Publicado em 03/11/2014 - geral - Da Redação
Por: Stefan Bogdan Salej
A vergonhosa situação que se repete há anos é por demais conhecida por todos e, enquanto há um programa governamental e empresarial claro em outros países para reduzir isso, nos não temos simplesmente um agenda de desburocratização na área empresarial. Para abrir uma empresa no Brasil, segundo o estudo do Banco Mundial, precisa de 120 dias, e estamos em 167° lugar do mundo. Bem, nesta área, o governo federal, com adaptações do Simples, fez alguns avanços que regularizam a situação, em especial dos empreendedores individuais. E para fechar uma empresa, é um verdadeiro inferno, que dura às vezes mais do que a própria vida do empresário.
A esses custos todos, deve-se somar um custo não só dos aborrecimentos que o empresário tem, mas a desfocalização das suas atividades. Em vez de focar na sua principal atividade empresarial, tem que estar atento a uma quantidade enorme de procedimentos burocráticos em todos os níveis, que levam não só ao aumento dos custos, mas principalmente à redução da produtividade empresarial. Simples, o padeiro, em vez de cuidar bem do cliente e fazer um pãozinho melhor e mais barato, tem que dar atenção aos inúmeros fiscais e procedimentos contábeis que infernizam a vida dele e consequentemente prejudicam o seu cliente.
Para as grandes empresas, essa situação é administrado através de departamentos jurídicos e contábeis, mas a maior parte do setor empresarial no Brasil é constituído por pequenas empresas. E a tudo isso devemos adicionar que a complexidade da burocracia exige também uma qualificação melhor dos profissionais da área. E eles se chamam contadores. Agora, chique é estudar administração, não contabilidade. E então, de cursos médios de contabilidade e gerência, como escolas do SEBRAE, nem podemos falar, porque praticamente não existem.
Uma grande ilusão é que estas soluções só dependem de Brasília. Os municípios e estados são grandes responsáveis pela maior parte das dificuldades. As licenças de construção, por exemplo, são de responsabilidade dos municípios. Sem falar os impostos e controles municipais na área de serviços e saúde. Os estados são responsáveis pelos cartórios e juntas comerciais, como outro exemplo do que pode melhorar. Em Minas, nós últimos 12 anos, o atraso nessa área reduziu os níveis de competitividade das empresas de forma assustadora, tempo a ser recuperado rápido, antes que seja tarde.