Deputado Arantes ouve representantes dos produtores

Publicado em 02/03/2016 - politica - Da Redação

Deputado Arantes ouve representantes dos produtores

Depoimentos em audiência pública na ALMG mostram extensão da crise do leite 

Produtores rurais da região manifestaram sua insatisfação com as políticas públicas desenvolvidas pelos governos estadual e federal no que diz respeito à produção de leite em Minas e no Brasil. As críticas vieram à tona durante audiência pública realizada na quinta-feira (25/2/16) pelas Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A audiência discutiu os desafios da cadeia produtiva do leite e as dificuldades enfrentadas pelo produtor, que sofre com o aumento no custo da produção e a diminuição no preço do produto.

O presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PSDB), lamentou o aumento de impostos para o produtor, como, por exemplo, na energia elétrica, e se disse preocupado com o aumento da insegurança no campo e com o significativo crescimento da importação do leite, que tem feito uma concorrência desleal com o produto nacional.

Os representantes dos produtores de todo o Estado presentes na audiência concordaram com as colocações do deputado. Arnaldo Botrel Reis, presidente da Associação dos Sindicatos do Sul de Minas (ASSUL), disse que a pecuária tem sido desvalorizada e mal tratada pelo Governo. "Falam que é preciso fazer cortes de despesas e diminuem os recursos da segurança, da saúde e da educação. Mas ninguém entende porque criam três secretarias e mais cargos nos conselhos da Codemig, da Cemig, o que chega a dar um salário de R$ 60 mil para alguns secretários. E depois temos o aumento da energia elétrica do produtor rural. Como apoiar um governo desses?", questionou Arnaldo Botrel.

O presidente da ASSUL também apontou como grande problema a falta de técnicos da Emater para atender aos produtores e o estado de abandono das fazendas da Epamig no Estado. "Ou esse Governo é conivente com o crime ou é incompetente", criticou Arnaldo Botrel, que também fez questão de falar sobre o absurdo de o Governo de Minas ter concedido a Medalha da Inconfidência ao líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile. "O Governo deveria valorizar os trabalhadores rurais", concluiu.

Cássio Camargos, consultor da Associação dos Produtores de Leite da Região de Passos (APROLEITE), que conta com 80 produtores, cobrou um diagnóstico constante da pecuária de leite. "É preciso ter números, trabalhar a gestão das fazendas de leite e combater a tripanossomose bovina. Se fizermos um levantamento, já morreram mais de 2 mil animais", apontou Cássio Camargos.

Críticas ao governo também vieram do diretor do Sindicato dos Produtores Rurais de Monte Carmelo, Claiton Luiz e Lima. Para ele, é uma vergonha o orçamento destinado à Seapa. "O governo não vai ter dinheiro para fazer tudo o que prometeu na área. Não estou aqui para bater no governo. Não adianta bater em couro grosso que não dói", afirmou o produtor rural de Monte Carmelo.

O depoimento do presidente do Sindicato Rural de Pará de Minas, Eugênio Diniz, também foi nesse mesmo tom de duras críticas ao governo do Estado. "O governo faz a gente de bobo e de palhaço. E a cadeia produtiva do leite é a galinha dos ovos de ouro porque somos os maiores produtores do Brasil. O governo precisa valorizar o produtor", questionou Eugênio Diniz. Para ele, quem sabe se o preço de leite está bom ou não é quem tira leite.

A concorrência desleal com outros países tem levado muitos produtores a desistir do negócio. José Alfredo Quintão Furtado, presidente do Sindicato Rural de Rio Pomba, afirmou que os produtores de países como Uruguai e Argentina contam com apoio do governo. "Dificilmente poderemos competir com eles, dificilmente ficaremos na atividade, muitos venderam as vacas de leite em leilão. Vou fazer bezerro para vender para corte. Antigamente, precisava-se de quatro vacas de corte para se comprar uma vaca de leite. Hoje, uma vaca de corte vale uma de leite", lamentou José Alfredo.

Os produtores também apontaram a falta de assistência técnica como causa da crise. Moisés Soares, produtor de Divinópolis, disse que a Seapa é a principal responsável pela redução de técnicos. Segundo ele, a Emater aderiu à política de demissão voluntária e, com isso, mais de 80 pessoas deixaram a empresa. "E o governo faz concurso para contratar 20 profissionais. Isso é uma vergonha. Faltam técnicos para dar assistência ao produtor. Muitas vezes esse técnico não tem a estrutura necessária para trabalhar. A Seapa tem que dar condições para a Emater fazer o trabalho dela. Também tem que dar condições para o IMA fazer o trabalho dele. Ou vocês acham que o IMA tem estrutura suficiente para vistoriar e adequar todas as propriedades rurais do Estado?", questionou Moisés Soares.

O secretário municipal de Indústria, Comércio e Serviço de Turmalina, Jadilson de Jesus Cordeiro Maciel, também criticou a falta de assistência técnica aos produtores. "A Emater, há muito tempo, deixou de ser uma empresa de assistência técnica e extensão rural. Precisamos de políticas públicas sérias do governo", cobrou.

Falta de segurança no campo também é debatida 

O produtor de Divinópolis também apontou a questão da violência no campo com um dos fatores da crise do leite. "A falta de segurança pública na zona rural compromete a longevidade das famílias no campo, pois o medo põe as pessoas para fora da zona rural. Recentemente tivemos o assassinato de uma das nossas lideranças, de um grande produtor rural. Estamos abandonados à própria sorte", lamentou Moisés Soares.

A questão da segurança também foi abordada pelo produtor rural de Florestal, Otoni Alves de Oliveira Melo. "Tudo que é de ruim está indo para o meio rural porque fogem da polícia que está só nas cidades. Precisamos da proteção da polícia e de acabar com essa lei retrógrada que proíbe a gente de ter arma na roça para se defender", ponderou.

Para Otaviano de Oliveira, presidente da Cooperprata, de Lagoa da Prata, o leite, como qualquer mercadoria, é baseado na lei da oferta e da procura. "Qual o benefício que o governo dá para os produtores rurais? O governo do Estado mantém o incentivo de 12% deveria ir para o pequeno produtor, mas vai para a Nestlé e empresas do mesmo nível. A manutenção dos 12% do ICMS é muito importante. A Nestlé recebe milhões desses 12% e não distribui. Em 2001 teve a CPI do Leite na Assembleia. Estamos precisando de outra", afirmou Otaviano de Oliveira.

A demanda por uma CPI do Leite também veio do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais do Serro, Roberto de Castro Teixeira. "Precisamos de uma nova CPI do Leite. Os supermercados exigem dinheiro para colocar os nossos produtos nas prateleiras. Deixamos os produtos nos supermercados, emitimos a nota fiscal de um determinado valor para recebermos o pagamento em 30 dias. Só que quando vão nos pagar, pagam 20% a menos do valor da nota fiscal. Isso é um problema, inclusive para nós. Isso é caixa 2. É difícil enfrentar essa gente", denunciou Roberto de Castro Teixeira.

Arantes ficou satisfeito com a grande participação e contribuição das pessoas durante a audiência pública. "O nosso trabalho continua. Não vamos parar por aqui. Há muito por ser feito. As cobranças junto aos governo federal e estadual serão feitas. O que estiver ao nosso alcance será feito", concluiu o parlamentar.

Fonte: Assessoria de Comunicação Deputado Estadual Antônio Carlos Arantes