O Brasil mostra a sua cara

Publicado em 19/06/2013 - geral - Da Redação

“Desculpem-me, mas o alvo não são os centavos de diferença. Nem mesmo o aumento das tarifas. Isso é só o motivo aparente. Também não é o Alckmin, o Haddad, o Cabral, o Paes, o Anastasia, o Feliciano ou a Dilma. Nem o PT ou o PSDB ou qualquer outra sigla. Na verdade o motivo é que saco encheu de só pagar imposto e não receber nada em troca. É o saco cheio de forma generalizada, com a bandalheira generalizada. É o descompasso crescente entre o que a população quer e o Estado, que perigosamente finge não ver e nem ouvir, como se nada disso fosse com ele. Isso tudo espelha é o sentimento geral do brasileiro que cumpre o seu dever. Ninguém consegue engolir sapo indefinidamente, e aí os centavos se tornam a gota d’água. Alguma hora isso iria acontecer.

Pela terceira vez na história recente do país, o povo brasileiro muda o status de “Deitado eternamente em berço esplêndido” para “Verás que um filho teu não foge à luta”. O povo está saindo às ruas e mostrando a sua cara. Uma indignação que explode no peito! Os movimentos “Diretas Jà” pela redemocratização do Brasil em 1984 e o Impeachment do Presidente Fernando Collor em 1992 são exemplos de que a força do povo pode transformar.
Nesta semana, milhares de pessoas saíram às ruas de São Paulo para protestar contra o aumento de 20 centavos no preço do transporte público. Porém, a manifestação ganhou força e deixou apenas a cifra dos centavos para expressar insatisfação com diversas outras situações de descaso dos políticos. O exemplo paulista foi seguido pelos moradores de diversas capitais do país.
E os 20 centavos se transformaram em milhões de reais. Isto porque o povo mostra indignação com os gastos absurdos e milionários na construção e reforma de estádios para a Copa das Confederações neste ano e Copa do Mundo de Futebol em 2014. Se existe dinheiro para o futebol, não existe para mais leitos e atendimentos nos hospitais. Para as escolas sucateadas e professores mal pagos. Para a área da segurança pública, sendo que atualmente a população se tornou refém da criminalidade. “Queremos hospitais e escolas no padrão FIFA”, exigem os manifestantes.
Os governantes brasileiros alugaram o Brasil para a FIFA. Pior que isto, estão fazendo verdadeiras doações, pois a Copa do Mundo vai acontecer sob as exigências de primeiro mundo para um país que ainda não alcançou este status no serviço público e atendimento à sua própria população. E quem ganha são apenas três: a própria FIFA, as empreiteiras que faturam bilhões e a TV Globo que detem a exclusividade e negocia a sua transmissão para todo o mundo, também em bilhões.
“De um povo heróico o brado retumbante”. As manifestações são legitimas e democráticas. Até porque o povo vem coibindo a participação de partidos políticos, com interesses sempre escusos. Sair às ruas com faixas e marchando com a “cara pintada” são atitudes absolutamente positivas. O direito de expressão deve ser respeitado. O povo mostra a sua cara de inconformismo com a corrupção que assola o país e deixa órfãos os serviços básicos.
“Brasil, de amor eterno seja símbolo”. Mas os atos de vandalismo devem ser recriminados. Deve prevalecer o civismo e patriotismo. As manifestações devem ser por mudanças no campo da democracia. Ninguém deseja uma “caça às bruxas”, mas que o país seja levado a sério por seus governantes. Que haja punição para os “colarinhos brancos” no caso Mensalão e que seja dada uma resposta efetiva sobre Cachoeira e tantos outros crimes contra a população brasileira. Que os políticos, vereadores e deputados, trabalham em prol dos interesses do povo e não de seus partidos. Esta é a hora certa de pensar em protestos também na urna eleitoral eletrônica. Que o povo deixe de vender os seus próximos quatro anos por promessas e barganhas.
“De amor e de esperança à terra desce”. E que a esperança se torne realidade através de mudanças concretas. Não aconteceram protestos quando os estádios começaram a ser construídos. Depois de prontos, o povo saiu às ruas. É hora de pensar se o país quer as Olimpíadas de 2016. O governo vai fazer novos investimentos faraônicos, deixando de lado questões como saúde, educação e segurança.
“Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada!” Que o país continue sendo adorado e amado. Que as manifestações continuem de forma pacífica, respeitando o patrimônio público e particular. Que o povo tenha o direito de “gritar” por mudanças. E que estas mudanças realmente aconteçam!
EM MUZAMBINHO E REGIÃO
Segundo informações obtidas em redes sociais, diversas cidades da região preparam manifestações para este final de semana. Em Muzambinho, uma passeata está marcada para acontecer nesta sexta-feira, 21, com quase 1000 pessoas confirmando participação. O protesto também será contra os desmandos e descasos que ocorrem no país. Mas pode ser também contra a violência que vem assolando a cidade com assaltos, roubos e explosões de caixas eletrônicos.
Vale aqui uma reflexão. Fala-se em participação do povo para solucionar este grave problema. Mas o povo já paga seus impostos para o governo do estado. Agora, sugere-se que a população seja penalizada, pagando novamente um imposto que não foi revertido em segurança pública. O município é penalizado com a manutenção da Policia Militar. O governo manda os policiais e as viaturas. Mas é o município que paga a gasolina, o conserto, o papel e outras coisas mais. Além disso, é questionável o fato da população também pagar pela segurança que beneficia agências bancárias. Qual a responsabilidade dos banqueiros? Para fazer uso das agências, a população paga inúmeras taxas. Não se perdoa nada e cobra-se até para se retirar um extrato. E a segurança nos bairros periféricos, na zona rural e nas escolas? Fica o desejo e esperança de que as manifestações em Muzambinho e região sejam pacíficas. E que o povo se mobilize também em outras ocasiões, quando seus direitos não são respeitados.
O brasileiro está mostrando a sua cara e alertando que não quer PÃO E CIRCO, querem GOVERNO!
Editorial - A Folha Regional