Publicado em 12/09/2014 - geral - Da Redação
Ao longo do ano, atividades no Parlamento têm estimulado a reflexão sobre o golpe de 1964, em defesa da democracia.
Uma página no Portal da Assembleia reúne vários conteúdos produzidos a propósito desse evento. Estão disponíveis fotos, textos, vídeos e áudios das matérias de cobertura do ciclo de debates e de audiências públicas que também abordaram a ditadura militar. Também podem ser acessados a partir dessa página um documentário da TV Assembleia e matérias especiais produzidas pela Assessoria de Imprensa da ALMG que aprofundam a discussão sobre o regime militar.
O caráter econômico por trás das decisões políticas que levaram à ditadura militar, bem como o envolvimento de civis na preparação do golpe foram abordados durante as palestras proferidas nos dois dias do ciclo de debates. Entre outros aspectos, os participantes avaliaram as perseguições e as torturas nos porões do sistema; a censura; a Lei de Anistia; a resistência ao regime; a transição para a democracia e as heranças do período ditatorial.
A palestra magna, proferida pela ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal, Eleonora Menicucci, abordou o tema “Direito à Verdade, à História e à Memória” e foi seguida de quatro painéis: “Contexto do Golpe Militar de 64”; “Múltiplos Olhares da Resistência”; “Fim do Regime e Transição: (des)caminhos e processos”; e “Da Redemocratização ao Dias Atuais: Dilemas e Perspectivas”.
Paralelamente ao ciclo de debates, foi realizada a exposição ”1964-1985 – a Subversão do Esquecimento”, que permaneceu aberta ao público na Galeria de Arte da Assembleia durante um mês, de 31 de março a 30 de abril. A mostra reuniu fotografias, documentos, músicas, publicações, discos, charges e objetos diversos, procurando retratar o clima e os principais acontecimentos sociais, políticos e culturais do período, compreendendo quatro fases específicas: Antecedentes do Golpe (início dos anos 1960); O Golpe (1964-1968); Anos de Chumbo (1969-1974); e Fim da Ditadura (1975-1985).
Outro importante evento foi o ato em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos mineiros, realizado no dia 31 de março, no Hall das Bandeiras, com a presença do presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PP), do presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), e outras autoridades.
Outros eventos - Mas as atividades não se esgotaram aí. Nos meses seguintes, outros eventos foram realizados na Assembleia Legislativa para protestar contra o golpe militar e denunciar os desmandos dos 21 anos de ditadura. Audiências públicas da Comissão de Direitos Humanos, por exemplo, condenaram perseguições e torturas cometidas contra indígenas e sindicalistas. Censura, assassinatos e desaparecimentos de militantes de esquerda também foram alvo de protestos em reuniões e audiências públicas. Além dos debates, exposição e audiências, a ALMG realizou, ainda, apresentações culturais tendo como foco o período da ditadura. A data foi marcada ainda por entrevistas e programas especiais na TV Assembleia e pelo lançamento de documentários e matérias especiais publicadas no Portal da ALMG.
Participantes desses eventos concluíram, entre outros pontos, que o Brasil ainda precisa implementar uma série de medidas para eliminar os resquícios do regime de exceção, como a permanência de práticas de tortura em órgãos policiais do Estado e de sua postura repressiva em relação aos movimentos sociais.
Preservação da memória - Para o procurador da República Edmundo Antônio Dias, um dos palestrantes do Ciclo de Debates Resistir Sempre – Ditadura nunca Mais, o Estado deve promover ações para a preservação da memória e para implementar procedimentos inerentes à justiça de transição relativa ao regime militar. Em sua palestra, ele lembrou que outros países da América Latina, como Argentina e Uruguai, já têm processos avançados nesse sentido, tendo em curso inclusive, desde a década de 1980, comissões da verdade e ações penais.
De acordo com o procurador, um dos caminhos para a reabilitação do Estado no Brasil foi o pagamento de indenizações aos cidadãos torturados e às famílias que tiveram membros mortos ou desaparecidos durante o regime militar. “No entanto, há muito o que fazer. Seria necessário, por exemplo, reformar o sistema de segurança pública - que ainda possui estrutura semelhante à do período ditatorial -, desmilitarizar a polícia e desvinculá-la do Poder Executivo”, enfatizou.
Deputados também defendem resgate histórico
Na matéria especial Uma História que não Pode ser Esquecida, publicada no Portal da Assembleia, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo, afirma que a postura daqueles que ainda defendem o golpe militar é uma tentativa de negar o passado, de encobrir os próprios erros. “Um regime que depõe um presidente legitimamente eleito, que exclui o voto direto, que tortura milhares de pessoas, que assassina ou desaparece com mais de 500, que cassa centenas de mandatos políticos, que joga na ilegalidade partidos políticos e sindicatos, que silencia a imprensa, não é ditadura?”. A pergunta retórica pontua o posicionamento enfático do parlamentar. “Parte da nossa história não pode virar poeira. Precisamos lembrá-la até mesmo para não repeti-la”, defende.
No mesmo texto, o presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro, também defende a necessidade de se fazer esse resgate histórico. “Relembrar os 50 anos do golpe de 1964 é essencial para retirarmos, do episódio e de seus desdobramentos, lições que possam orientar o nosso comportamento atual, evitando a repetição de erros. O debate, todavia, não deve ser feito apenas de olho no retrovisor, buscando a revisão do passado, mas de modo a direcionar as ações do futuro”, destaca.
Em outra reportagem especial, a ALMG resgata o processo de abertura dos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social do Estado, o temido Dops, abordando o Decreto Estadual 46.143, de 2013. O decreto regulamenta a norma que dispõe sobre o acesso aos documentos remanescentes do extinto órgão. A lei é um dos desdobramentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Assembleia de Minas, em 1998, para apurar denúncias sobre a incineração do arquivo original.
Fonte: ASCOM / ALMG