Publicado em 26/01/2021 - geral - Da Redação
A CEMIG está
uma festa. Para alguns, claro. Parece que a diretoria paulista que lá foi
colocada, segundo se informa, pelo Partido Novo, não vai descansar enquanto não
levar a estatal – criação de Juscelino Kubitscheck e que durante muito tempo
foi vista e tida como uma referência dos mineiros pela sua pujança, pela
decência da sua administração e pela qualidade do seu corpo técnico, entre
tantos outros atributos – para São Paulo, fazendo-a simples mercadoria que se pretende
embrulhar e levar para o Estado vizinho.
Uma
vergonha! Primeiro, e não se tem notícia de que isso tenha ocorrido antes,
investigações de fornecedores, de descontroles diversos e de suspeitas de
desvios de materiais, de favorecimento de empreiteiros movimentam internamente
a própria concessionária e o Ministério Público de Minas Gerais.
Superintendentes e gerentes foram afastados, outros se demitiram, e muitas
mudanças ainda estão para acontecer nesses próximos dias.
No rol
dos descasos, e disso ninguém sabe o porquê, a controladoria da empresa está
engasgada e nem sequer responde a reclamações de consumidores, angustiados com
a perda de tempo e com os prejuízos causados pela interrupção do andamento de
seus projetos. Muitos já se organizam para levar à Aneel seus pedidos para que
a agência de regulação, no seu papel legal, ponha as coisas para andar.
Agora um
mimo para gerar bons resultados, o que certamente se traduziria em melhor
reconhecimento do “esforço” da atual diretoria, foi maquinado, mas sem se levar
em conta os prejuízos que causaria ao caixa de Minas. Imagina-se que o
governador Romeu Zema, como bom mineiro, não saiba dessa jogada.
Os
paulistas de plantão na avenida Barbacena decidiram alugar imóveis comerciais
em São Paulo (e assim nem precisariam vir a BH para trabalhar) para nesses espaços
instalar uma filial da CEMIG Geração e
Transmissão.
A manobra
seria a de se aproveitar da alíquota menor do ICMS tributando a energia
exportada para outros Estados. Até aí tudo bem.
Mas
desprezando-se a lesão ao Tesouro de Minas e, assim, beneficiando o rico Estado
de São Paulo, uma clássica volta no nosso Fisco, que seria dada num momento em
que faltam recursos para pagamento de tudo, da folha dos servidores aos
medicamentos gastos pelos hospitais públicos em plena pandemia.
Uma
empresa que não controla com rigor seus almoxarifados, que assina, já depois de
empossado, um contrato de consultoria para seleção de seu presidente (e que
presidente!), onde escritórios de advocacia são contratados sem licitação por
notória especialização, ainda que de sua sociedade tenha saído o diretor que
demanda seus serviços, aonde quer chegar? Esta é a mesma CEMIG orgulho
dos mineiros?
Por: Luiz Tito
Artigo
publicado pelo Jornal O Tempo, Pág. 2, em 26.Janeiro.2021