
Isso mesmo as crianças tem selo? Uso esta pergunta para iniciar a reflexão a respeito do tema adoção. Este assunto aparece no dialogo dos casais na maioria das vezes após várias tentativas de engravidar, entretanto, após uma longa jornada nos médicos a impossibilidade de ter filhos biológicos oportuniza a idéia de adotar uma criança.
Mas existem diversas outras situações que levam a adoção: pessoas solteiras heterossexuais ou homossexuais que desejam ter um filho, casais que queiram aumentar sua família ou que optaram não ter um filho biológico sejam eles heterossexuais ou homossexuais, parentes de crianças órfãs, etc. Apesar de no presente artigo usar a palavra casal em toda a gama de contextos os processos emocionais evoluem de maneira semelhante.
A decisão de adotar não é fácil nem rápida, o casal precisa conversar muito sobre as vantagens e dificuldades dessa atitude, analisar suas vidas, suas condições econômicas e emocionais, pois ter um filho biológico ou escolhido é irreversível. Um filho simboliza sentimentos como a valorização, união, produção de coisas boas, troca afetiva, família e união.
Assim como na gestação de um filho biológico após a decisão de adotar, o casal passa por uma gestação emocional envolvendo a espera pelo filho a ser adotado. No decorrer da espera há a ansiedade e a imaginação sobre as características físicas da criança: como será sua idade, cor dos olhos e da pele, altura, sexo; e também suas características emocionais, que envolvem a personalidade da criança.
Outras fantasias envolvem o encontro com a criança, a chegada dela na casa, a expectativa sobre a adaptação da família e a reação da criança com a nova família, tudo isso é uma nova fonte de ansiedade. Contudo ela é positiva quando associada ao desejo e a idéia otimista da mudança que a adoção ocasionará para todos; negativa se este sentimento se tornar patológico ou exacerbado, neste ponto o casal precisara buscar ajuda especializada.
O medo, a insegurança, a angustia, a felicidade, a alegria, a emoção são os sentimentos mais comuns na vida dos pais e dos filhos que o casal já tenha sejam eles biológicos ou não. Nestes casos os filhos também precisam estar preparados para a chegada de um irmão.
O primeiro passo que segue o desejo de adotar é procurar o fórum do município onde a família reside para se informar sobre a documentação necessária e os procedimentos da adoção. Os profissionais forenses acompanharam o casal ou a família durante todo o processo, além de orientar e encaminhar quando necessário.
Após uma incansável espera, principalmente no Brasil, quando finalmente a criança adentra a vida e a casa da família múltiplas emoções tomam conta de todos, afinal a adaptação tem inicio no momento em que os pais levam o filho para casa, iniciam os cuidados de alimentação, higiene, afetividade; neste momento os laços de carinho e afeto começam a serem construídos, a criança começa a se sentir parte da família e os pais se sentirem pertencente a ela.
A arte de educar é formada por tentativas, acertos e erros não há normativas ou manuais que sejam passiveis de aplicação em todos os casos, mas regras, limites e uma rotina estruturada são essenciais. Como também são o carinho, a afetividade, a aproximação e o respeito. Com o tempo é comum que os pais nem se lembrem que o filho é adotado. Afinal crianças não possuem selo ou etiqueta que assinalem a relação biológica ou adotiva, o amor, o carinho e o cuidado é que coloca um homem no papel de pai e uma mulher no papel de mãe.
Cristiane de Cássia Martins Bissoli
Psicóloga, pós graduando em Psicologia do Trânsito.
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