Publicado em 07/06/2018 - politica - Da Redação
Na
segunda fase do ‘Territórios da Invenção’, realizada pela Fundação de Educação
Artística e Secretaria de Cultura, grandes nomes da cena musical vão
compartilhar processos de criação com estudantes mineiros
Mais uma importante
iniciativa para o fomento da cadeia produtiva da música mineira foi lançada
nesta terça-feira (5/6). A 2ª edição do projeto “Territórios de Invenção:
Residências Musicais”, realizado pela Fundação de Educação Artística (FEA) e
pelo programa Música Minas, da Secretaria de Estado de Cultura
(SEC), vai promover, de julho a outubro, residenciais artísticas em
seis cidades do estado para compartilhar práticas e processos de criação em
música e performance com artistas e estudantes mineiros.
Com a residência musical
dos artistas Nelson Soares e Marcos Moreira, do "O Grivo", Contagem
será o primeiro município a receber o projeto. A imersão acontece de 9 a 19 de
julho, no Espaço das Artes, e as inscrições para esta etapa podem ser
realizadas até 25 de junho. Os interessados devem se inscrever gratuitamente
por meio do preenchimento de ficha de inscrição on-line disponível nas mídias
sociais do projeto (facebook: /residenciasmusicais e instagram: @residenciasmusicais). As vagas são
limitadas.
Além da região
metropolitana, a iniciativa contempla os municípios de Varginha (30 de julho a
10 de agosto, com as residências de Joana Queiroz e Rafael Martini),
Juiz de Fora (20 a 31 de agosto, com Marina Cyrino e Matthias Koole),
São João Del Rei (3 a 14 de setembro, com Elise Pittenger, Fernando
Rocha e Felipe José), Araçuaí (17 a 28 de setembro,
com Titane e Makely Ka) e encerra em Araguari (15 a 26 de
outubro, com Edson Fernando e Ricardo Passos). O material criado
durante o tempo de convívio nas residências artísticas será aberto ao público
ao final de cada processo.
Para o secretário de
Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, a iniciativa constitui um dos pontos mais
positivos do programa Música Minas. "As Residências enriquecem o Música
Minas e provocam desdobramentos importantes em vários centros musicais do
Estado", pontua o secretário, que também ressalta o fato de as propostas
ocuparem de uma forma diferente os espaços formais de ensino da música e
espaços culturais públicos das cidades. "É uma conjugação extremamente
produtiva do potencial dos conservatórios e escolas superiores com os estímulos
inovadores da Fundação de Educação Artística", explica.
De acordo com Patrícia
Bizzotto, uma das coordenadoras artísticas do “Territórios de Invenção”, a
iniciativa promove a interação entre diversos agentes da música mineira,
permitindo uma ampla troca de experiências entre os participantes.
“A continuidade deste
projeto, que teve sua primeira edição em 2016, fortalece a aproximação entre
estudantes e artistas de várias partes do estado, construindo assim uma ampla
rede criativa de experimentação e saberes musicais em Minas”, explica.
Patrícia, que também é musicista e pesquisadora, ressalta que objetivo é menos
o resultado e mais o processo criativo desenvolvido ao longo das residências.
“Além de difundir a criação musical contemporânea mineira, o projeto vai
provocar encontros, afetos e estímulos para a percepção e a invenção de linguagens
e de espaços sonoro-musicais", acrescenta.
Discussões sobre a
construção e destruição de paisagens sonoras, como também sobre o reflexo do
caos ambiental nas formas urbanas de escuta permeiam a edição 2018 do projeto,
que tem como tema “Paisagem Sonora Agora”. Segundo Lúcia Campos, também
coordenadora artística do “Territórios de Invenção”, “as residências têm um
espaço-tempo intensivo e urgente de experimentação, de criação, através da
prática musical e da escuta aberta e ativa sobre cada local, cada cidade, bem
como seus espaços, suas paisagens, seus habitantes, suas tensões e fricções”.
Para Matthias Koole,
músico e um dos residentes da etapa de Juiz de Fora, o projeto contribui para a
ampliação da percepção musical por meio da colaboração ativa entre os músicos
participantes.
“Meu primeiro contato
com música experimental foi em uma oficina musical ainda no fim dos anos 90 e
isso marcou muito minha trajetória profissional. Eu vejo este projeto com uma
proposta mais experimental de música e essa é uma das coisas que quero levar
para a residência, quero construir em conjunto com os outros músicos formas de
pensar e desenvolver o fazer artístico”, pontua Matthias.
