Publicado em 11/05/2017 - politica - Da Redação
Embora muito comum para quem está na vida pública, os ataques e críticas sempre incomodam. Esta é uma situação em que você não é o autor da “campanha negativa” e sim a sua vítima. Como regra geral, o político deve reagir a um ataque com uma das opções a seguir:
1) Ignorando-o; 2) Minimizando-o; 3) Dando uma explicação documentada que liquide a questão, ou; 4) Se nenhuma das três primeiras for possível, deixar, pelo menos, uma "dúvida razoável" na cabeça do eleitor
Ignorar o fato
Esta é a melhor opção. Sempre que for possível o ideal é ignorá-lo publicamente, e com esta atitude contribuir para que ele seja esquecido e saia de circulação, é fundamental evitar o famoso “colocar mais lenha na fogueira”. Muitas vezes, uma questão menor ganha uma saliência desproporcional no mandato porque o político atribuiu a ela uma importância que não possuía.
Neste caso, é o próprio político que, com suas declarações e ações, dá curso e seguimento e torna pública para eleitores desatentos uma questão que, se tivesse sido ignorada, não teria continuidade.
O problema com esta solução é que ela se aplica somente àquelas matérias de menor importância política. Adota-se esta atitude, também, como primeira reação para as questões mais graves (ressalvadas as de natureza pessoal), desde que nem a mídia e nem os adversários estejam interessados em explorá-las.
Nestas situações, entretanto, deve o político preparar-se para o pior e reunir elementos para enfrentá-la, na eventualidade de seu ressurgimento.
Minimizar o fato
É a segunda reação recomendada para a hipótese em que ignorar o fato não seja suficiente para fazer com que ele desapareça de circulação. Minimizar significa tomar conhecimento e não atribuir importância.
A lógica é a mesma da situação anterior. Evitar, a todo custo, que, por ação ou declaração própria, a questão adquira importância e torne-se um tema a ser comentado pela mídia e explorado pelos adversários.
Há ataques e acusações que são propostos com o objetivo único de desestabilizar o político, isto é, desequilibrá-lo e fazer com que ele abandone sua mensagem para defender-se.
Sendo possível, então, deve-se minimizar o ataque (desde que não seja de cunho pessoal), impedindo que ele receba aquele combustível extra que só o próprio atacado pode oferecer, ao aceitar a provocação e entrar na discussão. Como na situação anterior, esta reação aplica-se apenas a matérias de menor importância política.
Dar uma explicação documentada que liquide a questão
Se não for possível lidar com o ataque ou acusação, ignorando-o ou minimizando-o, seja pela gravidade do seu conteúdo, seja porque está recebendo grande atenção da mídia, e explorado pelos adversários, então se impõe a explicação definitiva.
Explicação definitiva é, como o próprio nome indica, algo que vai encerrar o assunto. Ela deve ser capaz de liquidar a questão com todos os "meios de prova" que o atacado puder reunir. Além disso, ela é apresentada no singular porque deve ser uma e apenas uma.
Ou o atacado possui elementos para verdadeiramente liquidar a questão de tal forma que, se a questão for novamente levantada, possa dizer com autoridade (e o eleitorado concordar com ele): "...sobre este assunto já falei o que precisava falar, nada mais tenho a dizer".
Para conseguir este efeito de liquidar com a questão, não serão suficientes apenas a palavra do acusado, nem a imputação genérica de que se tratam de acusações forjadas para prejudicá-lo politicamente. Será necessário reunir elementos de prova muito robustos e incontestáveis (documentos, testemunhos, etc) para desmanchar a acusação, provando que ela é inverídica, irresponsável e politicamente motivada. Só então lhe será reconhecido o direito de tomar a ofensiva e atacar seus acusadores.
Esta é a realidade e de nada adianta reclamar contra ela. Configura-se uma situação oposta à que prevalece no mundo jurídico, onde o ônus da prova incumbe ao acusador. Na política em geral, e na política brasileira em particular (e, nos últimos anos, tivemos múltiplos exemplos, destas situações), à acusação, fartamente explorada pela mídia, segue-se um julgamento imediato que costuma ser condenatório, portanto, o ônus da prova recai para a vítima que deseja se defender.
Este julgamento é feito, desde logo, pelos aliados, sempre extremamente suscetíveis ao desgaste político; pela mídia, cuja cobertura, ainda que suspendendo um julgamento definitivo, tende a valorizar mais os indícios de culpa do que os de inocência; e, pela opinião pública, que, na primeira pesquisa de opinião pós-divulgação da acusação, deixa registrada a sua desconfiança, pela queda na aceitação do político acusado.
Este rigor absoluto, esta facilidade em saltar da acusação para a condenação, representam o outro lado da moeda daquelas prerrogativas, privilégios e homenagens que são outorgadas às pessoas que ocupam funções de autoridade. Como se costuma dizer, repetindo uma frase que Cezar teria proferido: "A mulher de Cezar não basta que seja honesta, deve parecer honesta".