Publicado em 12/04/2013 - ze-nario - Zé Nário
Os lutadores, não raro, arrancam sangue e quebram ossos dos oponentes. Enquanto isso a torcida até baba de gosto, num êxtase selvagem e primitivo. A violência exacerbada é a tônica da luta, contrariando muitas regras de outros esportes como o boxe. Neste, o lutador caído não pode mais ser agredido.
No MMA, o atleta continua apanhando até mesmo depois de desmaiado. Na maioria dos combates (de verdade!), as faces do lutador derrotado parecem ter passado por cirurgias plásticas recentemente. Muitas vezes, ao final da luta, o perdedor não consegue nem mesmo ficar de pé para ouvir a decisão dos árbitros.
Essas lutas são largamente mostradas pelas redes de TV, fato que provocou a disseminação dessa carnificina por todo o país. Praticamente todas as cidades de porte mediano já têm seus torneios locais, contribuindo para a banalização da violência.
E essa violência vem atingindo as raias do absurdo. Na semana passada as redes de televisão divulgaram a exaustão as imagens de uma briga envolvendo cerca de cinquenta alunos de uma escola estadual da cidade de Guaratinguetá, interior do Estado de São Paulo.
De acordo com as reportagens mostradas, a motivação para o vale tudo entre os alunos foi a disputa por um lugar na mesa de refeições no refeitório da escola. Mas, na realidade, mostra que entre eles pode ser identificada a ação de grupos ou gangues, na tentativa de dominar até mesmo a distribuição dos lanches na unidade escolar.
Porém, veja se você concorda comigo, o mais absurdo de tudo foi a punição imposta aos envolvidos: somente cinco dias de suspensão. Isto é o mesmo que dar férias para os vândalos, premiando-os pelas ações. Daqui a uma semana eles voltam mais fortalecidos e com maior poder junto aos seus “súditos”.
O ideal seria o banimento pelo restante do período letivo. Mas isso é impossível, por causa da famigerada progressão automática, mecanismo que praticamente impede que alunos repitam o ano. Em virtude dessa aberração, a tendência é que fatos assim se repitam e se multipliquem pelo país afora, da mesma forma que o MMA.
Essa tal “progressão” vai continuar contribuindo de forma definitiva para a queda na qualidade da educação formal, já que o aluno não tem que despender nenhum esforço, e para a violência no meio escolar. Tempos atrás a família promovia a formação do caráter dos jovens, enquanto a escola dava a educação protocolar.
Na atualidade, em muitos casos, os pais levam os filhos para a escola como se estivessem levando-os para o ringue, para que aprendam no tapa. Entregam-nos à escola para que esta faça o papel dos pais, que deveriam dar a educação primordial, necessária para a sadia convivência social.
E, com isso, fornecem combustível para ações como as imagens da briga generalizada na escola de Guaratinguetá, que se viu na última semana. Até quando tais atitudes ficarão sem punição exemplar?
Até quando os professores e funcionários das escolas terão que trabalhar como árbitros de vale tudo, além de tentar ensinar alguma coisa para esses bandos de marginais?
Enquanto não acontecerem as mudanças necessárias, principalmente a expulsão sumária em caso de desordem, com a perda do ano letivo, não teremos a volta da disciplina nas escolas. A suspensão por cinco dias, como aconteceu no caso em questão, é uma premiação e simplesmente provoca a legitimação dos atos das gangues.
A única punição capaz de surtir algum efeito seria a perda de um ano na escola. Eles teriam todo o período para refletir sobre seus atos e resolver se querem realmente estudar ou ir para uma academia de MMA, continuando na ignorância que os faz agir como gladiadores.
Só uma conclusão pode ser tirada das imagens da batalha campal na escola do interior paulista: o MMA tem muito futuro no Brasil!
Quanto ao futuro da educação escolar, é difícil dizer...