Publicado em 30/01/2019 - geral - Da Redação
O Governo de Minas está
monitorando o deslocamento da pluma de rejeitos que vazou após o rompimento da
Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana
de Belo Horizonte. O avanço está sendo mapeado a partir de dados coletados por
meio de sobrevoos feitos por equipes técnicas do Sistema Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), desde o dia seguinte ao rompimento da
Barragem B1. A estrutura, de propriedade da Mineradora Vale S.A., se rompeu na
última sexta-feira, 25 de janeiro.
Os
primeiros dados coletados mostram que, nesta segunda-feira, 28 de janeiro, a
pluma de sedimentos já se deslocou 57 km do local do rompimento, na altura do
município de Juatuba, com velocidade média que vem se reduzindo. No domingo, 27
de janeiro, era de 1,6 km/h, enquanto medição feita segunda-feira mostra que a
movimentação alcançou 0,83 km/h.
O
acompanhamento dos rejeitos é uma das ações do Plano Emergencial de
Monitoramento da Qualidade da Água e dos Sedimentos no Rio Paraopeba e
tributários impactados pelo rompimento da mina. Dentro do planejamento, outra
iniciativa desenvolvida é a análise dos cursos d’água atingidos em 47 pontos.
São 18 estações de monitoramento já existentes e outras 29 emergenciais,
geridas em um esforço conjunto do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam),
da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), do Serviço Geológico do
Brasil (CPRM) e da Agência Nacional de Águas (ANA).
As
análises vão subsidiar a elaboração de boletins que serão divulgados
diariamente. O monitoramento contemplará parâmetros básicos de qualidade de
água (temperatura, oxigênio dissolvido, turbidez e pH), a série de metais, além
de concentração de sedimentos. A extensão do monitoramento é do local do
acidente, percorrendo o Rio Paraopeba à jusante, até o reservatório da Usina
Hidrelétrica Três Marias.
Dados
de turbidez analisados no Paraopeba também já apontam queda nesse índice. O
limite legal para curso d’água de classe 2, como é o Paraopeba, é de 100 NTU
(unidade de turbidez) e série histórica de monitoramento do Igam aponta valores
médios de turbidez de 87,16 NTU, cerca de 20 km a jusante do acidente.
Medição
realizada pela Copasa, às 8h do dia 26 de janeiro, no local de sua captação, a
19 km a jusante do acidente, resultou em 63.700 NTU. Já às 16h30, a turbidez
havia caído para 34.220 NTU. Dados de domingo mostram que o total reduziu para
17.000 NTU e nesta segunda-feira, 28, para 11.600 NTU.
Já na
Usina Termoelétrica da Cemig, em Juatuba, localizada a 45 km do local do
rompimento, medição feita nesta segunda-feira apontou índice de 96 NTU a
jusante da barragem da Termoelétrica, ou seja, dentro do limite estabelecido
para Classe 2.
MONITORAMENTO
A
análise da água e dos sedimentos será feita diariamente e até várias vezes por
dia, e por período indefinido, até quando se julgar necessário, nas 18 estações
já previamente existentes: Igam (12), Copasa (3) e CPRM/ANA (3). A
frequência do monitoramento será continuamente avaliada conforme resultados
obtidos e a passagem da onda de rejeitos. O início do monitoramento seguirá uma
sequência de montante para jusante, à medida em que os rejeitos avancem ao
longo do rio.
Além do
monitoramento da qualidade da água, será feita também o monitoramento
geoquímico dos sedimentos, com frequência de 15 dias. A análise será feita pela
CPRM e em 29 pontos. Serão coletadas amostras de sedimento de fundo e água
superficial. O propósito desse monitoramento é comparar os dados geoquímicos
coletados com aqueles anteriores ao desastre.
AUTO DE
FISCALIZAÇÃO
No auto
de fiscalização lavrado pelo Sisema, ainda no dia do rompimento, foi
determinado pelo órgão ambiental, à Mineradora Vale S.A., o monitoramento da
qualidade da água e de sedimentos nos seguintes pontos:
-
Córrego do Feijão à montante e à jusante das barragens rompidas e na
confluência com o Rio Paraopeba.
- Rio
Paraopeba, à montante da confluência com o Córrego do Feijão e imediatamente
após a foz do Córrego do Feijão, e também à montante da captação da Copasa.
Outros
pontos de monitoramento poderão ser definidos de acordo com a necessidade. Em
relação à qualidade da água foram definidos 20 parâmetros, como PH,
condutividade elétrica, oxigênio dissolvido e turbidez, entre outros, que devem
ser medidos com uma frequência diária seguindo a Deliberação Normativa
Copam/CERH 01/2008. Em relação a sedimentos foram determinados 11 parâmetros,
com frequência semanal.
CAPTAÇÕES
AFETADAS
O Igam
informa que as outorgas de direito de uso de recursos hídricos e cadastros de
uso insignificante, regularizados junto ao Estado, que se situam nos cursos
d’água impactados pelo fluxo da pluma de rejeitos poderão ser afetados em
quantidade e qualidade da água em decorrência dos impactos do carreamento dos
rejeitos.
Os
detentores dos direitos de uso de recursos hídricos afetados pelo rompimento da
Barragem B1, caso as condições de qualidade ou quantidade inviabilizem o uso,
podem solicitar junto ao Igam autorização prévia para intervenção emergencial
em corpo hídrico de nova captação, em alternativa à intervenção regularizada
impactada, conforme estabelecida pela Portaria IGAM nº 87/2008.
Deste
modo, eles terão seus processos de outorga priorizados pelo Estado a fim de
minimizar impactos sociais e econômicos decorrentes, em virtude do interesse
público, conforme definido no Inciso I, art. 13 da Resolução CNRH nº 16/2001.