Publicado em 18/02/2011 - geral - Agência Minas
Relógios devem ser atrasados em uma hora
Minas Gerais
Na área de concessão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), verificou-se, segundo o balanço parcial, uma redução na demanda máxima, ou seja, no pico diário da carga que ocorre no período das 18h às 22h, de 4%, correspondendo a cerca de 300 MW, 0,5 ponto percentual a mais que o ano passado. Essa potência equivale a:
• geração a plena carga de 2,3 usinas do porte da Usina Térmica de Igarapé (131 MW) ou
• geração de 4,5 geradores da usina de Três Marias, também a plena carga (66 MW cada) ou
• 30% da carga de pico de todo o Triângulo Mineiro com seus 66 municípios ou
• 15% da carga de pico da Região Metropolitana de Belo Horizonte (34 municípios – 4.9 milhões de habitantes) ou
• demanda de pico de uma cidade de 700 mil habitantes.
No consumo, estima-se que a economia de energia registrada no Horário de Verão dos últimos dois anos se manteve no período atual, chegando a 0,5%, o que representa 31 MWméd (megawatts médios). “Essa economia é suficiente para abastecer, durante dez dias, a capital Belo Horizonte”, afirma o engenheiro de operação do sistema da Cemig, Wilson Fernandes Lage.
Para o consumidor residencial, a economia se dá na menor utilização da iluminação artificial, que pode chegar a uma redução de até 5% no consumo mensal de energia.
No Brasil
A economia no sistema elétrico interligado brasileiro, de acordo com avaliações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), deverá ser de 4,6% de redução na demanda máxima, superando o valor de 2.530 MW, o que equivale, aproximadamente, a 30% da carga de Minas Gerais no horário de ponta.
Já a redução do consumo de energia deverá atingir 220 MWmédios, correspondentes a 0,5% da carga dos subsistemas Sul/Sudeste/Centro-Oeste ou ao consumo mensal de uma cidade de 470 mil habitantes. Os valores oficiais deverão ser divulgados duas semanas após o término do Horário de Verão.
Objetivo
A adoção do Horário de Verão visa à redução da demanda máxima do Sistema Interligado Nacional no período de ponta. “Com isso, obtém-se o alívio do carregamento dos sistemas de geração, transmissão e distribuição, aumentando a segurança e a confiabilidade operativa, pois é reduzido o carregamento de todo o sistema elétrico nos momentos de pico, sendo melhoradas as condições de controle, principalmente em situações de emergências”, explica Wilson Lage.
Segundo o engenheiro, essa redução ocorre no período do ano em que o sistema é, de modo geral, submetido a condições operacionais mais críticas, reduzindo os riscos de desligamentos de linhas de transmissão, principalmente devido a descargas atmosféricas. “Proporciona também melhores condições de suprimento, em termos de continuidade e qualidade de atendimento às diversas áreas dos sistemas.”
Ainda como resultado do Horário de Verão, houve uma menor utilização da iluminação artificial, com redução do consumo de energia, principalmente nas classes de consumidores residenciais e comerciais.
Como funciona
O Horário de Verão provoca o adiantamento do horário civil em relação ao horário padrão, tardando a ligação da iluminação artificial, que é acionada mais tarde do que aconteceria normalmente. O efeito provocado é a não coincidência da entrada desse tipo de iluminação com o consumo demandado ao longo do dia pelo comércio e pela indústria, cujo montante se reduz após as 18h, e com outros tipos de consumo nas residências, cuja carga aumenta significativamente nesse horário, motivados principalmente pelo uso de chuveiro elétrico.
A adoção do Horário de Verão é bastante antiga, tendo sido usada durante as guerras mundiais, com finalidades econômicas, evitando-se a geração térmica. O primeiro país a adotá-lo foi a Alemanha, em 1916.
Esta é a 37ª edição do Horário de Verão brasileiro. Foi adotado 11 vezes entre 1931 e 1968, de forma descontinuada, voltando depois no verão 1985/1986 e a partir daí em todos os anos até hoje, durante 26 edições consecutivas. Sua utilização tem sido associada à redução do risco de crises energéticas e aumento da segurança operativa e confiabilidade do fornecimento, devido à redução dos picos de consumo, propiciando a redução do risco de apagões, por meio do melhor aproveitamento da luz natural e ganhos em armazenamento de energia.
Além do Brasil, o Horário de Verão é implementado em aproximadamente 80 países, como, por exemplo, nos países da União Européia (entre março e outubro) e da América do Norte (entre março e novembro), além da Rússia, Turquia e Cuba. No Hemisfério Sul, a medida é adotada entre outubro e março na Austrália, Nova Zelândia, Chile, Paraguai, Uruguai, entre outros.