VELHICE E MORTE
Publicado em 01/06/2012 - paulo-botelho - Paulo Botelho
“Envelhecer: que coisa mais estranha de acontecer a um rapaz”. (Joaquim de Luna Miranda Couto, poeta e magistrado - meu bisavô paterno)
O corpo vai dando sinais de decadência, doendo e reclamando onde antes não havia nada de errado. Aos poucos, as pessoas que amamos - e que nos amam - começam a morrer. Paul Auster, escritor americano, autor de “Olhos Vendados” analisa: “O tempo voa, e a aritmética mais básica mostra que os anos que ficaram para trás são em número maior do que aqueles que se tem pela frente”.
Mas, é depois dos sessenta anos que a maioria de nós vive assustada com fantasmas. Eles vivem dentro de nós. E nossas conversas com os mortos tomam quase tanto tempo quanto as conversas com os vivos. É difícil para um jovem – um rapaz ou uma moça – entender isso. Não que um jovem de 30 anos não saiba que vai morrer, mas é a perda de outras pessoas que afeta tão fortemente os mais velhos. Não se pode saber o que o acúmulo de perdas é capaz, na verdade, de fazer com as pessoas. “A verdade é filha do tempo” já ensinava o filósofo Hegel.
A vida é curta. No fim das contas, quantas pessoas que amamos – e que nos amam – de fato? – Poucas. Muito poucas. E quando elas começam a ir embora, muda o mapeamento do nosso mundo interior.
Se tenho mesmo que partir, pelo menos que seja lembrando de boas companhias: Karl Marx, que propôs um mundo mais justo, morreu; Antonio Gramsci, o comunista e intelectual italiano, que formulou a boa escola para todas as classes sociais, morreu; Augusto Botelho, meu avô, construtor de casas para os sem-teto, morreu; Josefina Bueno, minha prima, a farmacêutica que me livrou de todas as doenças infantis, morreu; Jean Moulin, o líder da Resistência Francesa contra o Nazismo, morreu; Tinoco, o irmão do Tonico, último depositário da verdadeira música caipira, morreu. - E Oscar Niemeyer, o arquiteto da beleza do sonho; Nelson Mandela, o reconstrutor da África do Sul; e eu mesmo, não estamos nos sentindo bem!
O corpo vai dando sinais de decadência, doendo e reclamando onde antes não havia nada de errado. Aos poucos, as pessoas que amamos - e que nos amam - começam a morrer. Paul Auster, escritor americano, autor de “Olhos Vendados” analisa: “O tempo voa, e a aritmética mais básica mostra que os anos que ficaram para trás são em número maior do que aqueles que se tem pela frente”.
Mas, é depois dos sessenta anos que a maioria de nós vive assustada com fantasmas. Eles vivem dentro de nós. E nossas conversas com os mortos tomam quase tanto tempo quanto as conversas com os vivos. É difícil para um jovem – um rapaz ou uma moça – entender isso. Não que um jovem de 30 anos não saiba que vai morrer, mas é a perda de outras pessoas que afeta tão fortemente os mais velhos. Não se pode saber o que o acúmulo de perdas é capaz, na verdade, de fazer com as pessoas. “A verdade é filha do tempo” já ensinava o filósofo Hegel.
A vida é curta. No fim das contas, quantas pessoas que amamos – e que nos amam – de fato? – Poucas. Muito poucas. E quando elas começam a ir embora, muda o mapeamento do nosso mundo interior.
Se tenho mesmo que partir, pelo menos que seja lembrando de boas companhias: Karl Marx, que propôs um mundo mais justo, morreu; Antonio Gramsci, o comunista e intelectual italiano, que formulou a boa escola para todas as classes sociais, morreu; Augusto Botelho, meu avô, construtor de casas para os sem-teto, morreu; Josefina Bueno, minha prima, a farmacêutica que me livrou de todas as doenças infantis, morreu; Jean Moulin, o líder da Resistência Francesa contra o Nazismo, morreu; Tinoco, o irmão do Tonico, último depositário da verdadeira música caipira, morreu. - E Oscar Niemeyer, o arquiteto da beleza do sonho; Nelson Mandela, o reconstrutor da África do Sul; e eu mesmo, não estamos nos sentindo bem!
Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor, Escritor e Consultor de Empresas - www.paulobotelho.com.br