Fábrica de Doce.
Lá, as identificações são assim, tão comuns no interior.
Força, Thiago Martins, e seja firme sempre como foi no Paysandu.
Nós, “milhões” de muzambinhenses estamos torcendo por você.
Jogue forte, firme e determinado como foram os zagueiros que no passado também primeiro pisaram na terra e depois na grama sagrada do “Estádio” Professor Antonio Milhão, o nosso “Campão” de Muzambinho.
Honre a história dos destemidos Mixirica, João da Marta, Pedro Cartucheira, Farcucci, Bodinho, Lézinho, Alúcio, Chico Boiota, Lucilio, Biduroto, Chico do Caju, Carlinho Boca de Véia, Broinha, “Ronardo” Ésper, Candão, o Cortegipe, Camila, Zé Mirto, Zé Sprita, Dario do Alfredão e o fenomenal Fernando Montanari.
Puxa, finalmente um jogador de Muzambinho em um time grande do Brasil!
Agora já posso me aposentar.
Dentro de rápidos 25 anos!
POR: MILTON NEVES