Impasse entre Muzambinho e Juruaia debatido na Câmara Muzambinhense

Publicado em 30/09/2011 - legislativo -

A última reunião do Legislativo muzambinhense, realizada na segunda-feira (26), serviu para debater três importantes temáticas: Projeto de Resolução que disciplina a colocação de fotos na Galeria dos Presidentes, segurança pública e trânsito e, principalmente, o impasse entre as cidades de Muzambinho e Juruaia, em torno de uma cascalheira no bairro Córrego da Onça.

- O Projeto de Resolução proposto pela Mesa Diretora da Câmara, visa a alteração da Resolução nº 5, de 31 de maio de 2005, que dispõe sobre a galeria de presidente do Legislativo. Em resumo, a proposta tem por objetivo a não colocação (ou retirada) de fotos de vereadores que tenham sido destituídos ou cassados, na galeria de presidentes, caso como o do ex-vereador Otávio Sales (PPS). O projeto foi comentado pelo vereador Mário Menezes, que julgou ser procedente a iniciativa, parabenizando a Mesa pela atitude. Neste sentido, o vereador fez questão de destacar que foi procurado por ex-presidentes da Câmara e familiares dos que já não estão vivos, relatando o profundo descontentamento com relação à presença material (foto) de Otávio em meio aos demais na galeria mencionada.
- Com relação às discussões em torno da segurança pública e o trânsito em Muzambinho, decidiu-se que a Câmara, juntamente à Polícia Militar realizará uma Audiência Pública na quinta-feira, 20 de outubro às 18 horas, para que as temáticas sejam apresentadas em plenário, discutidas e possa-se então chegar a uma solução que atenda todo o povo muzambinhense. A ideia de elaboração da Audiência partiu dos vereadores, Canarinho, Marinho Menezes e Gilmar Labanca, acompanhados pelo ex-vereador conhecido como Carlão Coimbra e também o Tenente Guilherme, da PM local. Para os edis, a questão precisa ser amplamente discutida junto à população, que tem clamado por uma resolução dos constantes roubos identificados na cidade, além do elevado número de multas aplicadas pela PM no município, o que tem gerado debates fervorosos entre os cidadãos. Para o vereador Marinho Menezes, a polícia ostensiva juntamente à polícia civil deveria elaborar uma política preventiva e educacional, para que houvesse ao menos uma “gota” de tolerância dos que aplicam as punições aos motoristas e as multas consequentemente, pesassem menos em seus bolsos. Com relação a estas, o vereador e presidente Canarinho destacou ter sido o primeiro vereador a contestá-las na cidade, já que considera Muzambinho, um lugar muito pequeno para a quantidade de punições aplicadas. Para ele, a audiência servirá à conscientização de todos e a prevenção de abusos cometidos por ambas as partes. Gilmar Labanca disse preferir não se conflitar neste sentido, sua opinião sobre o assunto é que se elas estão sendo aplicadas é porque são amparadas pela lei. O edil ainda comentou a realização da Audiência Pública, julgando-a necessária e vendo a mesma como uma oportunidade de se esclarecer e educar o trânsito local, que considera desrespeitoso principalmente para com os idosos e as crianças. Sobre os constantes roubos, destacou, “O pessoal de Muzambinho está inseguro, sendo comum encontrar pessoas na rua dizendo que não querem mais sair de casa por medo de voltar e vê-la vazia.  Na zona rural está acontecendo muito isso. Tentaram roubar uma casa no Ribeirãozinho, residência de Miguel Justino, onde arrombaram o portão e estouraram a janela. A população tem cobrado muito o tenente, quando a responsabilidade é de todos. Eu sinto pela data da audiência ser tão distante”. Gilmar lembrou ainda, que ele próprio teve um caso de roubo em sua família. O sobrinho do vereador teve o carro roubado no último fim de semana em uma festa de casamento na cidade.

CASCALHEIRA DE JURUAIA?
O impasse entre Muzambinho e Juruaia destaca a exploração desta última, em uma cascalheira localizada no bairro denominado Córrego da Onça. A confusão começa logo na questão territorial, já que Juruaia comprou de Muzambinho uma área, cujo perímetro abrange a tal cascalheira, em outras palavras, esta passou a pertencer ao município juruaiense. O caso é que, nos anos de 2001 e 2002, Juruaia deu início a uma exploração desenfreada no local, pautada na extração não-sustentável, isto é, sem a preocupação com as questões ambientais. O resultado foi um imenso impacto ecológico que culminou com o assoreamento dos rios próximos ao local, um prejuízo aos moradores daquele bairro. Na época, a Justiça junto ao prefeito de Juruaia, elaborou um termo de ajustamento de conduta e embargou a exploração. O chefe do Executivo deu lugar a outro que não interferiu na cascalheira, mas o impasse voltou à tona com o desejo atual do município de Juruaia em retomar as atividades mineradoras.
A vereadora Silene Cerávolo relatou em plenário, que fora procurada pelo Secretário de Meio Ambiente e também, membros do Codema (Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente), comunicando à mesma, que eles não concordam com a posição do município de Juruaia em querer retomar os trabalhos na cascalheira, e por isso não assinaram documentos recebidos recentemente. Os responsáveis pelo setor pedem o apoio dos vereadores nesta questão, já que receberam autonomia do prefeito de Muzambinho para decidirem o melhor a ser feito.
A vereadora requereu junto aos demais em plenário, um ofício ao Codema, dizendo que eles também (os edis) não concordam com a retomada da exploração.
“ A situação lá é caótica”, disse Márcio Dias, que lembrou a visita feita por ele e o vereador Gilmar naquele local em período anterior. “O que acontece é que Juruaia está tendo uma embaixada em Muzambinho, que é lá onde compraram”.
Gilmar Labanca disse que é preciso que se entenda o lado da população daquele bairro, “É claro que o município que comprou a cascalheira quer explorá-la, mas a comunidade daquele bairro tem nos procurado e prefere que a exploração não seja feita devido a calamidade que já se encontra o local”. O vereador acredita que se fosse o contrário, Juruaia também estaria preocupada com seus moradores. Ainda neste sentido, o presidente Canarinho enfatizou que uma nova interferência do homem na mineração daquele espaço culminaria com irreparável prejuízo aos moradores, que já chegaram a ficar sem abastecimento de água na época.