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POR AMAURI JR., mais sênior do que júnior. Radialista, jornalista e Mestre de Cerimônias. Um pouco de tudo e praticamente nada. E o civismo brasileiro somente aflora na Semana da Pátria. Quando a banda passa ou a fanfarra desfila, o peito enche de orgulho verde a amarelo. Lembro-me dos tempos da Escola Salatiel de Almeida, há muito tempo, quando também participava dos desfiles cívicos. Era obrigatório naquela época e os alunos uniformizados literalmente marchavam pela avenida. Era um “acontecimento” em nossas vidas, fato que deixou marcas e saudades.
Mas o que é civismo? Sabemos que “talvez” tenha nascido no Brasil depois de um grito dado às margens de um rio paulista, cujo nome é citado no hino nacional.
Mas, para agradar aqueles que sempre se consideram “doutores de todas as matérias”, vale citar que a palavra civismo vem do latim (“civis” – cidadão + ismo), podendo ser traduzido como o amor que o cidadão comum, com ou sem vínculo com governos, dedica aos valores maiores da sua nação. É a virtude de bom cidadão que cumpre com seus deveres e exerce seus direitos como membro integrante e partícipe da sociedade.
Indo direto ao assunto, vale tentar explicar mesmo é no “popular”. Civismo é pagar corretamente os impostos e ter o retorno por parte dos governantes. É lamentar as perdas e comemorar conquistas de uma cidade, seja pelas mãos de quem for. É cobrar e também aplaudir as ações positivas. É respeitar o professor na sala de aula e cumprir a missão de educar também em casa. É limpar a própria calçada e não sujar o quintal do vizinho. É baixar o som depois das 10 da noite. É sugerir uma solução antes de criticar um problema.
Civismo é primeiro recriminar o vândalo que quebrou o banco da praça, para somente depois exigir providências por parte do poder público. É respeitar o direito do idoso de atendimento prioritário em agências bancárias e loterias. Mas é também o idoso usar deste direito somente para receber os próprios benefícios e não para pagar as contas do filho que fica dentro do carro “aproveitando-se da situação”. É jogar o lixo no lixo, respeitar a faixa de pedestre e o pedestre também ter o bom senso de não decidir atravessar a rua quando o carro está a menos de 2 metros da faixa, como acontece em Muzambinho.
Civismo é participar da vida da comunidade, sempre contribuindo com idéias e não apenas com críticas. É o vereador ou deputado votar “sim” ou “não”, evitando a covardia da “abstenção”. Ao mesmo tempo, é depositar o voto na urna eletrônica, seja para quem for. Que me perdoem alguns, mas votar em branco ou anular o voto é falta de inteligência, personalidade, comprometimento e cidadania. E depois ainda chegam ao cúmulo de cobrar de quem não lhes prometeu nada.
Mas também é preciso reconhecer que o Brasil ainda precisa de muitos “gritos” para que o povo seja independente. Civismo? Existe sim! Não nas chuteiras milionárias dos mitos ou lendas do futebol. Fenômenos foram poucos e no momento estão escassos. Mas existem alguns “craques” sem pernas, braços e visão. Nas Paraolimpíadas de Londres, os verdadeiros heróis brasileiros conquistaram 21 medalhas de ouro, 14 de prata e 08 de bronze. E o Brasil ficou em 7º lugar na classificação geral, acredite, à frente da Alemanha. Achei muito interessante uma publicidade na televisão sobre o “cidadão invisível” mostrando pessoas com necessidades especiais ignoradas nos pontos de ônibus e outros locais públicos. Podem até ser invisíveis, com as lentes do civismo é possível ver o brilho de suas medalhas conquistadas nas lutas diárias.
Enquanto isso, a Seleção Brasileira de Futebol jogou no feriado de Sete de Setembro, sem empolgar ou encher o peito de orgulho verde a amarelo. Depois, goleou os comerciantes chineses da 25 de março por 8 a 0. Faz me rir! Viva o Brasil! “Viva”, Brasil!
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Jornalista MTB nº. 17539 MG