Folha entrevista Carlos Mosconi: pré-candidato a deputado federal pelo PSDB

Publicado em 06/05/2018 - politica - Da Redação

Folha entrevista Carlos Mosconi: pré-candidato a deputado federal pelo PSDB

Uma liderança regional com grandes chances de voltar a representar o Sul de Minas no Congresso Nacional é o médico nefrologista e urologista, Carlos Mosconi. Aos 73 anos, marido, pai e avó, ele traz na bagagem uma carreira repleta de experiências muito bem sucedidas, que incluem quatro vezes deputado federal e duas vezes, estadual. Nascido em São Paulo, mas em Andradas desde os primeiros meses de vida, foi no Sul de Minas que Mosconi se estabeleceu e foi pela região que ele sempre trabalhou. Neto de imigrantes italianos, desde cedo, Carlos Mosconi sempre teve a política como parte importante e fundamental da sua vida. Ainda criança, viu o pai, Alcides Mosconi, ser prefeito de Andradas, cidade a 40 quilômetros de Poços de Caldas e na sequência, deputado estadual, o que provocou a mudança da família para Belo Horizonte, na segunda metade da década de 1950. Anos mais tarde, a amizade do pai com Tancredo Neves fez com que Mosconi recebesse a oferta de moradia, enquanto estudante de Medicina da UNB, a Universidade de Brasília. Esta e outras passagens da vida de Mosconi estão na entrevista que você confere nesta e na próxima edição da Folha Regional.

Folha Regional - Como foi esta experiência de morar com o Tancredo, em Brasília?
Carlos Mosconi - Foi uma situação nova, diferente e muito marcante. Tancredo era um homem muito educado, muito discreto, extremamente culto, inteligente e cordial. Muitas reuniões políticas eram realizadas no apartamento dele, deputado federal na época e ele nunca fez restrições a minha presença, então eu acompanhei tudo isso, a ditadura e a luta para encerrar este período. Nessa época, a UNB sofreu muita repressão e a gente viveu muito isso. Cheguei a ser preso, eu e a Maria Lúcia (esposa, com quem é casado há 50 anos), fiquei lá de 1965 a 1971.

FR - Além da influência do seu pai, esse período certamente foi fundamental para a sua escolha pela política?
Carlos Mosconi - Com certeza, em Brasília, participei de movimentos estudantis, me filiei ao MDB – Movimento Democrático Brasileiro e no final dos anos 1980, participei da fundação do PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira.

FR - Como foi o retorno a Poços?

Carlos Mosconi - Conheci a Maria Lúcia em Espírito Santo do Pinhal (SP), eu era estudante de Medicina, em Brasília, ela, estudante de Geografia em Campinas. Nos casamos em 1968. Depois de terminar a faculdade, fui para São Paulo fazer residência no Hospital das Clínicas. Em 1974, retornei a Poços, a convite de dois médicos, o doutor Antônio Megale e o doutor Salvador Zingoni e comecei a trabalhar na cidade. Também atuei como professor na Faculdade de Medicina de Itajubá.

FR - E como foi o início propriamente dito na política?
Carlos Mosconi - Em 1982 já tinha uma atividade política, uma militância. O Tancredo virou governador de Minas Gerais, por essa ligação que eu tinha com ele, o pessoal achou que eu deveria ser candidato a deputado. Eu não tinha essa programação, mas o pessoal achou que eu deveria e eu fui. O lema da campanha era “Volta Democracia”, foi a campanha mais bonita que eu já trabalhei.

FR - Este primeiro mandato do senhor como deputado federal em 1983 tem um fato curioso, certo!?
Carlos Mosconi - (risos). O que aconteceu é que eu recebi um convite para ser Secretário de Saúde do Distrito Federal nesta ocasião. José Aparecido era governador de Brasília na época e disse que precisava de um deputado que tivesse ligação com Brasília para ajudá-lo e eu tinha. Antes de responder ao convite, fizemos uma reunião com todos os prefeitos da região que tinha me elegido. Eles aceitaram por unanimidade, eu me licenciei da Câmara e assumi a secretaria de Saúde do Distrito Federal. Eu tinha que dar assistência para minha região e ao mesmo tempo ser secretário de Saúde do Distrito Federal. Foi uma luta, um desafio, mas foi muito bom. O Ulysses Guimarães deixou as portas abertas para mim.

FR - Na legislatura seguinte o senhor se reelegeu.
Carlos Mosconi - Sim. Tancredo havia falecido. Me reelegi em 1986 e me tornei constituinte. O presidente da Comissão era o Ulysses Guimarães, e o líder era o Mário Covas. Cabia ao líder essa escolha. Mário Covas me escolheu como relator da saúde, mas na verdade eu fui relator de três áreas: Saúde, Meio Ambiente e Previdência.

Folha Regional - Mas a Saúde praticamente tomou a maior parte do seu tempo?
Carlos Mosconi - A saúde praticamente encampou todo o meu trabalho. A Previdência não era uma pauta tão importante para aquele momento, diferente do que nós vemos hoje. Custódio Mattos era um especialista em Previdência e assessor do Congresso nessa área. A Saúde foi um dos grandes temas da Constituinte, porque o Brasil não tinha saúde e saúde era uma demanda. Havia conferências anuais sobre o tema. Quando nós começamos a discutir a saúde, foi uma discussão muito acalorada, muito tensa, porque envolveu os sanitaristas, os profissionais da saúde, os hospitais privados, diversas empresas. Fizemos reuniões em diversos lugares do Brasil e o texto foi ganhando corpo. Quando ele estava quase pronto, o ‘centrão’ que era a esquerda da Constituinte, reagiu, pedindo mudanças como a participação da iniciativa privada na saúde e nós aceitamos. E o texto foi aprovado, por unanimidade. A regulamentação do setor saúde foi através de lei complementar e o relator foi Geraldo Alckmin.

FR - Até que em 1988 foi fundado o PSDB.
Carlos Mosconi - Houve uma dissidência em Minas e em São Paulo, o que gerou a fundação do PSDB em 1988. Mário Covas, Fernando Henrique, Franco Montoro, José Serra, Pimenta da Veiga, Célio de Castro, Ziza Valadares e Mauro Campos foram alguns dos nomes desta dissidência.

FR - Na sequência, o senhor se candidatou ao senado pelo PSDB de Minas, mas não foi eleito. Aí surge a oportunidade de presidir o INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social.
Carlos Mosconi - Assumi a presidência do INAMPS em 1991. Itamar era corajoso e aceitou a proposta de extinguir o INAMPS, o que aconteceu em 1993 e impulsionou o SUS (Sistema Único de Saúde). A verba que poderia ir para o SUS ia para o INAMPS que não era universal, não era equânime, nem igualitário, nada do que era a proposta do SUS. O INAMPS não cuidava da saúde, cuidava da doença. Não fazia mais sentido naquele momento, mantê-lo. Demonstrei isso ao Itamar e ele aceitou fazer a mudança.
Em 1994 e em 1998, Mosconi foi reeleito deputado federal. Também foi Secretário de Assuntos Municipais do Governo de Minas; Vice-presidente do Conselho Deliberativo de Política Nacional de Café; deputado estadual duas vezes e por último, secretário municipal de Saúde de Poços de Caldas. Mais detalhes sobre esta rica trajetória, você confere na continuação desta entrevista, que sairá na próxima edição. “Estamos vivendo um momento muito difícil no Brasil e quem pode oferecer uma contribuição não deve se omitir. Eu acredito muito nisso”, afirmou Carlos Mosconi.