Publicado em 21/12/2012 - ze-nario - Zé Nário
Olhando em volta, facilmente conclui-se que a fábrica de amor de algumas pessoas é muito maior do que a de outros. Tenho certeza disso!
Não falo do amor próprio, egoístico e indivisível que a maioria dos indivíduos cultua. Tem muita gente que realmente produz muito amor, mas somente para uso próprio.Também não estou a falar do amor sexualizado que emana dos olhos da maioria das pessoas, nas ruas, e flui desbragadamente das telas da TV e do cinema.
Falo do amor universal que não distingue sexo nem raça; nem idade nem aparência física, caprichosamente produzido para ser distribuído de graça.
São muito raras as pessoas que conseguem produzir o amor para distribuir gratuitamente. São mais raras ainda aquelas capazes de distribuir esse amor indistintamente, sem olhar a quem.
Esses pensamentos têm ocupado uma parte significativa da minha mente há vários dias, desde que li uma matéria sobre pessoas que, conscientemente, adotam crianças deficientes. Aliás, tais pessoas procuram crianças deficientes para colocar sob seus cuidados.
Sabe-se que adotar uma criança é uma grande responsabilidade. Maior do que criar os próprios filhos. E a responsabilidade é muito maior quando a criança é deficiente.
Também existe por aí muita gente incapaz de produzir amor de qualquer espécie. Há outras que o produzem em quantidade mínima, mas não usam nem mesmo com si próprias. São aquelas sem amor próprio.
Há quem o produza, mas não o dá a ninguém, de forma alguma. Na verdade, isso acontece com todas as pessoas, em algum momento.
Creio que, por vezes, todos nós deixamos de dá-lo aos mais próximos por simples esquecimento. Por simples distração e até descaso. Esquecemos que temos filhos, os filhos esquecem que tem pais, os amigos esquecem que tem amigos.
E o amor do qual estou falando, sentimento produzido para o exclusivo fim de ser doado, se esvai sem deixar rastro. É ignorado e desperdiçado. Acho até que ele fica magoado. O amor fica magoado de ser desperdiçado. Talvez isso venha até a influenciar a futura produção de amor das pessoas que o ignoram.
Acredito piamente que as pessoas citadas lá no começo, aquelas que adotam crianças deficientes, não tem tempo para desperdiçar amor. E olha que elas o produzem em quantidade muito maior do que o normal.
As fábricas de amor delas são muito maiores e mais eficientes. E o amor produzido por elas, afirmo com toda certeza, é muito melhor do que o amor dos outros. Tenho certeza disso também!
Em virtude disso, acredito que todos nós poderíamos fazer uma revisão periódica na nossa fábrica de amor, atualizando-a para que possa produzir amor universal em quantidades maiores.
Durante toda a minha vida tive a felicidade de conviver com pessoas próximas que eram grandes produtoras de amor. E o distribuíam com muita generosidade. Isso me deixa muito feliz e ao mesmo tempo triste.
É que acho que faço parte daquele contingente de pessoas cujas fábricas de amor ainda são incipientes, pequenas e pouco eficientes. Acho que, a exemplo dessas pessoas, ainda não tenho amor suficiente para distribuir indistintamente...
Só que, olha só, o Natal está aí! E o Natal, com toda sua carga de significâncias, é uma data muito boa para mexermos na nossa fábrica de amor, tentando aprimorá-la.
Devemos também fazer as promessas para o ano vindouro... pensando bem, acho que vou prometer produzir mais amor incondicional no ano novo que se aproxima! Tomara que dê certo!
Feliz Natal e ótimo 2013 para todos!
E muito amor incondicional, também!
José Nário F. Silva - Muzambinho/MG