Publicado em 20/06/2013 e atualizado em 20/06/2013 - geral - Da Redação
Por Otonelson Eduardo Prado
interesses à custa da exploração humana. Sediar campeonatos não vincula os nacionais brasileiros à megalomania do futebol mundial. O Brasil das ruas é o prognóstico de Celso Furtado, Betinho, Florestan Fernandes, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Helder Câmara, Teotônio Vilela, Paulo Arns e outros. Prognóstico de esperança que não está nas cores da Bandeira nem na composição literária do Hino Nacional somente. Está no livre exercício da cidadania contra as práticas convencionais do Estado e suas estruturas corruptas. Na contracultura dos atuais modelos tradicionais republicanos e democracias representativas que não se sustentam mais e vão à rota. Despencam enquanto os povos se auto-afirmam num protagonismo cidadão ao exigirem alternativas ao conceito de dignidade coletiva. Longa a agonia, entretanto, extenuada ao fim. Joseph Blater usou do seu pragmatismo ao justificar: “O Brasil pediu essa Copa do Mundo. Nós não impusemos ao Brasil esta Copa do Mundo. Eles sabiam que para ter um bom Mundial naturalmente teriam que construir estádios. Mas nós dizemos que não é apenas para a Copa do Mundo. Junto com os estádios há outras construções: rodovias, hotéis, aeroportos... São Itens do legado para o futuro. Não é apenas para a Copa do Mundo.” Pois, bem. É deste pragmatismo que a corja de maus brasileiros no exercício da política fez e faz seus celeiros todos os dias contra quem o Brasil do Passe Livre se insurge. O exercício de cidadania operosa do Movimento transcende aos interesses do alto dirigente da FIFA. Melhor tivesse calado, porquanto os brasileiros abraçam cores de uma nova copa do Brasil num campeonato de democracia, legitimado pela reivindicação popular pacífica e aplaudida por todos. No atrium desta legitimidade estão donas de casas, trabalhadoras, jornalistas, profissões emergentes, pesquisadores, advogados, professores e uma mescla do novo tecido social brasileiro que se expressa vigorosamente deixando atônita a classe política. Na contramão, Joseph Blater disparou sua incompreensão e ingratidão diplomática aos brasileiros: “Estão relacionando (as manifestações) com a Copa das Confederações. Eu posso entender que as pessoas não estão felizes. Mas acho que eles não deveriam usar o futebol para promover as reivindicações.” Fosse outro o momento, fato é que o Brasil do Passe Livre possui compromisso com a cidadania ampla e digna ao exigir qualidade no transporte, na educação, na saúde, nas estradas e na segurança e no emprego do dinheiro público, inclusive para viabilizar campeonatos de futebol. É tão certo que atletas internacionais serão bem recebidos por brasileiros, inclusive Joseph Blater se movimentará livremente pelo Brasil, pois, o Movimento não se expressa pelos interesses da FIFA. Nem por tutela das agremiações partidárias acomodadas a negociatas contra interesses coletivos. Está longe do modelo convencional dos partidos políticos e da democracia representativa descompensada dos sentimentos populares. O Brasil quer mais por merecer muito mais com dignidade e justiça. Este é o grito das atuais gerações e que vem das ruas. Quem relaciona as reivindicações dos brasileiros nos gritos das ruas à Copa das Confederações e Copa do Mundo é Joseph Blater. E ao relacionar erra com descabidas gafes e declarações pobres de sensibilidade coletiva. No entanto, ao reboque da desigualdade social humana, da indignidade coletiva, conhecemos o rosto de um novo Brasil que rompe o convencionalismo da política atual e dá exemplos de cidadania operosa, alegre e autêntica nas manifestações populares a um ritmo só: vem para as ruas!