Políticos de expressão nacional se unem em favor de Serra no segundo turno
Partidos aliados (PSDB, DEM e PPS) se reuniram na quarta-feira (6) em Brasília para iniciar oficialmente o segundo turno da candidatura de José Serra à Presidência. Governadores, senadores e deputados eleitos e não eleitos manifestaram apoio ao tucano e se comprometeram em levá-lo à vitória nas urnas no próximo dia 31 de outubro.
Presente à reunião, o recém-eleito senador Aécio Neves (PSDB/MG) condenou a tentativa da candidatura oficial de dividir o Brasil. “Em função de tudo que vimos ao longo de oito anos, o que está em jogo é a democracia do Brasil, as nossas liberdades, a compostura de um governo que seja de todos e para todos os brasileiros. No dia 31, um Exército de cidadãos comuns estará na rua votando pela democracia.”, disse.
Considerado como uma força política nacional, Aécio – que chegou com o governador reeleito Antonio Anastasia, defendeu o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Devemos defendê-lo com toda a altivez. Não haveria governo Lula sem governo FH”, criticou. O senador eleito lembrou que as diretrizes econômicas do País foram implantadas durante o mandato de Fernando Henrique.
Outro senador eleito por Minas Gerais, o ex-presidente da República Itamar Franco (PPS) aconselhou o candidato tucano. “Vossa Excelência não precisa tanto dos marqueteiros porque tem sua vida limpa. Seja mais Serra do que o marqueteiro, seja mais o senhor do que o marqueteiro, porque Vossa Excelência tem vida limpa, honesta”, afirmou.
E foi enfático dizendo que “não precisamos ficar escondendo qualquer um que seja do nosso lado. É por isso que tem que haver o confronto, mas o confronto das ideias. O povo quer saber o que nós pensamos. Qual é o nosso pensamento para os problemas estruturais? Qual é o nosso Brasil para esse mundo que vem?”, afirmou.
Ele também criticou a postura do presidente Lula de creditar ao seu governo todas as conquistas do País. “Ninguém inventou o Brasil, porque daqui a pouco teremos que dizer que quem abriu os portos do Brasil não foi D. João VI, foi o presidente Lula”.
Sob aplausos, Itamar também defendeu o seu ex-ministro da Fazenda Fernando Henrique. “Não precisamos esconder quem quer que seja do nosso lado. Não temos que esconder ninguém do nosso lado, porque se não eles teriam que esconder muitas pessoas do outro lado”, concluiu o ex-presidente.
O presidente nacional do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), defendeu que a campanha de José Serra (PSDB) à Presidência coloque nas ruas os candidatos eleitos e não eleitos da coligação para pedir voto ao candidato tucano.
O mesmo discurso foi endossado por Jorge Bornhausen, presidente de honra do DEM. Para ele, os candidatos eleitos devem voltar a fazer viagens pelos respectivos Estados para agradecer a eleição. Neste momento, segundo ele, é a hora de pedir também voto no presidenciável José Serra. “Os que ganharam vão comandar a campanha”, disse.
Para Rodrigo Maia a campanha de Serra deve mostrar ainda a posição do PT durante o governo Fernando Henrique, quando votou contra projetos que, segundo Maia, foram muito importantes para o país.
“O que eu defendo é mostrar que o PT votou contra o Plano Real, o PT votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal”, disse.
Segundo o presidente do DEM, o momento agora é de continuar a campanha, aproveitando o que ele disse ser uma “onda contra o PT”.
O presidente do DEM em Minas, deputado Carlos Melles, esteve entre as lideranças presentes. Melles seguiu de Belo Horizonte para Brasília com o governador Anastasia, Aécio e Itamar e, ao desembarcar, disse que “a população quer assegurar o futuro do país e todos estão percebendo que José Serra tem o melhor projeto, é o mais preparado e tem um trabalho comprovado”.
A 25 dias das eleições, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, adotou um novo tom de discurso. Elogiou os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco, posicionou-se de forma direta em relação a temas polêmicos, como ser contrário ao aborto e ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). O candidato disse ainda que ‘’não tem vergonha’’ de defender as privatizações.
O candidato tucano também falou da campanha feita pela Marina Silva, candidata do Partido verde que obteve a terceira colocação no primeiro turno das eleições presidenciais. Ele destacou o papel de Marina ao atrair os votos dos avessos à política. ‘’A Marina é uma pessoa íntegra. A integridade foi um fator que contribuiu para a campanha dela. A Marina contribuiu para a democracia e talvez nem saiba o quanto. Ela aproximou quem não gosta de política’’, disse.
“Com o apoio do Congresso Nacional vamos aprovar um marco para regulamentar a participação dos chefes de Executivo nas campanhas eleitorais”, prometeu Serra. Ele citou o exemplo do senador Tasso Jereissati (PSDB) que não conseguiu se reeleger no Ceará. Serra atribuiu a derrota de Tasso a uma disputa desigual imposta pelo presidente Lula, que para a oposição excedeu os limites do cargo ao atuar como cabo eleitoral nessa eleição.
Num recado claro ao presidente - mas sem mencionar seu nome -, o tucano afirmou que respeitará a oposição em seu eventual governo e fez duras críticas indiretas a Lula, que em Santa Catarina pediu aos eleitores que ajudassem a “extirpar o DEM” da política nacional. “Nunca tratei, não trato e não vou tratar oposição como inimiga da Pátria. Nenhuma força política vai ser dizimada ou ameaçada de liquidação”, disse Serra.
Aborto - O tucano também aproveitou para alfinetar Dilma, que perdeu milhões de votos ao dar margem a dúvidas sobre suas posições a respeito de determinados assuntos, sensíveis à sociedade civil, como religião e aborto. “O eleitor vai avaliar o que cada um fez o que pensa e o que fará. E se cada candidato tem duas caras. Eu tenho uma só”, concluiu.