Publicado em 30/05/2014 - geral - Da Redação
Do ponto de vista literário, não respiramos mais os ares bucólicos do início do século passado, onde a imprensa escrita exercia um papel de destaque e de grande influência na sociedade, bem como a imprensa televisiva, na atualidade. Percebemos, no entanto, o quanto a história dos jornais, no Brasil, em especial, confunde-se com a história da própria literatura nacional. Vários escritores, na época, eram colunistas em pequenos e grandes jornais. Com o mineiro, Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, não foi diferente: possuía colunas onde escrevia sobre diversos assuntos e divulgava, ainda, seu trabalho como poeta.
Como se transformaram os costumes com o passar do tempo! Os Dizem os contemporâneos da época que, antigamente, ler um jornal era um hábito muito comum de grande parte das pessoas, quase que
um estilo de vida, principalmente das mais interessadas e preocupadas com os problemas políticos e sociais, mesmo com todo o controle da censura, que influenciava bastante nas matérias publicadas.
Em pleno vigor do século atual, período de explosão das mídias eletrônicas, os jornais impressos, bem como as românticas confeitarias, regadas a café, cultura e intermináveis discussões sobre política, futebol e mulheres, foram, aos poucos, perdendo espaço na rotina dos brasileiros. Hoje, das praças de alimentação dos shopping certers aos pequenos bares e botequins espalhados por todo país, onde houver um sistema Wi Fi, as pessoas estarão munidas com seus celulares, tablets e smartphones, conectadas ao mundo inteiro através da rede mundial de computadores, e acessando uma gama de conteúdos eletrônicos:
TV’s, através do sistema digital, youtube, as redes sociais (febre) e até mesmo as versões eletrônicas dos principais jornais do Brasil e do mundo.
Parece que o mundo ficou pequeno diante de tanta tecnologia. O difícil ficou fácil; o longe, perto. Basta um toque e pronto: não há mais distâncias. A internet, hoje, dinâmica e rápida, foi transformando tudo ao nosso redor. A cada dia, o mundo real parece loucura aos olhos vidrados dos que sofrem a dependência da conectividade. Com isso, os continentes se juntaram, através de uma miscigenação digital, e assim, compartilham suas culturas, mesmo com a imposição da distância física. Mas será que o mundo foi banalizado pelos sistemas digitais, conectados, teleguiados e observados por satélites e sondas espaciais? Será que, com o tempo, nos tornaremos obsoletos, peças de museu?
Contudo, dentro desse cenário de ligação dos povos através da rede, A Folha Regional vem escrevendo com louvor a sua história, da forma convencional, ou seja, através da escrita e da impressão em papel. Há vinte e quatro anos o diretor do semanário, Vagner Alves, vem diminuindo a distância entre as cidades de toda nossa região; não só através da internet, mas das páginas do jornal.
Bebendo da mesma fonte da tecnologia da informação, a Folha vem acompanhando de forma brilhante os grandes jornais do país. Inserido no contexto virtual, o jornal conta, hoje, até com uma versão digital, aumentando ainda mais o alcance do semanário, mostrando o poder do jornalismo regional, levando as notícias de nossa Muzambinho e cidades circunvizinhas a todos os destinos e espalhando a cultura do nosso interior ao mundo inteiro.
Não relato tudo isso apenas como leitor, mas, também, como colaborador. E não de hoje. Lembro-me com imenso orgulho e gratidão de ter feito parte da equipe dA Folha Regional, juntamente com Amaury Jr, do qual eu auxiliar de redação, Valnei Alves, um grande cara, com um humor refinadíssimo, o saudoso Valmir Alves, (que saudade!), Vaine Alves, Andreia Montalvão, o Toninho, que entregava os jornais, todos nós sob o comando de Vagner Alves, o incansável diretor.
Na época, tudo era muito diferente no que diz respeito à tecnologia. Recordo, por exemplo, do Amaury, com um pequeno gravador, captando as falas de seus entrevistados e confeccionando os textos, que não eram digitados, mas datilografados, nas quase extintas máquinas datilográficas, que eu também usava na época e uso até hoje no meu trabalho. Lembro ainda que o jornal era editado fora de Muzambinho, e que, quando chegava à sede da Folha, numa pequena casa da Rua Barão do Rio Branco (acho que nem existe mais), todos ajudavam na montagem das folhas. Bons tempos aqueles! Guardo na memória a cena do grande escritor, Vonzico, chegando ao jornal, às sextas-feiras, pela manhã, para pegar o seu exemplar do semanário que ajudava a abrilhantar, em sua coluna, repleta de estórias e causos.
Enfim, o tempo passou e consolidou este veículo de comunicação denominado A Folha Regional. Como leitor, espero que o jornal se consolide ainda mais, através da competência de sempre, dos profissionais de sempre, mas, principalmente do sonho de sempre, pois, na máquina do tempo, o trabalho é o motor, mas o sonho é o grande combustível.
POR: LUCIANO MARQUES - MUZAMBINHO