Publicado em 16/11/2010 - paulo-botelho - Paulo Botelho
“Do berço ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamamos de problemas, são apenas lições”. De Magistro, Santo Agostinho (354-430).
Na curta rua do bairro da Saúde onde fica o apartamento de Ana, minha filha, só tem uma única casa térrea que sobrou depois de tanta especulação imobiliária. A pressão que o chinês Fan-Liang-Pin sofreu para vender a casa “não está no gibi!” – Quase foi expulso da casa, não obstante o que já sofrera do “camarada” Mao-Tse-Tung quando teve que deixar a China e a Universidade de Pequim. Ainda professor de Métodos Quantitativos no Ensino Superior em São Paulo, Fan continua tendo dificuldades com o Português. “Põe a teu carro no meu porta quando vier visitar filha!” Mas, Fan, disse a ele outro dia: como você e sua família vão fazer para sair e entrar de carro? Resposta: “Primeiro filho mora em Canadá; segundo filho é casada; terceiro filho mora comigo e deve andar de ônibus; assim tenho Wei-Ji: resolvo teu problema e tenho oportunidade de economizar!” Aí está. Diz a sabedoria chinesa que toda crise (não saber o que fazer) sempre oferece uma oportunidade diante de um problema. O ideograma Wei (Problema) e Ji (Oportunidade) são os componentes estruturais da crise. Toda crise apresenta-se como um componente de transformação ou mudança. Eles, os chineses, sempre tiveram uma visão inteiramente dinâmica do mundo e uma aguda percepção de um processo histórico. Não é à toa que eles estão nos surpreendendo com os saltos que estão dando.