Marco Regis critica prefeito

Publicado em 11/08/2014 - politica - Da Redação

Para ele, Ivan é radical e quer se eximir dos problemas

Mantendo sua postura com opiniões claras e polêmicas, Marco Regis de Almeida Lima concedeu extensa entrevista na última semana. Falando a nossa reportagem, o ex-prefeito de Muzambinho e ex-deputado estadual comentou temas de interesse da comunidade. O caso das galinhas mereceu ampla análise. Marco Regis também criticou o atual prefeito por se eximir de muitos problemas. No final, fez uma defesa do seu filho vereador e desabafou contra o grupo do prefeito.

HOMENAGEM A JOÃO MARQUES - Inicialmente, Marco Regis deixou um cumprimento especial ao sócio proprietário da Rádio do Povo AM, Prof. João Marques de Vasconcelos, revelando sua admiração pelo professor, ex-deputado estadual e ex-vice-governador de Minas Gerais. Desejou que, com a interferência do Prof. João Marques, a Rádio do Povo possa se adequar à nova legislação e se habilitar como emissora FM. Com isso, podendo voltar aos seus áureos tempos e ser ouvida em regiões mais distantes, reconquistando a sua liderança regional. Acredita que programas como o “Edição de Sábado” (produzido e apresentado por este semanário), bem como dos radialistas Regis Policarpo e Helinho Dipe, chamam a atenção da região. “É uma rádio irradiadora de problemas políticos, sociais e culturais da região. É uma emissora muito respeitada”, disse. Por fim, considerou João Marques como mentor intelectual no lendário Colégio Estadual de Muzambinho, onde o mesmo fazia parte de uma constelação de professores.

POLÊMICA DAS GALINHAS - O assunto vem movimentando a cidade nas últimas semanas. A proibição pela Vigilância Sanitária de proibir a criação de galinhas e outras espécies de aves na zona urbana vem repercutindo nacionalmente e dividindo opiniões. Marco Regis iniciou seu comentário de forma direta: “São fatos lamentáveis sob vários aspectos”. Reconheceu que existe uma legislação municipal a respeito (Código de Postura), criada logo após o seu primeiro mandato, exatamente no governo do então prefeito José Ubaldo. Além disso, houve o avanço das exigências dos governos estadual e federal no sentido dos municípios adequarem a legislação pertinente à área de saúde. Isto sob o risco do município perder certos benefícios. Acredita que ao criar a legislação, o então prefeito José Ubaldo não pensava na proibição de criar galinhas no perímetro urbano. Porém, depois no seu governo (Marco Regis) surgiu o SIM - Serviço de Inspeção Municipal, sendo regulamentado na administração de Sérgio Paoliello. O fato criou um gargalo em certas atividades, como é o caso da criação de aves no perímetro urbano do município.
Marco Regis lembrou que na sua administração 1989/92 surgiram inúmeras reclamações diante a criação de suínos no perímetro urbano. Portanto, a situação era ainda mais grave. Chegou a lembrar também de um cidadão que constantemente reclamava de um galo que cantava ao lado da sua casa. A criação de galinhas em determinado local também gerava enormes transtornos devido ao mau cheiro, inclusive com brigas de vizinhos. Depois, veio lei federal, Código de Postura e criação da Vigilância Sanitária.
“Acho que é radicalização”, respondeu Marco Regis se tomaria a mesma atitude em Muzambinho. Entende que as leis devem ser cumpridas, mas o prefeito deve ser liberal. Ou seja, defendeu o bom senso por parte da administração municipal e a autoridade do prefeito. Lembrou que no seu último mandato de prefeito (2005/08), a Vigilância Sanitária recolheu produtos de um determinado estabelecimento comercial alegando falta de rótulos e jogou no lixo. Sua atitude, inclusive com murros na mesa, foi de coibir atitudes drásticas por parte da Vigilância Sanitária sem autorização do prefeito. “Acho que as leis são radicalizantes e deveriam ser flexibilizadas”, falou.
Marco Regis também criticou a imprensa nacional que fez “chacota” de um assunto sério, pois existe lei federal que disciplina a questão. Para ele, citar que galinha é moeda de troca em Muzambinho acaba desmoralizando a cidade que tem um padrão cultural elevado. Criticou também a EPTV, que tem um muzambinhense na sua direção de jornalismo, que deveria ter filtrado a notícia.

