Salvo do mundo das drogas

Publicado em 09/09/2011 - geral -

O impactante testemunho do jovem Mateus Dias Rosa Pereira, que com apenas 25 anos de idade, tem um grande testemunho de vida. Depois de “experimentar” o mundo das drogas e do crime, teve a vida radicalmente mudada por Deus e hoje é instrumento de transformação de muitas pessoas

FALTA DE ESTRUTURA FAMILIAR FOI A BASE DOS ERROS
Mateus nasceu em São Paulo e aos seis meses de idade veio com a família para Muzambinho, onde passou a infância, junto com outros familiares do sobrenome “Dias”. Depois de seis anos, sua família retornou para a capital paulista, onde estudou e se formou. Também residiu no Rio Grande do Sul, Mato Grosso e várias outras localidades. Isto devido ao divórcio dos pais, quando tinha oito anos de idade, e sua mãe foi obrigada a residir em lugares diferentes. Há alguns anos, sua mãe reside em São Paulo. “A base dos caminhos errados percorridos foi a falta de estrutura familiar na infância”, disse. Hoje, acredita que as brigas conjugais causam maior sofrimento nos filhos, justamente quem tem menos estrutura. O divórcio dos pais aconteceu quanto tinha 8 anos de idade e esteve diante da escolha mais difícil da sua vida: ficar entre o pai e a mãe. Na época, como a maioria, escolheu ficar com a mãe. Seu pai se mudou para os Estados Unidos, ficando sem o mesmo durante uma boa parte da vida. No ano seguinte, sua mãe descobriu que tinha câncer de estômago, sendo este mais um fato traumático. Os médicos chegaram a avisar que sua mãe tinha apenas seis meses de vida.

ENVOLVIMENTO COM O MUNDO DAS DROGAS
“Com a infelicidade dos meus pais, separação e distância do meu pai, doença da minha mãe, eu cresci como muitos dos adolescentes estão hoje: revoltados com a vida”, confessou. Achava que Deus era injusto e que era o ser humano mais infeliz do mundo. Ao invés de fazer algo para mudar a situação, acabou descontando na sua própria vida.
Passou, então, a andar por caminhos errados. Até porque hoje os adolescentes tem acesso a todos os tipos de prazeres possíveis. Nas festas e baladas, passou a ter contato com o álcool e cigarro. Aos poucos foi perdendo o controle da situação e usando as chamadas “drogas sociais”. A primeira droga que usou, ao contrário de muitas pessoas, foi a benzina, substância muito comum no Mato Grosso quando tinha 16 anos de idade. Esta droga “abriu as portas” para todas as outras, pois buscava outras “sensações”. Subindo os degraus da escada das drogas, passou a usar a maconha e cocaína, se tornando rapidamente um viciado. Usava durante os finais de semana, pensando que tinha o controle da situação. Somente se deu conta do problema quando passou a usar cocaína todos os dias. Buscando “sensações” cada vez mais fortes, passou a ter contato com o crack. As estatísticas comprovam que o usuário se vicia no crack no “primeiro trago”.

DEMITIDO E CHEGANDO AO FUNDO DO POÇO
Mateus trabalhava no Grupo Abril, em São Paulo, onde recebia um salário médio de R$ 4.500,00/mês. Com isso, tinha uma vida social bastante intensa e um padrão de vida invejável. Freqüentava as melhores festas e circulava com pessoas da alta sociedade paulistana.
Porém, usava crack nos finais de semana e acabou sendo demitido do “bom” emprego por faltas constantes ao trabalho. Assim, com a falta de dinheiro, perdeu também a sua vida social. Como viciado e sem controle das emoções, entrou numa profunda depressão. “Quanto mais deprimido eu ficava, mais drogas eu usava”, revelou. Passou então a usar drogas todos os dias. Chegou a ficar por sete dias seguidos numa favela em São Paulo, usando drogas e chegando ao “fundo do poço”. Ficou por 28 dias desaparecido, com a família o procurando em hospitais e IMLS. “As máscaras que eu usava, caíram”, falou.

