Publicado em 17/04/2019 e atualizado em 17/04/2019 - geral - Da Redação
Alvo da investigação omitiu
faturamento da ordem de R$ 100 milhões; fraude fiscal supera R$ 15 milhões
A
Receita Estadual, a partir de denúncia enviada pelo Ministério Público de Minas
Gerais (MPMG), cumpriu, na manhã da terça-feira (16/4), sete mandados
judiciais de busca e apreensão em endereços de Belo Horizonte e Uberlândia,
vinculados a uma empresa do ramo de transporte de sangue humano e materiais
para exames.
A
ação, realizada em conjunto com a Advocacia-Geral do Estado (AGE) e as polícias
civil e militar, faz parte da programação do Comitê Interinstitucional de
Recuperação de Ativos (Cira).
Batizada
de “Na Veia”, a operação buscou documentos e também informações eletrônicas
adicionais para a comprovação de faturamento expressivo – estimado em mais de
R$ 100 milhões – omitido do Fisco, resultando em sonegação do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) vinculado à atividade de transporte
em Minas Gerais. Somente em contratos com o governo federal, a empresa omitiu
um faturamento da ordem de R$ 80 milhões. Há ainda transações expressivas com
clientes privados e outros órgãos públicos. O valor total da fraude pode
superar os R$ 15 milhões.
O
alvo da operação também é investigado por colocar “laranjas” à frente da
empresa e transferir o patrimônio adquirido com a fraude para uma empresa de
fachada.
"Essas
empresas de fachada são abertas justamente para esconder o patrimônio da
empresa principal. Normalmente, os bens da sede são esvaziados e transferidos
para as empresas abertas por laranjas, na tentativa de blindar o
patrimônio", explica Francisco Lara, coordenador do Núcleo de Atividades
Fiscais Estratégicas, da Superintendência de Fiscalização da Secretaria de
Fazenda.
Todo
o material apreendido durante a operação “Na Veia” será analisado e utilizado
como prova para a instauração do processo de caracterização de crime contra a
ordem tributária.
O
esquema de sonegação da empresa consistia na emissão de documento fiscal
diferente do serviço realmente prestado aos clientes, que é o transporte
intermunicipal e interestadual de sangue e outros materiais biológicos. Ao
alterar o documento, o contribuinte atribuía à sua atividade a taxação pelo
Imposto Sobre Serviços (ISS), evitando, assim, o pagamento do ICMS, tributo que
deveria, de fato, recolher.
A
Receita Estadual já acompanhava o caso da empresa, que chegou a regularizar
parte do débito com o Estado quando sua sede era em Santa Luzia, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte. Porém, entendendo que poderia escapar da
tributação se estabelecendo em outro município, o contribuinte transferiu a
sede para Belo Horizonte e voltou a praticar as mesmas irregularidades.
Os
mandados de busca e apreensão, obtidos por meio da ação do MPMG e da AGE, foram
cumpridos nas empresas vinculadas ao mentor do esquema e em sua residência,
assim como em empresas que armazenam os bancos de dados das operações
realizadas pelo contribuinte.
Participaram da operação 28 servidores da Receita Estadual, além de oficiais de Justiça, procuradores do Estado e policiais civis e militares.
SEGOV