TRANSFERINDO PROBLEMAS - Da mesma forma, Marco Regis entende que o prefeito deveria ter assumido a situação com mais atitude, como não ocorreu no caso do matadouro. Nesta outra questão, quer saber se a prefeitura tomará as medidas necessárias. A prefeitura, ao invés de tomar uma atitude drástica e intempestiva de fechar o matadouro, deveria primeiramente ter comunicado os comerciantes de carne. Garante que se fosse prefeito, retomaria a concessão do matadouro, solucionaria as falhas apontadas e abriria uma nova concorrência. “O que o governo municipal está fazendo é imperdoável. É jogar o dinheiro do município pelos ralos. Na verdade, acho que esta administração está se eximindo dos problemas”, disse. Para ele, o governo municipal vai terceirizar o lixo para não ter problema com os funcionários, com a coleta e com as queixas. Fechou o matadouro porque tem problema com a carne. Passou o Colégio Comercial para o Instituto Federal porque queria ficar livre de funcionário na folha de pagamento. Entende que a transferência não ficou clara para a população.
“São temas que não compactuo por mais que tenha sido aliado do Prof. Ivan”, revelou. Justificou que apoiou a candidatura do atual prefeito porque acredita que a outra candidatura seria mais nefasta para o município. Mas agora observa que o prefeito está se eximindo os problemas: “É muito fácil transferir para a iniciativa particular tudo que é do estado. Não vou perder a minha coerência porque apoiei o Prof. Ivan”, voltou a criticar. Ainda quanto o caso das galinhas, Marco Regis afirmou que se fosse prefeito seria capaz de enviar projeto ao Legislativo extinguindo o Serviço de Inspeção Municipal.
Marco Regis também considerou a terceirização da coleta do lixo uma iniciativa do atual governo municipal de se eximir do problema com uma classe de servidores. “Os funcionários estão boicotando a administração municipal na coleta do lixo ou colocando barreiras ao prefeito”, disse. Ao invés de tomar as medidas legais, o prefeito está transferindo o serviço para a iniciativa privada para se eximir dos problemas do lixo e reclamações no setor.

CRÍTICAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO - Ao tomar a atitude, Marco Regis garante que não temeria uma ação do Ministério Público. “Não posso respeitar uma instituição que vive de acusar os outros”, disse. Para ele, o Ministério Público é um órgão acusatório e muitas vezes os Promotores pressionam os prefeitos. Lembrou que não seguiu orientação da Promotora para que não pagasse o 13º salário aos agentes políticos do município. Dois anos depois, o Tribunal de Contas do Estado regulamentou esta questão, considerando legal o pagamento.

DESABAFO CONTRA IVAN - Marco Regis afirmou que seu filho Cristiano Carvalho de Almeida Lima representa o seu grupo político como vereador na Câmara Municipal. Revelou que recentemente o prefeito prestigiou reunião política com um candidato a deputado estadual, sendo este ligado ao seu grupo político. Na ocasião, Cristiano foi o último a se pronunciar e fez um desabafo contra o grupo do prefeito Ivan de Freitas. Lembrou que se absteve de votar em projeto que foi derrotado na Câmara. Marco Regis explicou seu filho Cristiano é um vereador que apoia o prefeito, mas atua com independência. “Muitas vezes o grupo do prefeito não o trata com a devida consideração. Muitas vezes o projeto chega na última hora e o Cristiano não é nem avisado do que está acontecendo”, criticou. O projeto tratava de homenagem ao Goleiro Barbosa, sendo que Cristiano não concordou, mesmo respeitando o grupo do prefeito. Marco Regis rebateu críticas de que seu filho teria “debandado” do grupo do prefeito, defendendo sua linha de conduta e coerência política.