Publicado em 10/09/2013 - geral - Da Redação
A história da bebida mais autêntica do Brasil não é lá muito edificante. No Brasil Colônia, no processo de fabricação do açúcar, os escravos realizavam a colheita da cana e, após o esmagamento dos caules, cozinhavam o caldo até se transformarem em melado. Nesse processo de cozimento, era fabricado um caldo mais grosso, chamado de cagaça, que era servido junto com as sobras da cana para os animais. Tal hábito fazia com que a cagaça fermentasse com a ação do tempo e do clima, produzindo um líquido fermentado de alto teor alcoólico. Certo dia, muito provavelmente, um escravo fez a descoberta experimentando daquele líquido que se acumulava no coxo dos animais.
Outra hipótese é a de que, certa vez, os escravos misturaram um melaço velho e fermentado com um melaço fabricado no dia seguinte. Nessa mistura, acabaram fazendo com que o álcool presente no melaço velho evaporasse e formasse gotículas no teto do engenho. Na medida em que o líquido pingava em suas cabeças e iam até a direção da boca, os escravos experimentavam a bebida que teria o nome de “pinga”. Essa cachaça que pingava do teto atingia os ferimentos dos escravos, por conta das punições físicas que sofriam. O ardor causado pelo contato dos ferimentos com a cachaça teria dado o nome de “aguardente”. Essa seria uma das explicações para o descobrimento dessa bebida tipicamente brasileira.
Mas não importa como foi descoberta, a cachaça se tornou típica bebida brasileira e foi incorporada em todos os cantos do País. O dia 13 de setembro foi escolhido por razões históricas: em 13 de setembro de 1661, uma revolta popular contra a colônia portuguesa levou à legalização da cachaça, cuja comercialização era proibida até então. O episódio ficou sugestivamente conhecido como a “Revolta da Cachaça”, com direito à participação dos produtores de cana-de-açúcar do Rio de Janeiro, um dos grupos mais interessados na liberação da bebida, além dos próprios apreciadores.
Abrideira, aguardente, cana, caninha, água benta, bagaceira, água que passarinho não bebe, birita, engasga-gato, goró, malvada, pinga, purinha, chora pau, amansa corno, consola corno e atrás do saco estão entre as várias denominações pelas quais a cachaça é conhecida pelo Brasil afora, o que bem atesta que essa bebida já foi incorporada ao universo cotidiano de milhares de brasileiros.
Como bebida popular que é, até na música a pinga não deixa de estar presente. Quem não conhece a marchinha de carnaval “Cachaça não é agua”, ou a “Marvada Pinga”, de Inezita Barroso? Também famosa é a “Pinga ni mim”, da dupla Teodoro e Sampaio, e mais conhecida na voz de Sérgio Reis. Cantores contemporâneos, como Latino e a banda Pato Fu, também possuem músicas dedicadas à cachaça.
”O mais importante, nesta data, são as conquistas que a cachaça obteve nos últimos tempos, principalmente com o reconhecimento, por parte dos EUA, como uma bebida tipicamente brasileira. Finalmente, depois de séculos de sua comercialização, vamos poder exportar a cachaça para outros países com mais segurança, principalmente quando se trata de uma cachaça de qualidade”, diz Lilian Valim, proprietária da Chico Valim, bebida de qualidade produzida em Oliveira, Minas Gerais.