Publicado em 11/12/2013 - geral - Da Redação
Pequeno distrito do Vale do Rio Doce se destaca na produção de peças íntimas
Foi assim que teve início a história da produção de lingeries em São João de Manteninha, município que hoje possui 38 confecções do segmento, estando a maior parte delas, 30, no distrito de Vargem Grande. Juntas, elas são capazes de produzir 500 mil peças e gerar uma renda de R$ 2 milhões a cada mês. O setor representa 90% das empresas e emprega metade da população local – 2.500 habitantes.
O diagnóstico feito na etapa inicial mostrou que o temor de que o lucro não superasse os custos de uma loja impedia os empresários de dar esse passo. “As confecções já eram empresas organizadas e cumpriam as leis, mas continuavam escondidas em fundos de quintal. Mostramos que era preciso abrir as portas para exibir produtos e receber clientes. Para prepará-los, oferecemos capacitações, desde gestão de negócios até atendimento ao cliente, e o processo de abertura de lojas foi iniciado”, lembra Marcelo Gonçalves, analista do Sebrae Minas.
A resposta ao investimento foi rápida e serviu para alavancar mais as vendas. Hoje em dia, os produtores possuem pronta-entrega e o número de estabelecimento em Vargem Grande chega a exceder o de fábricas, já que cinco delas estão instaladas na cidade de São João de Manteninha, mas que foram estabelecidas na área em que circula um maior número de clientes.
Em 2010, já com 23 fábricas de lingerie registradas no distrito e quase todas com lojas próprias, foi iniciado o projeto Confecção de Lingerie de São João do Manteninha e região, guiado pela metodologia Gestão Estratégica Orientada para Resultados. “Para reduzir os efeitos da falta de mão de obra, uma das principais queixas dos empresários, optamos em trabalhar essa deficiência realizando capacitação e consultorias de produção e processos nas fábricas. Implementamos o Programa de Alavancagem Tecnológica (PAT) em duas etapas, com 200 horas de capacitação e consultorias, em que os empreendedores aprenderam a montar suas células de produção. Muitos deles chegaram a aumentar sua produtividade em 45% com a mesma quantidade de funcionários”, detalha Marcelo Gonçalves.
Para orientar o crescimento, a próxima etapa foi a realização de 100 horas de consultoria de gestão e layout por empresa, para implantação de um rigoroso controle de produção. O modelo proporcionou a escolha de algumas empresas a adotarem o pagamento por produção, o que gerou aumento da produtividade e melhorou os salários dos funcionários, que passaram a ganhar gratificações ao atingirem as metas estipuladas.
Campo fértil
O cenário econômico favorável rendeu a São João do Manteninha o status de polo de confecção de lingeries e colocou o município na rota dos representantes, sacoleiros, lojistas e consumidores finais de vestuário. A região recebe diariamente centenas de clientes, vindos de diversas regiões de Minas Gerais, além de Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Os fornecedores de matéria-prima também vão diretamente às fábricas, diferente do início, em que os produtores tinham que se deslocar para conseguir os insumos.
As opções de lojas de pronta-entrega em Vargem Grande são muitas e próximas umas das outras, mas cada qual com sua identidade e seus produtos com características específicas. Os empresários se conhecem, trocam conhecimento e indicações de matérias-primas. Dessa forma, a concorrência ocorre de forma harmônica e colaborativa.
Para nutrir a relação de parceria e união entre os empresários, no segundo ano do projeto, o Sebrae Minas contratou cem horas de consultoria, divididas em cinco meses trabalho, para fortalecer o associativismo e o cooperativismo no grupo, o que resultou na criação da Associação dos Empreendedores de Confecções, Indústrias e Comércios de São João do Manteninha e Região (Assecon). A entidade é presidida por Emerson Xavier, que se reúne mensalmente aos colegas empresários para discutirem e decidirem juntos os assuntos de interesse da coletividade.
De acordo com ele, a maior dificuldade tem sido a falta de mão de obra, problema que se agrava no final do ano, com o aumento da demanda de produção. “Para suprir o gargalo e não deixarmos de atender os clientes, temos buscado recursos para capacitar novos profissionais”, relata.
Outro ponto trabalhado pela Assecon junto à prefeitura e aos órgãos locais é a melhoria da infraestrutura do polo. Como resultado do crescimento das confecções, hoje o distrito conta com dois restaurantes, um posto de gasolina, uma cooperativa de crédito, uma linha de ônibus e taxi. As reivindicações atuais incluem a aplicação de asfalto na via de 6km que leva à entrada do distrito, a instalação de telefonia celular com qualidade, a ampliação das instalações elétricas para melhorar a qualidade da energia e a construção de um hotel.
O Sebrae Minas também se esforça para contribuir para a autonomia e sustentabilidade à Associação. “Estamos finalizando um diagnóstico para elaborarmos um plano de ação para aproveitamento de resíduos das fábricas, como recortes de tecidos, linha, papel, plástico e carretel. Para 2014, já estamos planejando a realização da primeira feira de lingerie de São João do Manteninha e região”, antecipa Marcelo Gonçalves.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Sebrae Minas