Publicado em 31/05/2018 - politica - Da Redação
Dificuldade para escoar produção foi um dos mais graves problemas denunciados pelos produtores rurais de Minas
A convite do deputado
estadual Antonio Carlos Arantes (PSDB), presidente da Comissão de Agropecuária
e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG),
representantes dos produtores rurais, empresários e de cooperativas e
sindicatos ligados ao agronegócio e ao transporte de cargas e passageiros
participaram de audiência pública, nesta terça-feira (29/05), a fim de discutir
o desabastecimento, a dificuldade para escoar a produção e a crise no setor,
tudo isso em função da greve dos caminhoneiros que dura mais de 10 dias em todo
o Brasil. Participaram, também, os deputados Fabiano Tolentino, Inácio Franco e
Bosco.
Logo no início da
audiência, Arantes exibiu diversos vídeos que foram enviados por produtores
rurais de todas as regiões do Estado mostrando o caos em que suas propriedades
se encontram por não conseguirem escoar sua produção. Cenas de desperdício de
litros e mais litros de leite, aves sem ração morrendo nas fazendas, assim como
o gado que já sente o impacto de toda a crise.
Na
opinião do parlamentar, a greve atingiu seus objetivos. “Por mais que as
demandas dos caminhoneiros sejam justas, e elas são, todo movimento tem começo,
meio e fim. O que temos visto é uma infiltração de gente da esquerda que quer
fazer politicagem ao persistir com a paralisação. Isso é danoso para o próprio
movimento e mais danoso ainda para o País. Estamos com os caminhoneiros, mas a
politicagem e inoperância do governo nós não vamos aceitar”, disse Arantes.
Os participantes
agradeceram ao deputado Arantes pela oportunidade de se manifestarem e
buscarem, em conjunto, saídas para a crise. Todos consideraram as demandas dos
caminhoneiros legítimas, mas afirmaram que a paralisação já passou da hora de
terminar sob pena de gerar graves consequências para o agronegócio e a
indústria. Segundo eles, o setor já soma prejuízos incalculáveis e levará em
torno de 100 dias para começar a se recuperar. Desabastecimento e demissões
foram apontados como consequências imediatas.
Muito pessimistas com os
rumos que o movimento tem tomado, os participantes criticaram a paralisação por
estar nas mãos de bandidos, o que tem sido extremamente prejudicial para Minas
e para o País. Eles cobraram do governador Fernando Pimentel medidas para
conter a crise e atender às principais e emergenciais demandas do setor antes
que seja tarde demais. Todos reclamaram da ausência de um representante do
governo na audiência para ficar ciente da gravidade da situação.
Setores expõem prejuízos incalculáveis e apontam para agravamento da crise
“Até agora já foram
perdidos mais de 130 milhões de litros de leite. O setor acumula um prejuízo de
R$ 300 milhões, sendo que cerca de R$ 120 milhões vão direto para o bolso do
consumidor. A indústria não vai conseguir repor os estoques de leite e
derivados nos supermercados. Não tem embalagens, nem ingredientes, não tem nem
como ligar as caldeiras”, lamentou seriamente o diretor executivo do Sindicato
da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados no Estado de Minas Gerais
(Silemg), Celso Costa Moreira.
Esse mesmo cenário
desastroso foi descrito pelo vice-presidente da Federação das Indústrias do
Estado de Minas Gerais (Fiemg). “Se nada for feito para conter os efeitos dessa
paralisação que já se mostrou extremamente danosa para o País, a indústria vai
ter que demitir e a sociedade é quem vai pagar caro por isso. Enfrentaremos o
desabastecimento e o desemprego graças a esse quadro de desorganização total da
economia”, apontou Teodomiro Diniz Camargos.
Segundo o analista
institucional da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais
(Ocemg), Geraldo Magela, a previsão de crescimento para o agronegócio este ano
já não era grande como em anos anteriores. “Agora, com essa crise toda
desencadeada por uma paralisação que passou dos limites, o crescimento do nosso
setor será bem menor. O comprometimento do transporte de aves, por exemplo, é
uma verdadeira catástrofe”, classificou.
Mário Ferreira Campos
Filho, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais
(Siamig), também apresentou números que provam que a crise é grave. “Das 34
usinas, 20 estão paradas e até a próxima quinta-feira todas vão parar. As
empresas estão há nove dias sem faturar”, expôs. Mário Campos solicitou ao
deputado Arantes que apoiasse a instituição para que fosse possível
comercializar o etanol próximo de onde ele é produzido neste momento de falta
de combustível. “O etanol é produzido a 350 km de Betim, mas tem que ser
trazido a Betim para depois viajar os 350 km de volta e ser comercializado em
no mesmo município onde foi produzido. São 700 km de deslocamento em tempos de
falta de combustível. Um absurdo”, criticou.
Arantes apresenta projetos para redução nos preços dos combustíveis e cobra ações do governador
Para o deputado, o
governador Fernando Pimentel foi rápido na hora de aumentar em 50% o ICMS de
180 produtos e agora, com o Estado vivendo uma grave crise, demora a tomar
alguma atitude. “O governador precisa sair da inércia, baixar o imposto
estadual, o que pode ser feito por decreto, reduzindo dos atuais 15% para 12%,
como permite a Lei 11.869. Queremos do governador Pimentel atitude. Não adianta
cobrar de quem está morrendo”, criticou Arantes.
Na ausência de uma
iniciativa do governador no sentido de negociar com os caminhoneiros em Minas,
Arantes apresentou um projeto de lei para reduzir a alíquota do ICMS do óleo
diesel ainda mais, de 15% para 10%. E apresentou também um outro projeto
propondo a redução da alíquota do ICMS da gasolina de 31% para 29% e do etanol
de 16% para 14%. “Só depende da vontade do governador. Se for para beneficiar o
povo, nós estaremos aqui para ajudar e votar sempre que a proposta for a de
abaixar os impostos”, afirmou o parlamentar.
Comissão aprova dois requerimentos
De acordo com sugestão dos
participantes, o deputado apresentou dois requerimentos que foram aprovados na
própria audiência. O primeiro deles foi sugerido pelo diretor da Coopertramo,
cooperativa de taxi, Geraldo Osmany de Almeida, solicitou que durante a crise
para o abastecimento de veículos, o governo destinasse um posto para os taxistas
que fazem parte do transporte público. “O metrô está em greve, os ônibus não
estão circulando normalmente, as pessoas estão sem combustível, o taxi é uma
das alternativas e precisa rodar”, argumentou.
O segundo requerimento
propõe uma visita de todos os representantes do setor da indústria e do
agronegócio ao governador a fim de discutirem saídas para a crise. “Lamentável
que o governo demonstre seu profundo desrespeito pela população ao não enviar
um representante para esta audiência. Ele se diz o governo do diálogo, mas não
está aqui para ouvir ninguém. Se é assim, nós vamos até ele, porque do jeito
que está não tem como ficar”, finalizou Arantes.
Assessoria de
Comunicação
Deputado Estadual
Antônio Carlos
Arantes