Com 55 anos completados
em maio de 2018, a FEA é reconhecida nacionalmente por promover, estimular e
difundir a música contemporânea em nível de prática, pesquisa e investigações
de linguagens. Nesse sentido, a diretora da Fundação de Educação Artística,
Berenice Menegale, considera que "Territórios de Invenção é um momento de
estímulo para os músicos das 'cidades-residências', um sopro de renovação,
oportunidade de contatos enriquecedores, ocasião para descobertas e um salto
para o futuro da arte", diz.
Contagem - Residência
Musical “Som e Improvisação”
Formado por Nelson
Soares e Marcos Moreira, “O Grivo” realiza desde 1990 pesquisas em torno da
expansão do universo sonoro, com criação de máquinas e mecanismos. O duo também
se notabilizou com a realização de trilhas para filmes e instalações
artísticas.
A residência em
Contagem, na RMBH, tem como proposta a criação e montagem de um repertório
inicial de improvisações musicais por meio da investigação e procura por sons
pouco convencionais e de pesquisas com amplificação e transformações sonoras
através de recursos eletrônicos.
Por meio da apreciação
de alguns trabalhos musicais e audiovisuais (filmes, instalações, instalações
sonoras, vídeos), a residência pretende também discutir a função e as
diferentes formas de utilização do som concreto (sons de máquinas, objetos e de
sons gravados nos mais diversos ambientes) na construção de um diálogo com a
música improvisada. Todo o material será reunido e apresentado em um
concerto/performance ao final da etapa.
Música Minas
A 1ª edição do projeto
“Territórios de Invenção: Residências Musicais”, parte integrante do Música
Minas, percorreu seis cidades ao longo de junho a novembro de 2016 e teve cerca
de 180 participantes em todas as residências artísticas promovidas.
O resultado de todo esse
trabalho foi apresentado no dia 23 de maio de 2017, no Cine Humberto Mauro, com
o lançamento do livro “Territórios de Invenção: por uma formação musical
expandida”, publicação organizada pela pesquisadora Lúcia Campos, e a exibição
do documentário “Territórios de Invenção”, produzido pelo cineasta Pedro
Aspahan, que traz os encontros e os processos coletivos de composição
realizados durante as residências.
Em 2017, o Música Minas,
em seu escopo de intercâmbio e circulação musical, contemplou 56 propostas, e
garantiu a circulação de 210 pessoas. Artistas mineiros levaram a música
produzida em Minas Gerais aos cinco continentes do mundo.
O Japão recebeu o duo
Alexandre Andrés e Rafael Martini para o lançamento do álbum Hura. A Coréia do
Sul foi o destino da artista Jennifer Souza, que apresentou canções de seu
trabalho "Impossível Breve".
O famoso festival de
jazz de Montreux, na Suíça, por onde passaram grandes nomes da música, como
Nina Simone, Ella Fitzgerald e Elis Regina, foi palco para o guitarrista de
Ribeirão das Neves, Expedito Inácio Andrade. A banda ouro-pretana Seu Juvenal,
que comemorou no ano passado 20 anos de estrada, excursionou pela primeira vez
na Europa, tocando na República Tcheca, Polônia e Eslováquia.
A Argentina deu voz à
música produzida em Minas Gerais com uma série de apresentações do Araçá
Quarteto de Choro, grupo de Poços de Caldas. O programa da Secretaria de Estado
de Cultura (SEC) também foi responsável por levar o professor de violão Ricardo
Novais a Guiné-Bissau, na África, para ensinar violão à crianças e adolescentes
carentes.
O convite partiu do
“Projeto Educando”, escola que atende cerca de 150 pessoas na cidade de Gabu,
região leste do país. Essas são apenas algumas das inúmeras propostas
contempladas ao longo de 2017. Em 2015 e 2016, o edital viabilizou 111
projetos, promovendo a viagem de 349 integrantes da cadeia criativa e produtiva
da música.
Fundação de Educação
Artística
A Fundação de Educação
Artística (FEA) é uma entidade sem fins lucrativos, de forte cunho social,
com penetração em todas as classes sociais, que tem como objetivo contribuir
para a democratização, o aprimoramento e a atualização do ensino das artes e,
em particular, da música. Criada, em maio de 1963, por um grupo de artistas e
intelectuais mineiros, apresentou-se, desde sempre, como um centro de
experimentação, renovação e difusão artística de base cultural ampla.
No âmbito educacional,
merece destaque o papel desempenhado pela FEA no processo de atualização do
ensino musical, não só em Belo Horizonte, como também em diversos centros de
formação do país. Por valorizar o intercâmbio entre as artes, a Fundação de
Educação Artística mantém-se sempre aberta a novas ideias, experimentações,
pesquisas e é, essencialmente, uma defensora contumaz da música de nosso tempo.
Confira o trailer do
filme "Territórios de Invenção" - 1ª edição. Assista aqui!