Publicado em 22/08/2018 - politica - Da Redação
Em resposta à carta
divulgada à imprensa pelo ex-prefeito Márcio Lacerda
O senhor Marcio Lacerda fez
chegar à imprensa uma carta, em que credita a “conchavos de gabinete” e à
“velha política” a retirada de sua candidatura ao governo do Estado de Minas
Gerais.
O motivo imediato, contudo,
está longe de se encontrar no que foi alegado: a desistência se dá como
consequência natural da derrota certa que encontraria na Justiça Eleitoral,
mobilizada por ele na tentativa de anular as deliberações do Congresso Nacional
Eleitoral do PSB, que ocorreu no dia 5 de agosto de 2018.
O contexto geral, por outro
lado, explica os motivos pelos quais a candidatura ou qualquer outra
alternativa se tornaram inviáveis.
Inicialmente, Márcio Lacerda
não compreende que política é uma atividade que se exerce por meio de
construções coletivas. Ou seja, diálogo não é conchavo; construir candidaturas
viáveis não equivale a fazer má política; ouvir o conjunto de forças envolvidas
não representa caudilhismo.
Por outro lado, a vontade -
grandeza essencial a qualquer ator político que se queira relevante - não é
afirmação autoritária e irresponsável de uma postulação.
Vejamos: Marcio Lacerda foi
informado, em primeira hora, sobre o andamento das articulações do PSB Nacional
relacionadas a Minas Gerais. Desde sempre, houve a preocupação de encontrar,
para ele, até ali merecedor de tal deferência, uma posição compatível com sua
trajetória política.
Já nesse ponto se apresentou
a surpresa: um candidato que havia declinado de sua própria candidatura, por
meio de carta dirigida à presidência nacional do PSB, que afirmara a intenção
de ir “cuidar de seus netos”, resolveu impor a todos, por meio da
judicialização do processo, sua vontade individual.
A atitude confere com o
estilo: um político inseguro, vacilante, indeciso, que faz política sem
qualquer consideração ao esteio de relações que ela implica, afirma não raro,
com seu autoritarismo, uma tentativa de superar as fragilidades que promove, ao
cultivar um personalismo, de natureza obviamente antidemocrática.
Se os brasileiros,
especialmente aqueles de Minas Gerais, quiserem formar um juízo mais acurado
sobre o quilate desse binômio personalismo/autoritarismo, basta recordar o que
ocorreu na sucessão do próprio Márcio Lacerda, na prefeitura de Belo Horizonte.
Ele anunciou, pela imprensa,
a retirada da candidatura do executivo Paulo Brant para, na sequência,
emprestar seu apoio ao candidato do PSD, que mereceu míseros 3% de votos,
quando as urnas se fecharam.
É certo, em meio a uma crise
tão severa como a atual, que a população do grande Estado das Minas Gerais
merece mais razoabilidade e respeito do que se pode esperar de alguém tão
claudicante.
Carlos Siqueira
Presidente Nacional do
Partido Socialista Brasileiro - PSB