Campanha visa a arrecadar recursos para comunidade quilombola
Doações
visam à construção de sala de aula na comunidade do Norte de Minas
Um grande incêndio atingia a floresta. Os animais, apavorados, corriam em
busca de abrigo, fugindo da tragédia iminente. Enquanto isso, um beija-flor
voava até o rio, pegava no bico uma gota de água e a deixava cair sobre as
chamas. Ao ser interrogado sobre o que estava fazendo, a ave respondeu: ?Ajudando a
apagar o fogo?. Ouviu então dos outros bichos: ?Mas é impossível apagar esse
incêndio com poucos pingos de água!?. Foi então que o beija-flor respondeu:
?Estou apenas fazendo a minha parte?. É apostando no exemplo inspirador dessa fábula que se encontra aberta, em
uma plataforma de financiamento coletivo, uma campanha que visa a arrecadar
R$ 30 mil, para a construção de uma sala de aula na comunidade quilombola
de Alegre, em São João da Lagoa, no norte de Minas. A construção da sala de aula multiuso, orçada em R$ 43 mil, já deverá
se iniciar em 10 de junho próximo, com previsão de término em 10 de setembro
deste ano. As doações na plataforma começam a partir de R$ 10. Até o momento, já foram arrecadados R$ 13 mil ? montante doado pelo
Ministério Público de Minas Gerais e Tribunal de Justiça de Minas Gerais
(TJMG), por meio de edital de prestações pecuniárias. O projeto de construção da sala já recebeu também a doação de 4 mil tijolos,
por parte de um particular. A mão de obra, por sua vez, será de
responsabilidade da Prefeitura de São João da Lagoa, com a ajuda de membros da
comunidade.Na
comunidade Alegre, que pertence à Comarca de Coração de Jesus, vivem cerca de
70 pessoas, 20 delas criançasDesenvolvimento sustentável A iniciativa tem o apoio do Núcleo de Voluntariado do Tribunal de Justiça de
Minas Gerais (TJMG), que está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). ?Apelo mundial para o combate à pobreza, a proteção do planeta e o
compromisso para que todas as pessoas tenham paz e prosperidade, os ODS se
traduzem em uma lista de 17 objetivos?, explica a desembargadora Maria Luíza de
Marilac Alvarenga Araújo, que preside o Núcleo de Voluntariado. Entre eles, conta a magistrada, ?figuram o objetivo de assegurar educação
inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem
ao longo da vida para todas e todos (objetivo 4) e o combate à pobreza, em
todas as suas formas e lugares (objetivo 1)?.A
sala de aula multiuso permitirá que vários serviços possam ser
desenvolvidos na própria comunidade; o espaço servia ainda para reuniões
comunitáriasComunidade vulnerável Localizada em uma zona rural remota do Norte de Minas, a comunidade
quilombola é reconhecida como uma das mais vulneráveis de Minas Gerais. Cerca
de 70 pessoas moram em Alegre, entre elas, aproximadamente 20 crianças. ?As pessoas que vivem ali têm imensa dificuldade de acesso a serviços
básicos de saúde, educação, transporte, lazer, dentre outros?, explica a juíza
Luciana de Oliveira Torres, da comarca de Coração de Jesus, à qual a comunidade
pertence. A ideia da construção da sala surgiu como uma das ações de um movimento
maior, o projeto social ?Próximos passos: acompanhamento das ações para
garantia dos direitos quilombolas à comunidade Alegre?, iniciado em abril de
2018. Por meio desse projeto, vêm sendo realizadas reuniões periódicas, na própria
comunidade, com a participação de diversos parceiros: Ministério Público,
Judiciário, Fundação Cultural Palmares e Prefeitura de São João da Lagoa, entre
outros. Durante esses encontros, são pactuadas metas e prazos e definidos
responsáveis pelas diversas ações, que têm como objetivo central garantir os
diversos direitos à comunidade. A construção da sala, explica o promotor público cooperador na comarca,
Paulo César Vicente de Lima, ?é de grande importância para que os serviços
possam ser desenvolvidos na própria comunidade. Além disso, a sala servirá para
reuniões comunitárias?, esclarece. O espaço irá atender às famílias oferecendo atendimento médico ambulatorial,
cursos e treinamentos profissionalizantes e outras atividades que visem ao
desenvolvimento econômico e social da comunidade.
Doações para a comunidade Em novembro do ano passado, o Judiciário mineiro, em parceria com o
Ministério Público de Minas e outros parceiros, realizou uma campanha de apoio
à Comunidade Quilombola Alegre com o objetivo de arrecadar doações para o
grupo.