O Natal de nossas vidas

Publicado em 24/12/2020 - raul-dias-filho - Da Redação

O Natal de nossas vidas

Qual sua melhor lembrança de Natal? Alguns dirão que foi na infância quando Papai Noel deixou um presente muito esperado. Outros, na juventude, no primeiro Natal na praia, ou na casa do namorado(a), ou num lugar diferente e bonito. Existirão ainda aqueles que, já mais maduros, se lembrarão com saudade da última vez que a família TODA esteve reunida, inclusive com a presença daquelas pessoas especiais que não estão mais conosco. E, claro, teremos também aqueles que acham que o Natal é uma data como qualquer outra e não traz nenhuma lembrança marcante. As respostas variam de acordo com as tradições cultivadas em cada família. O fato é que, independentemente de gostar ou não da data, a proximidade do Natal faz com que um clima de confraternização se espalhe naturalmente, deixando as cidades movimentadas e as pessoas, mais agitadas.  Esse ano, por causa da pandemia, pensei que seria diferente. Imaginei ruas vazias, mercados e shoppings com pouco movimento e nenhuma aglomeração. Me enganei redondamente. As imagens que vejo na televisão mostram ruas superlotadas, aeroportos e rodoviárias entulhados de gente, filas enormes nos supermercados e, pior ainda, muita gente sem máscara, mostrando zero responsabilidade e nenhuma preocupação com a doença que se revela cada dia mais contagiosa e mortal. Que pena. Isolamento agora é sinônimo de proteção. Lembra da pergunta que fiz no começo, sobre a melhor lembrança de Natal? Provavelmente esse, de 2020, não estará nessa lista. Só não podemos permitir que se transforme também na pior recordação, aquele ficará marcado porque alguém que amamos foi contaminado pelo vírus mortal que nos ronda o tempo todo. Ele já será inesquecível por outros motivos como, por exemplo, o primeiro de nossas vidas onde ficar em casa não terá sido opção, mas dever. Aliás, mais do que dever, obrigação! Só não podemos, de forma alguma, permitir que o isolamento se transforme em solidão. Nesse sentido, a música ‘Trem Bala’, de Ana Vilela, nos ajuda a refletir sobre a real necessidade de presenças e presentes nessa data:  

“A gente não pode ter tudo

Qual seria a graça do mundo se fosse assim?

Por isso, eu prefiro sorrisos

E os presentes que a vida trouxe pra perto de mim”

Os presentes estão ao nosso redor o ano todo. E se chama família. Devemos nos abraçar à distância, com a certeza de que Natal não deve ser sinônimo de tristeza ou melancolia mas, sim, de reflexão. E devemos, nessas reflexões, lembrar que já atravessamos boa parte desse deserto,  agradecer por chegar até aqui com saúde e ter a convicção que, em pouco tempo, teremos uma vacina que nos livre dessa doença. Por menos que a data lhe diga algo, permita que o espírito de Natal ilumine seu coração. Talvez faltem presentes, presenças e abraços mas devemos imaginar que, em breve, estaremos todos juntos e que, passado esse tempo sombrio, todos os natais que virão estarão entre os melhores de nossas vidas.

Por hoje é isso. Semana que vem tem mais. Até lá. 

O autor é jornalista e repórter especial da Record TV
E-mail: rauldiasfilho@hotmail.com