
Responsável pelo setor de Vigilância Epidemiológica em Muzambinho, o jovem e competente profissional Otávio Henrique Domingues (foto) prestou importantes esclarecimentos à nossa reportagem nesta semana. Foram abordados temas como os números da dengue no município e região, minas interditadas e ações durante o carnaval.
SETE FOCOS DA DENGUE – Otávio Domingues afirmou que o tema causa preocupação em todo o país. Até porque existem vários fatores negativos ao controle da dengue como, por exemplo, o aquecimento global.
Em Muzambinho, a equipe de Controle de Endemais realiza um trabalho de coleta de amostras da larva que originam o mosquito Aedes Aegypti. A coleta acontece em cerca de 15% das residências do perímetro urbano do município. Durante o trabalho de pesquisa neste início do ano, foram identificados sete focos do mosquito. Deste total, três deles no bairro Jardim Canaã e outros focos em locais como o centro da cidade, bairro Alto do Anjo e até mesmo no Instituto Federal. Porém, o alto índice identificado no bairro Canaã chamou a atenção. Neste contexto, o problema no local seriam as piscinas que estão sendo consideradas fatores de risco para infestação do mosquito. Foi realizado um serviço de limpeza no bairro Jardim Altamira (ao lado do Canaã), em parceria com o setor responsável da prefeitura, com o objetivo de diminuir os possíveis focos. Até o momento, foram retirados 03 caminhões de entulho do local. Foi observado que o maior problema não é no terreno baldio, mas nas próprias residências.
MULTA PARA INFRATORES – O coordenador da Vigilância em Saúde explicou que esta sendo unida a força de polícia e punição da Vigilância Sanitária às atividades do Controle de Endemias buscando a saúde da população. Antes, o agente apenas prestava a orientação para que o morador tomasse as providências necessárias num determinado fator de risco. A partir de agora, o morador será notificado através de um documento especial. Na segunda ocorrência, o morador poderá sofrer uma multa, cujo valor varia entre R$ 95,07 (01 unidade fiscal) a R$ 9.500,70 (100 unidades fiscais).
Otávio manifestou que 70% da população de Muzambinho é consciente. Porém, não existe colaboração por parte do restante da comunidade (30%). Desta forma, esta sendo necessário tomar medidas diferentes buscando a conscientização sobre a situação. Já foram feitas entre 15 e 20 vistorias com ameaças de multas. A partir de agora, as medidas serão enérgicas. Agora, o morador será notificado e terá um prazo para tomar as medidas cabíveis de acordo com a gravidade da situação. Sem providências, a providência de limpeza será tomada pela prefeitura, com cobrança posterior.
DENGUE NA REGIÃO – Para esclarecer a necessidade de medidas mais enérgicas, Otávio relatou o problema enfrentado em Guaxupé. No ano passado, foram mais de 1.400 casos notificados e 700 casos confirmados da doença.
Em Muzambinho, já foram registrados 17 casos de dengue, mas todos “importados”. Ou seja, com as pessoas contaminadas em outras cidades e que observam os sintomas quando retornaram a Muzambinho. Até o momento, não foi registrado nenhum caso natural do município. Porém, Otávio fez um alerta preocupante: “Muzambinho nunca esteve tão próximo de um surto da dengue quanto agora”.
MUTIRÃO DE LIMPEZA – Otávio lamentou a prática irregular de algumas pessoas que jogam lixo no rio, próximo ao trevo da cidade. Para ele, este é um caso de polícia e inaceitável. Mas garantiu que o departamento de limpeza da prefeitura tem tomado as providências necessárias em diversos locais. Este é o caso do chamado “buracão da Cohab”, na entrada da cidade. Através de parceria com a empresa Grand Pneus, no ano passado foram recolhidos mais de 5000 pneus na cidade. Somente neste ano, já foram coletados mais de 800 pneus. Também já foram feitos dois mutirões de limpeza no “buracão da Cohab”. O profissional destaca a necessidade de maior conscientização por parte dos moradores de toda a cidade.
Otávio ainda revelou que os moradores do bairro Canaã estão mobilizados e interessados em participar do combate à dengue. Prova disso, que mantiveram contato com a prefeitura e solicitaram uma reunião com a Vigilância em Saúde, o que acabou acontecendo na última semana.
PREOCUPAÇÃO COM O CARNAVAL – Devido à grande presença de turistas durante o carnaval em Muzambinho, Otávio confessou a preocupação com a possibilidade de visita de alguém contaminado. Como o município tem o mosquito transmissor, a incidência da doença não é descartada. Ou seja, poderá ocorrer a transmissão originária no município. Portanto, renovou a necessidade de conscientização e cuidados dos moradores para evitar água parada em suas residências.
APOIO DA ADMINISTRAÇÃO – Otávio Domingues revelou o grande apoio da administração municipal no combate à dengue, citando o prefeito Sérgio Paoliello e Secretário de Saúde, Aloísio Santini. Destacou o fornecimento de veículo e aquisição na última semana de um equipamento chamado “atomizador”, importante no combate ao mosquito.
INFORMAÇÕES - Dúvidas sobre a dengue podem ser sanadas através do telefone (35) 3571-3773 ou 3571-2282 e mesmo na Av. Dr. Américo Luz, 216, centro.
MINAS INTERDITADAS – Indagado a respeito, Otávio esclareceu que praticamente todas as minas de água existentes no município continuam interditadas pelo setor responsável. Quando isto acontece, é feita a retirada do cano. Porém, muitas vezes, os próprios moradores ligam novamente a água, sendo esta uma providência inadequada. O profissional lamenta o fato, alertando que atualmente existe possibilidade de transmissão de doenças graves nas minas de água do município. Na última semana, foi firmada parceria com o IFSULDEMINAS – Campus Muzambinho, que passará a fazer exames em água (10/mês) e alimentos (05/mês). Além disso, são feitas 12 análises de água mensalmente por parte do estado. Assim, outras minas poderão ser interditadas. Até o momento, a única mina que ainda não foi interditada é aquela localizada no trevo da cidade.