Publicado em 09/08/2013 - geral - Da Redação
Por: Dinis Pinheiro - Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
Caso isso ocorra, apenas em Minas quase 90 mil alunos, hoje assistidos por 425 Apaes, ficarão ao desamparo, pois não é crível supor que eles encontrarão acolhimento com qualidade na rede regular, já bastante sacrificada por suas demandas de rotina e sem contar com equipes especializadas.
A argumentação dos técnicos do Ministério é a de que a escola pública deve ser “inclusiva” e acolher a todos, sem distinção. Além disso, defendem tais teóricos que o aluno com deficiência, com transtornos ou superdotado deva conviver em ambiente “normal”, apenas com atendimento complementar especializado.
A defesa de uma tese, como faz o MEC, não pode significar, pura e simplesmente, a destruição de uma rede já consolidada e cujos serviços são cada vez mais solicitados em um país de grandes desníveis sociais e de insuficientes políticas públicas e recursos financeiros. As Apaes não defendem a exclusividade no atendimento a esses alunos com necessidades especiais e suas famílias, mas não há qualquer sentido em que seja barrado liminarmente seu acesso a recursos públicos destinados á educação, o que acontecerá caso seja aprovada a modificação que está sendo introduzida no Senado.
Este foi o sentimento que apreendemos no início de agosto, ao receber na Assembleia de Minas mais de 400 representantes das Apaes do Estado, entre professores, alunos e pais, que, sob a liderança do deputado Eduardo Barbosa, presidente da Federação das APAES de Minas e um campeão histórico dessa causa, participavam de uma mobilização nacional. O que está em jogo não é uma questão corporativa, de grupo, mas o interesse da educação especial pública.
Nesse momento em que nos juntamos às Apaes nesse apelo ao Senado, é essencial lembrar as lições de Dona Helena Antipoff, que plantou aqui em Minas a primeira semente da educação especial, alertando para o fato de que pessoas diferentes devem ser tratadas de forma diferenciada. Promover o retrocesso engendrado no Senado seria uma afronta à cidadania, na contramão do que clama nesse momento o chamado “grito das ruas”, com a população dizendo em alto e bom som que quer participar mais, quer interferir nas decisões que dizem respeito ao seu presente e, fundamentalmente, ao seu futuro.
Cabe ao Senado brasileiro e ao MEC deixarem que as Apaes continuem prestando a Minas e ao Brasil o excelente serviço que já prestam há décadas, com dedicação e amor incomparáveis.
Fonte: ASCOM