Publicado em 09/02/2018 - marco-regis-de-almeida-lima - Da Redação
Segundo estudiosos e
publicações, o carnaval. “É uma herança de várias comemorações realizadas na
Antiguidade, por povos egípcios, hebreus (?), gregos e romanos. Esses festejos
pagãos serviam para celebrar grandes colheitas e louvar divindades. É provável
que as mais importantes festas ancestrais do carnaval tenham sido as ‘saturnalias’,
realizadas na Roma antiga, em exaltação a Saturno, deus da agricultura. [...]
Os bailes de máscara eram tradicionais em países da Europa, como a Itália, já
no século 13. No entanto, tais festas eram restritas à nobreza. Foi a partir do
século 19 que as máscaras e fantasias começaram a se tornar mais populares.
Nessa época as personagens de maior sucesso eram o Pierrot, o Arlequim e a
Colombina (da Commedia Dell’Arte Italiana), além de trajes de caveiras, burros
e diabos”. Este amplo histórico pode ser lido integralmente de onde parte foi extraída:
https://mundoestranho.abril.com.br/cultura/qual-e-a-origem-do-carnaval.
Mas, o tempero não muda muito se
você pesquisa outros endereços digitais, tal como: brasilescola.uol.com.br/carnaval/historia-do-carnaval.
Daqui, entretanto, pinçamos a referência ao carnaval brasileiro. “O carnaval é
a festa popular mais celebrada no Brasil e que, ao longo do tempo, tornou-se
elemento da cultura nacional. Porém, não é uma invenção brasileira nem,
tampouco, realizada apenas neste país. A História do Carnaval remonta à
Antiguidade, tanto na Mesopotâmia, quanto na Grécia e em Roma. [...] A história
do carnaval no Brasil iniciou-se no período colonial. Uma das primeiras manifestações
carnavalescas foi o Entrudo, uma festa de origem portuguesa que, na Colônia,
era praticada pelos escravos (“uma bagunça feita principalmente pelos escravos
com direito a guerras de água, farinha, lama e limões de cheiro”, dito em outro
endereço). [...] Depois, surgiram os cordões, os ranchos, as festas de salão,
os corsos, os blocos e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus passaram
a fazer parte da tradição carnavalesca brasileira. Marchinhas, sambas e outros
gêneros musicais também foram incorporados à maior manifestação cultural do
Brasil”. Acrescente-se que o carnaval
dos Vermes e Cia. é o maior exemplo de um carnaval atual e diversificado.
Pessoalmente, lembro-me dos
reinados de momo aqui na região, no final da década de 1950 e de todos os anos
60 seguintes. O ponto alto do carnaval regional eram os bailes carnavalescos de
salão, abrilhantados por orquestras renomadas ou mesmo por talentosos músicos
locais, sendo marchinhas e frevo o cardápio musical. Não vou citar alguns
músicos assim de memória para não me esquecer de outros. Mas, os melhores
bailes de salão, desta microrregião da média Mogiana, dúvidas eu não tenho em
apontá-los, por ordem alfabética: Automóvel Clube, de Muzambinho; Clube
Areadense, de Areado; Clube Guaxupé, Clube Recreativo Muzambinho e Clube
Operário de Guaxupé. Eram bailes para associados, que aceitavam os pagantes de
época, se tinha grana entrava. A vinda do carnaval de rua brasileiro para a
televisão foi o incentivador das prefeituras aqui da região para que fizessem o
mesmo.
No meu primeiro mandato de
prefeito, e já no primeiro ano – 1989 – isto veio a acontecer em Muzambinho,
com desfiles de blocos puxados por um trio elétrico, montado pela
municipalidade, através da Avenida Dr. Américo Luz, seguindo-se as noitadas num
limitado espaço, que, no 2º ano foi asfaltado e recebeu o nome de Muzambódromo,
mais ou menos toda a área entre os quiosques de hoje. No meu segundo mandato,
13 anos depois do outro, encontrei e mantive o grande desenvolvimento dessa
festividade e, creio, haver montado a primeira tenda carnavalesca na Avenida. Sob
a batuta de Nelson Damião e Robinho de Castro foram 4 anos do “Carnaval das
Gerações”, apoiando os desfiles das quatro escolas de samba: Unidos do Alto do
Anjo; Águia de Ouro, da Barra Funda; Espelho da Liberdade, do Brejo Alegre; e
Unidos da Vila Socialista. Para dar isenção ao julgamento das concorrentes,
inovamos com a contratação de jurados de São Paulo. O Bloco dos Vermes já dava
os primeiros passos no sentido do crescimento e profissionalização, tornando-se,
atualmente, com o Bloco do Urso, de Sta. Rita do Sapucaí, as duas grandes
expressões não somente do Sul de Minas, mas de todo o Estado, atraindo foliões dos
limites paulista e fluminense/carioca.
Somos 23 mil habitantes em
Muzambinho. No carnaval a cidade quase que dobra o número de pessoas. Não quero
entrar no mérito dos conterrâneos que gostam ou deixam de gostar da folia.
Hoje, o Bloco dos Vermes faz o seu carnaval à parte que traz benefícios à
economia local, indiscutivelmente. Entretanto há um ônus que recai sobre a
Prefeitura, além de um choque de costumes, que gera protestos na população
local.
Tudo é festa, tudo pode ser
superável. O que as autoridades locais e policiais do Estado devem estar
atentas é para a apologia da violência, que vem sendo uma constante na vida
brasileira, nos últimos tempos, decorrente não só das drogas, também do
profundo fosso político que tem dividido os brasileiros desde a última eleição
presidencial e o “golpe de estado constitucional”. É inaceitável, por exemplo,
o florescimento de grupos ideológicos radicais e intolerantes que querem assim
participar da festa carnavalesca como se tudo natural fosse. O exemplo mais
forte e recente vem do Grupo Direita São Paulo, que constituiu o Bloco Porões
do DOPS. Não é possível que pessoas jovens se sintam descomprometidas com o
passado que não viveram, conhecendo fatos históricos reais de um período de
repulsiva ação de torturadores, gerando danos mentais, suicídios, mutilações,
desaparecimentos e mortes – que podem acontecer de lado a lado – se não
trilharmos as veredas do bom senso e da paz entre os homens. Aqui em Minas
Gerais, as polícias Civil e Militar estão sob as ordens de um governo que
repudia e combate essas ações inconsequentes e desvairadas, portanto aptas a
dar fim em manifestações deste tipo, sendo este colunista uma sentinela pronta
para dar o alarme. Festejemos todos em paz sobrepondo os valores da harmonia
aos da intolerância – seja na ideologia política, seja no respeito racial, seja
no respeito às mulheres e à diversidade sexual.
MARCO REGIS - O autor é médico, foi prefeito de
Muzambinho (1989/92; 2005/2008) e deputado estadual – MG (1995/98;
1999/2003) - marco.regis@hotmail.com