Publicado em 03/10/2012 e atualizado em 03/10/2012 - geral - Da Redação
Governo do Estado intensifica iniciativas para qualificação profissional e implantação de empreendimentos a fim de tornar-se referência no setor aeroespacial
O esforço abre perspectivas para a diversificação da economia mineira, a preparação de mão de obra qualificada e a geração de aproximadamente 20 mil empregos diretos e indiretos, dentro de um prazo estimado em 15 anos. Além disso, a estratégia de criar um pólo aeroespacial no Estado possibilitará tornar o Brasil referência internacional e única na América do Sul no desenvolvimento de tecnologias para fabricação de helicópteros e de aeronaves não tripuladas.
Em Goianá, na Zona da Mata, onde está sediado o Aeroporto Itamar Franco, está sendo estudada a possibilidade de oferecer um espaço de logística para o processo de exploração do petróleo do pré-sal.
Uma nova vocação
Como parte desta nova vocação de Minas, está sendo celebrada em Itajubá, no Sul de Minas, a expansão da fábrica da Helibras - Helicópteros do Brasil S/A, subsidiária do Grupo Eurocopter. Até 2017, o investimento de R$ 420 milhões possibilitará à empresa fabricar 50 helicópteros militares modelo EC 725, com capacidade para 30 passageiros, que serão entregues às Forças Armadas brasileiras. As aeronaves terão 50% de conteúdo brasileiro, incluindo o modelo AS350 Esquilo, até então o único helicóptero produzido no país e o mais vendido em todo o mundo.
O projeto de ampliação da Helibras é resultado do acordo feito em 2008 entre a empresa aérea, o Governo de Minas e o Ministério da Defesa. Na ocasião, foi assinado contrato com as Forças Armadas no valor de 1,9 bilhões de euros (R$ 5 bilhões). O acordo inclui a transferência de tecnologia francesa, o que, num prazo dez anos, possibilitará à Helibras se capacitar para projetar e construir um helicóptero genuinamente brasileiro.
Quatro helicópteros já foram entregues ao Governo Federal, sendo um para cada uma das unidades das Forças Armadas: Marinha, Exército e Aeronáutica. Outra aeronave foi entregue para o Grupo de Transportes Especiais da Presidência da República. Até o final do ano, a previsão é de que outros três helicópteros já estejam prontos. Com a expansão, a Helibras passou de 260 funcionários, em 2008, para mais de 700, em 2012. Apenas o quadro de pessoal do setor de engenharia passou de nove para 54 engenheiros.
O secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Narcio Rodrigues, ressalta que a implantação do complexo aeronáutico é resultado de um pacto entre a indústria, as universidades e o Governo de Minas para o desenvolvimento de uma nova realidade. “Esta realidade é pautada pelo desenvolvimento de novos produtos e, sobretudo, pela valorização do que já existe em Minas”, afirma.
Para consolidar o desenvolvimento de know-how local no setor, a Helibras e a Universidade Federal de Itajubá vão criar, até 2016, o Centro de Tecnologia de Helicópteros (CTH). A iniciativa também tem a participação dos governos federal e estadual e tem a finalidade de tornar Minas Gerais uma referência internacional no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a concepção e fabricação de helicópteros e aeronaves não tripuladas.
“Trata-se de um empreendimento que está entre os 12 projetos do Plano Brasil Maior e que vai abrir oportunidades para o incremento da economia, por meio da ampliação da pauta de exportações de produtos e serviços de alto valor agregado”, destaca o professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), coordenador operacional do projeto de implantação do CTH, Elzo Alves Aranha. O centro ocupará uma área de 12,6 mil m², a um quilometro do Campus da Unifei, em Itajubá. O empreendimento deverá gerar 120 empregos diretos, incluindo técnicos e cientistas que se dedicarão ao desenvolvimento de novas tecnologias para o setor.
Formação é essencial
O CTH será um reforço significativo na formação de mão de obra qualificada para o desenvolvimento do setor aeroespacial. Além disso, outras iniciativas já colocam Minas Gerais em uma posição privilegiada na capacitação especializada no ramo. São 14 universidades públicas estaduais e federais, além de seis institutos federais e uma rede privada de universidades. Entre as escolas que estão trabalhando com o setor aéreo estão as universidades federais de Itajubá (Unifei), de Minas Gerais (UFMG) e de Uberlândia (UFU).
O Estado deverá investir, ainda, R$ 38 milhões (recursos da Fapemig) para qualificar engenheiros e técnicos em engenharia aeronáutica e desenvolver novos produtos no Escritório de Engenharia da Embraer, no Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec). A previsão é a formação de 200 técnicos especializados na área até 2020.
Para Odenir de Almeida, professor do curso de Engenharia Aeronáutica da Universidade Federal de Uberlândia, a partir do momento em que há uma política de investimento contínuo na implantação de uma área de alta tecnologia como esta, o empreendimento tem uma importante função para todo o Brasil ao possibilitar a transferência do conhecimento gerado. “Para as universidades, o complexo aeronáutico em Minas se constituirá num grande laboratório, pois viabiliza o desenvolvimento de novas pesquisas em praticamente todas as áreas da engenharia aeroespacial”, afirma.
Segundo o especialista, a economia e a educação mineiras podem contar com novas possibilidades de expansão. “Hoje, Minas Gerais já tem boa infraestrutura, boas universidades, políticas de crescimento e, sobretudo, vontade de crescer. Quanto ao futuro, com a consolidação do pólo aeronáutico e a atração ou criação de novas empresas, vários resultados são tangíveis, como a expansão do setor, a criação de novas escolas técnicas, centros de manutenção e logística, por exemplo”, aposta Almeida.
Uma das iniciativas neste sentido é o Programa Jovens Mineiros Cidadãos do Mundo, desenvolvido pelo Governo de Minas por meio da Assessoria de Relações Internacionais e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). No primeiro semestre deste ano, a iniciativa enviou um grupo de 20 universitários para participar de um curso de capacitação em engenharia aeronáutica e aeroespacial no Instituti Aéronautique et Sapatial (IAS), em Tolouse, na França.
Almeida, que coordenou a viagem do grupo, salienta que a ação se constitui num passo importante para a formação de mão-de-obra qualificada. “Esta experiência impõe ao estudante novos desafios e uma visão geral da engenharia em sua essência, através do contato direto com diferentes produtos e inovações. Muitos deles já voltaram com uma visão futurista, mostrando interesse em aprofundar os estudos na área”, acrescenta.
SEGOV - Sup. Central de Imprensa - Gov. Minas