Publicado em 06/11/2015 - geral - Da Redação
Esclarecimento do assassinato de universitária espalha indignação em Extrema. Comerciante confessa participação e sustenta que crime foi consequência da descoberta do relacionamento que ele mantinha com o namorado da jovem
Um crime bárbaro e seu desfecho surpreendente alimentam o clima de comoção que desde a noite de terça-feira (03) toma conta de Extrema, no Sul de Minas, na divisa com São Paulo. O esclarecimento do assassinato da universitária Larissa Gonçalves de Souza, de 21 anos, desaparecida desde 23 de outubro, espalhou indignação entre os mais de 33 mil habitantes do município, a 484 quilômetros de Belo Horizonte. Segundo a polícia, a morte foi consequência da descoberta do relacionamento entre o namorado dela, o modelo Luccas Rodrigo Gamero, de 22 anos, e o patrão dele, o comerciante José Roberto dos Santos Freire, de 35. A informação é do delegado Valdemar Lídio, que investiga o caso. Luccas nega envolvimento, mas teve a prisão temporária de 30 dias decretada na quarta-feira (04), depois de cair em contradição em três depoimentos. De acordo com a Polícia Civil, há dois meses Larissa havia lido uma mensagem trocada entre o rapaz e o comerciante, e desde então vinha pressionando o namorado. A revolta na cidade é tamanha que a loja de que José Roberto é sócio foi depredada e incendiada. Os dois investigados foram levados para o presídio de Pouso Alegre.
José Roberto, que também montou uma agência de modelos, foi preso na terça-feira, mesmo dia em que o corpo da estudante foi encontrado em adiantado estado de decomposição, em uma ribanceira em Extrema. Em depoimento, ele confessou ter contratado um casal para sequestrar Larissa – namorada de seu funcionário, com o qual ele afirma que mantinha um relacionamento. Quarta-feira à tarde, enquanto Luccas depunha, moradores da cidade faziam um protesto em frente à delegacia, clamando por justiça. No grupo estava a mãe da estudante, Nicéia de Oliveira Souza, que resistia em acreditar no envolvimento do rapaz. “Até que se prove o contrário, não creio na participação dele”, disse ela.
O delegado Valdemar Lídio afirmou ter pedido a prisão temporária de Luccas – acusado por José Roberto de ser o mentor do crime – para facilitar o esclarecimento de questões ainda nebulosas. Desde a confissão do comerciante, porém, as suspeitas na cidade recaem sobre o envolvimento do rapaz. Ele ainda foi ao velório de Larissa, na madrugada de quarta, mas, apesar de bem acolhido pela família, foi hostilizado por presentes, o que exigiu a presença da polícia.
Larissa cursava biomedicina em uma faculdade em Bragança Paulista (SP), a 30 quilômetros de Extrema. De segunda a sexta-feira, costumava deixar o Fiat Sena de seu pai estacionado à tarde na rodoviária da cidade, de onde seguia de ônibus para a faculdade. Um dia depois de seu sumiço, o comerciante José Roberto chegou a postar na internet uma mensagem de apoio à família, na página da loja de que é sócio. No texto, dizia que torcia para que “tudo não passasse de uma brincadeira”.
Quarta à noite, a equipe da delegacia realizava diligências para identificar outros envolvidos no crime. De acordo com a confissão de José Roberto, a estudante foi levada para a casa dele, onde o casal a matou, antes de ajudá-lo a se livrar do corpo . O veículo do pai de Larissa foi abandonado no Bairro Jardim Monte Alegre, em Extrema. Os executores foram levados de carro por José Roberto de volta a São Paulo.
Fonte: Landercy Hemerson - ESTADO DE MINAS -Publicação: 05/11/2015