Publicado em 30/04/2018 - paulo-botelho - Da Redação
O Ovo da Serpente é um filme do diretor sueco Ingmar Bergman
realizado em 1977; ano do auge da ditadura militar que assolou o Brasil.
O filme mostra o lento envenenamento psico-social ocorrido na
Alemanha de Hitler. Tal envenenamento é como o ovo da serpente: por meio de
finas membranas é possível discernir o réptil em gestação. Mas é difícil
distinguir os usos do medo e da esperança em política. São irmãos gêmeos.
Privam de luz a racionalidade e podem envenenar o coração de forma lenta,
gradual.
Foram envenenadores e sem fundamentos os discursos dos ministros
Luiz Roberto Barroso e Rosa Weber na sessão do STF que julgou o Habeas-Corpus
do Presidente Lula. Os argumentos revelaram o despreparo e o primitivismo
desses ministros, regiamente remunerados pelos trabalhadores deste país. De
formação insuficiente, precária, nunca leram “Dos Delitos e das Penas” de
Cesare Beccaria; nunca leram “Os Donos do Poder” de Raymundo Faoro.
Sob a névoa de uma pretensa virtude, o julgamento de Lula abrigou
o ovo da serpente. Os brados de combate à corrupção escondem os gritos da
inconformidade com os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade.
As serpentes não são como as galinhas que botam os seus ovos
fazendo alarde; elas botam em silêncio. Assustador silêncio.
Algumas delas já saíram de
suas cascas e estão prontas para a reprodução. São elas: Barroso, Rosa, Moro,
Dallagnol, Carlos Fernando, Villas-Boas e Bolsonaro. Outras tantas estão em processo
de gestação.
Lula preso pode ser impedido de concorrer à eleição de Outubro
próximo, porém é impossível apagar o que ele fez – com coragem – em favor dos
mais pobres, carentes de tudo.
Acho que Deus ama esse povo tão pobre e carente; do contrário não
o teria feito tão numeroso.
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Consultor de Empresas e
Escritor. Associado-Docente da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência. www.paulobotelho.com.br