ARTIGO ESPECIAL: Orientação psicológica da gravidez

Tenho um imenso prazer em abordar o tema da preparação psicológica da gestante, esta modalidade de acompanhamento é tão importante quanto o pré-natal, ambas objetivam contribuir para a saúde física e mental tanto da mamãe quanto do futuro bebê e não podemos esquecer o papai, elemento importantíssimo tanto para a mulher quanto para a criança que  está se formando em seu ventre. Neste período de intensas vivencias e inúmeras mudanças físicas, psicológicas e familiares a orientação psicológica tem o intuito de possibilitar uma experiência mais equilibrada, tanto das emoções quanto das diversas manifestações que ocorrem neste período. A gestação planejada ou não, pode ser considerada desejada visto que um homem e uma mulher precisaram se relacionar sexualmente para que a gravidez pudesse se concretizar, sem este contato intimo apenas por meio da fertilização assistida é que a gestação se tornaria possível. Assim pensamos que a partir do momento que o bebe é gerado, ele toma vida e torna-se realidade na vida de seus pais.
Este é considerado um período especial na vida e no relacionamento familiar, surgem novas responsabilidades, papeis, atitudes, torna-se fundamentais novas posturas diante do mundo e da vida. As mudanças iniciam no momento da certificação da gravidez por meio de exames sanguíneos, urinários e de imagem (ultrassom). Esta novidade pode acontecer em diversificados momentos de vida, muitas vezes sem que se espera como é o caso de muitas adolescentes ao iniciarem a vida sexual, ou mulheres adultas que não estão em uma relação estável, ou ainda com casais que priorizam sua vida profissional antes de constituir uma família com filhos.
Pensando nesta perspectiva onde a gravidez pode ser inoportuna, é preciso sempre ter bem claro que este é um compromisso para toda a vida, ter um filho não é como comprar uma bolsa ou um boné, ou adotar um animal de estimação, a ligação é única. Por isso ter um filho não é uma decisão momentânea, este fato é atribuído também para aqueles que planejam a gestação e escolhem um momento aparentemente ideal para ter um filho.
A orientação psicológica da gravidez envolve desde o suporte para o planejamento e para a ansiedade dos casais que desejam ter um filho ou que resolvem adotar uma criança; até para os pais e mães vulneráveis emocionalmente, que não se adaptaram aos novos papeis sociais; para aqueles que buscam informações, esclarecimentos, acolhida para angustias e incertezas.
Afinal durante nove meses o casal grávido construirá uma nova identidade, deixarão de ser filho e filha para se tornarem pai e mãe, esta transição não é fácil e nem sempre agradável, neste período muitos conflitos podem surgir, principalmente se os pais não estão preparados para assumirem estes papeis ou quando não estão mais em um relacionamento. Procurar um profissional da área da psicologia nestes ou em outros contextos pode ser um suporte para os novos pais com suas duvidas, temores, fantasias, perdas e ganhos.
Após a descoberta da gravidez muitos casais se preocupam com as questões sexuais mesmo que elas tenham sido esclarecidas pelo ginecologista/obstetra que está responsável pelo pré-natal, muitos sentimentos e temores assombram os futuros papais. Para a mulher ainda veem os enjoos, o aumento da necessidade de sono, a instabilidade emocional, as mudanças corporais e hormonais que a deixa mais sensível, neste contexto a orientação traz a possibilidade de falar, abrir-se, compreender-se e descobrir-se em um novo papel.
E o futuro papai? Para os homens é esperado que apoiem a mãe, a conforte, seja seu ponto de segurança, mas eles também estão vivenciando uma nova instancia da vida, e precisam se preparar para a paternidade e também encontram-se em um período mais vulnerável, que pode originar sentimentos conflitantes e angustiantes, também sendo destino da orientação para a gravidez.
A gravidez pode ser sim uma experiência de futuras mamães e futuros papais de maneira mais saudável, tranquila, informada e orientada para que diminuam as ansiedades e as culpas e aumentem a felicidade e o prazer. Afinal quando nasce uma criança, nasce também uma mãe e um pai.

Cristiane de Cássia Martins Bissoli
Psicóloga, pós graduando em Psicologia do Trânsito.
CRP 04/37114