FUNDO POÇO ERA MAIS EMBAIXO: CRIME E CADEIA
Durante os sete dias que permaneceu numa favela em São Paulo, Mateus conviveu com os traficantes do local. Sem medir as conseqüências, aceitou o convite e passou a vender drogas na zona norte da capital paulista. “Se já esta tudo perdido, que se perca de vez”, falou naquele momento. Era a oportunidade de usar drogas e ganhar dinheiro. Fazia o plantão nas madrugadas, permanecendo armado e preparado para qualquer coisa. Por muitas vezes, fugiu e apanhou da polícia. Sentia a sensação da morte a todo instante.
Neste convívio diário, observou que a droga atinge a toda sociedade, do mendigo à classe alta. Notou que o usuário antes rico, um dia se tornava um mendigo devido ao nível de desespero. “O crack é uma fábrica de fazer mendigos”, disse.
Mateus conta que fumava cerca de 50 pedras de crack por dia. Seu dinheiro era transformado em duas garrafas de conhaque e quatro maços de cigarro. Em pouco tempo, se tornou um dos líderes/gerentes do tráfico na favela. Com dinheiro, voltou a participar das festas, então como traficante e criminoso.
No convívio com a alta sociedade, passou a conhecer um outro tipo de crime: o crime da alta sociedade. Conheceu pessoas que vivem uma vida de luxo, sustentata através da criminalidade. Passou a conhecer alguns assaltantes que o convidavam frequentemente para assaltos. Num primeiro momento, não aceitava porque não achava certo tirar algo de um pai de família. Porém, a necessidade do dinheiro para manter o vício e o seu padrão de vida, o levou a aceitar o convite. Assim, participou de um assalto de um carro na zona norte de São Paulo. “Eu não tinha medo de ser preso porque na verdade por dentro eu pedia a morte. Queria morrer para parar de sofrer”, confessou. Passou a praticar outros assaltos, chegando ao ponto de roubar carros por encomenda todos os dias.
Na madrugada de 03 de março de 2008, Mateus assaltou o carro de um policial da Força Tática do Estado de São Paulo. A favela foi invadida por 16 viaturas, com os policiais chegando a entrar no barraco onde Mateus estava. Os “companheiros” do tráfico passaram a ser torturados e Mateus, ainda com uma parte boa no coração, acabou se entregando para a polícia. Acredita que somente não morreu naquele momento devido às muitas testemunhas ao redor do barraco. Mesmo assim, foi muito agredido e torturado, saindo arrastado da favela. Na delegacia de Guarulhos, foi ameaçado e preso, depois transferido para o Centro de Detenção Provisória.
Na cadeia, o primeiro pensamento era de que iria morrer. Porém, se “vestiu de corajoso” como forma de defesa, conseguindo o respeito. Em apenas um mês dentro da cadeia, foi “batizado” numa facção criminosa. “Não porque queria, mas aceitei por pressão”, confessou. Também se tornou um dos líderes daquela facção, passando a ter poder e facilidade no consumo de drogas, mesmo dentro da cadeia.
Mateus foi condenado a 6 anos de prisão. Sua liberdade provisória, por ser réu primário, foi pedida por 18 vezes, sendo todas negadas. Isto sob a alegação de sua alta periculosidade e por ser líder de uma facção criminosa. Com isso, foi transferido para a Penitenciária de Guarulhos, onde estão alguns dos presos mais perigosos do país.

NA SOLITÁRIA, O REENCONTRO COM A VIDA
Depois de algum tempo na penitenciária, Mateus acabou desacatando um policial e foi levado para o castigo ou RCD – Regime de Cela Disciplinar. Mas o local é mais conhecido pela sociedade como “solitária”. Na cadeia, o local é chamado de “pote” ou “buraco”, por ter o espaço de 2 metros por 2 metros, sem a luz do sol, com um buraco no chão para as necessidades e uma torneira de meio metro de altura. “Era verdadeiramente o fundo do poço”, disse.
Hoje, Mateus garante: “Agradeço a Deus por ter sido preso e ter parado na solitária”. Naquele momento, percebeu que estava no fundo do poço e abandonado por todos, sem família e amigos.
A única coisa que tinha dentro da solitária era a Bíblia, justamente a Palavra de Deus. No ínicio, tirava as folhas da Bíblia para fumar maconha. Depois, sem a maconha, cigarro e sabonete para tomar banho, entrou em depressão e tentou o suicídio.
Sem conseguir o suicídio, passou a ler a Bíblia, começando pelo livro de Jô, do capítulo 1 até o 19. Em meio às lágrimas, depois de 17 dias na solitária, adormeceu e ouviu uma voz: “A paz do nosso Senhor Jesus Cristo”. Se levantou, foi até um buraco na porta e ouviu as palavras de um evangélico sobre sua vida: “Jesus esta aqui hoje para dizer a você que mesmo que todos tenham te abandonado, Ele nunca te abandonou. E Ele esta com as mãos estendidas para te levantar. Para te tirar do lixo, do pó e te colocar assentado na mesa com os príncipes”. O evangélico então leu o cap. 19 do livro de Jô, o mesmo capítulo que Mateus havia lido antes de adormecer.
Quanto isto aconteceu, Mateus se postou em joelhos, em lágrimas, arrependido de tudo que havia feito. Naquele momento, passou a dedicar a sua vida a Jesus Cristo. Se tornou um evangélico dentro da cadeia, passando a pregar para os irmãos dentro da facção criminosa e toda população carcerária. Teve a oportunidade de pregar para 600 presos em cada pavilhão.
Através da transformação da sua vida, parou de usar drogas e todo tipo de dependência. Como na parábola do filho pródigo, retornou para a “casa do pai”, sendo abraçado por Deus.
No dia 11 de maio de 2009, Mateus aceitou a Jesus Cristo dentro da cadeia. No dia 25 de julho de 2009, foi batizado na Igreja dentro da cadeia, passando a servir a Deus. Deixou dentro da cadeia, duas celas servindo a Deus e, convocado, ainda deu aulas de química, física e biologia.
Mateus foi surpreendido com a liberação para passar a Páscoa de 2010 em casa. Depois, retornou e foi transferido para o regime semi-aberto. No dia 22 de novembro de 2010, foi novamente surpreendido com o direito à liberdade condicional. Precisando viajar pelo país para levar a mensagem de Deus, no dia 03 de março deste ano teve o pedido aceito pelo Juiz responsável. Naquele dia, conseguiu o perdão de 3 anos de sua pena.
“Hoje, sou livre das drogas, da criminalidade e sou feliz. Tenho certeza que todos aqueles que se entregarem a Jesus Cristo vão conseguir os mesmos passos que tenho dado. Vão ver milagres em sua vida e ao seu redor. E também vão conseguir ser felizes”, falou.
Mateus conclui: “O impossível para os homens, é possível para Deus”.