Publicado em 22/03/2018 - geral - Da Redação
O Crea-Minas publicou na quarta-feira, dia 21 de
março, carta contra a privatização da Eletrobras. O texto, assinado pelo
presidente do Conselho, engenheiro civil Lucio Borges, referenda posição do
plenário da casa. Ele representa os profissionais da área tecnológica, que
se posicionaram contrários à privatização da Eletrobras e suas subsidiárias,
como Furnas. O Palácio do Planalto defende a venda para incrementar em mais de
12 bilhões de reais o caixa do Tesouro Nacional, ainda em 2018. A Câmara dos
Deputados criou uma comissão especial para analisar o projeto de lei. O
relatório final deverá ser apresentado em abril.
Na carta, Lucio
Borges lembra que a Eletrobras tem patrimônio de 350 bilhões de reais. E é a
maior geradora e transmissora de energia elétrica do país, com parque gerador
de 47 GW de energia. Capacidade instalada que responde por 31% do volume de
energia. São 47 usinas hidrelétricas, 114 termoelétricas, duas termonucleares,
como Angra dos Reis, e 69 parques eólicos. A estatal também é detentora de
tecnologia de ultra-alta tensão, com o único laboratório de testes do gênero no
continente americano.
A carta destaca ainda
que o setor elétrico é estratégico para o desenvolvimento do país. É, portanto,
uma questão de soberania nacional. Ignorar este fato, alerta a carta, é causar
um efeito dominó, com o sucateamento do setor industrial, econômico e social. O
texto questiona também a justificativa do governo federal, de que a
privatização promoveria a redução das tarifas pagas pelo consumidor. Pelo
contrário, tanto que a Aneel, agência reguladora do sistema elétrico
brasileiro, se posicionou contra a medida, alertando exatamente sobre o aumento
das taxas e dos riscos à segurança energética.
Ao final, a carta
clama ao governo federal que se posicione em defesa do setor elétrico e contra
contra a privatização da Eletrobras.
Leia abaixo a
carta na íntegra:
Carta
contra a privatização da Eletrobras
O Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas) vem através desta carta defender a
manutenção da administração da Eletrobras pelo governo brasileiro.
A Eletrobras é agente protagonista do
setor elétrico, sendo a maior geradora e transmissora de energia elétrica do
Brasil e da América Latina. Possui um parque gerador com capacidade instalada
superior a 47 GW de energia, respondendo diretamente por 31% da geração do
país, com 47 usinas hidrelétricas, 114 termoelétricas, duas termonucleares e 69
parques eólicos. Além disso, a Eletrobras é responsável por 52% de todo o
volume hídrico dos reservatórios brasileiros, 47% das linhas de transmissão de
energia e 70% da capacidade de transformação do país. A empresa é promotora do
desenvolvimento tecnológico nacional, através dos seus centros de tecnologia
presentes em todas as regiões brasileiras, além do Cepel, importante centro de
pesquisa do setor elétrico de competência internacionalmente reconhecida.
A Eletrobras é a única detentora da
tecnologia de ultra-alta tensão, possuindo o único laborató- rio de testes do
gênero do continente americano. Detém exclusivamente a tecnologia de manuseio e
operação de combustível nuclear para atendimento às usinas de Angra dos Reis.
Está entre os maiores geradores de energia hidrelétrica do planeta, na 5ª
posição.
Furnas é importante empresa do grupo
Eletrobras e é inegável a sua eficiência e competência na geração de energia
elétrica. Ela fomentou e ainda fomenta toda a cadeia produtiva relacionada ao
setor elétrico, que vai desde a indústria da construção civil até a de
componentes eletrônicos, passando pela mecânica pesada, a eletromecânica e a
indústria de máquinas e equipamentos, sempre preocupada com o compromisso
socioambiental, desenvolvimento sustentável e uso múltiplo da água.
Além disso, o setor elétrico é
estratégico para o desenvolvimento do país e está ligado à soberania nacional,
superando a função de gerar energia. Ignorar este fato é causar um efeito
dominó, que acarretará o sucateamento industrial, econô- mico e social.
Em um programa de privatização
altamente incoerente em seu modelo econômico, o governo pretende privatizar a
Eletrobras por cerca de R$ 12 bilhões, sendo que esta possui um patrimônio
avaliado em mais de R$ 350 bilhões, trazendo como consequência um aumento
generalizado de tarifas aos consumidores residenciais, comerciais e
industriais. A própria agência reguladora do sistema elétrico brasileiro, a
Aneel, se manifestou contrária ao programa de privatização da Eletrobras,
alertando sobre o aumento na tarifa de energia e sobre os riscos à segurança
energética.
Reconhecemos a importância das
Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras) e de Furnas Centras Elétricas como
promotoras de desenvolvimento econômico e social em Minas Gerais e no Brasil e
como estratégicas para o progresso nacional. Deste modo, repudiamos a decisão
do ministro de Minas e Energia de entregar a geração e transmissão das empresas
do grupo Eletrobras às mãos do capital financeiro internacional e entendemos
que tal ato pode causar sérias ameaças à soberania nacional.
O Plenário do Crea-Minas,
representando os profissionais da área tecnológica, clama ao Governo Federal
que se posicione em defesa de Furnas e contra a privatização do
Sistema Eletrobras.
Lucio Borges
Presidente do Crea-Minas